O Salão do Conhecimento da Unijuí acontece apenas no mês de outubro, entre os dias 24 e 28, no formato híbrido, mas a expectativa entre os participantes é grande - especialmente entre aqueles que submeteram trabalhos e aguardam pela divulgação dos aprovados. É o caso de Alexa Fagundes dos Santos, acadêmica do curso de Psicologia, que desde 2018 participa de todas as edições.
“Neste ano, submeti dois resumos expandidos. O primeiro tem como temática a Teoria da Atividade, que parte da Psicologia Histórico-Cultural; e o segundo tem como eixo norteador questões sociais da Psicologia, inerentes às pessoas em situação de rua”, explicou a estudante, que há três anos participa como bolsista CNPq de um projeto de Iniciação Científica. Ela já carrega a experiência de outras apresentações no Salão do Conhecimento e vê de forma positiva as avaliações recebidas por parte dos professores. “As avaliações contribuíram algumas vezes para reavaliar potencialidades e fragilidades na produção. Torna-se essencial um outro olhar sobre a escrita, um olhar crítico e carregado de elementos teóricos”, afirmou.
Para Alexa, a participação no Salão do Conhecimento permite aos acadêmicos - e à comunidade em geral - entrar no campo das ideias, onde a pesquisa está alicerçada de forma intencional e focada. “A experiência é indescritível para a formação acadêmica. Temos uma formação que se volta para a busca incessante de respostas e que soma-se à construção de novos questionamentos, possibilitando ao sujeito a elaboração do pensamento crítico”, disse, lembrando que para os estudantes que buscam seguir na pós-graduação, a participação em eventos como este é fundamental para o currículo ou para ampliar os conhecimentos na profissão escolhida.
Além do Salão, Alexa submete produções em periódicos de nível nacional. Tanto a participação no projeto quanto nos eventos colaboraram para que a estudante tivesse o interesse e o envolvimento com a pesquisa. “Nesse sentido, toda a minha formação acadêmica caminha para essa área, sendo a próxima etapa a pós-graduação”, finalizou.
Formada em Psicologia pela Unijuí, Fernanda Daniele de Assunção, que cursou a Graduação no campus Santa Rosa da Universidade, defendeu seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) no dia 20 de dezembro de 2021. Através de sua monografia, que tem como título “O processo de elaboração do luto perinatal”, ela buscou compreender o processo de luto no contexto da maternidade, sendo orientada pela professora Simoni Antunes.
A psicóloga conta que a escolha da temática partiu de indagações ao longo de seu percurso acadêmico acerca do feminino, em especial no que se referia à gravidez e aos processos psíquicos envolvidos nesse período. Já o estudo do luto surgiu em meio à pandemia, uma vez que a sociedade vivia esse contexto diariamente. “Isso me fez pensar nas gestantes, um dos grupos mais afetados durante a pandemia”, ressalta Fernanda. Contudo, o trabalho não focou especificamente na situação pandêmica, mas no entendimento desse processo em situações de perdas que acompanham as mulheres desde os primórdios da vida humana.
A pesquisa consistiu em uma investigação bibliográfica em relação à elaboração do luto materno no período perinatal. “Para o estudo ser viabilizado, foi realizada uma contextualização histórica do papel da mulher na sociedade e na maternidade, trabalhando com conceitos de luto de Freud, Preocupação Materna Primária de Winnicott e trazendo contribuições do termo perinatalidade, trabalhado por Vera Iaconelli”, relata Fernanda.
Os resultados da pesquisa indicam que o luto não elaborado pode trazer danos ainda maiores ao sujeito que passa por esse momento de dor e sofrimento, sendo necessário vivenciar a perda. “É fundamental que esse tema seja acolhido e abordado, levando em consideração que esse tipo de perda é enfrentado por várias mulheres que vivem o luto de forma silenciosa, o que pode não ser compreendido como uma perda significativa”, esclarece a psicóloga.
De acordo com Fernanda, o profissional da Psicologia deve trabalhar para prevenir futuras psicopatologias que podem estar associadas à perda de um bebê, além de prestar elucidações e atenção ao paciente. “O trabalho deve ser realizado não apenas com as mães, mas também com a rede de apoio delas e a equipe de saúde. É necessário que esse trabalho ocorra de maneira que possibilite uma restituição da saúde mental e reestruturação psíquica para aqueles que passam pelo momento de luto”, completou Fernanda.
Na noite desta terça-feira, 16 de agosto, acadêmicos e professores do curso de Psicologia da Unijuí acompanharam a palestra promovida pelo Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul (CRPRS), de forma online, alusiva aos 60 anos de regulamentação da psicologia como ciência e profissão no País. A transmissão foi realizada para o público junto ao Centro de Eventos da Universidade.
Conforme destacou a presidente do CRPRS, Ana Luiza de Souza Castro, a comemoração acontece em meio a uma crise social, ao desmonte das políticas públicas e ao aumento assustador dos crimes de ódio, racismo e feminicídio no Brasil, além da volta dos manicômios. “Grandes valores da psicologia estão sob ataque. Mas, como a história da psicologia não foi linear até agora, esperamos uma situação melhor para o futuro”, destacou a presidente, reforçando que o evento teve o intuito de contar a história da psicologia, especialmente para os estudantes, falar do presente e propor novas ações para os próximos anos.
O tema “60 anos da Psicologia: produzir e resgatar histórias para construir o futuro que queremos!” foi abordado pela psicóloga clínica Céu Silva Cavalcanti, doutoranda em Psicologia e conselheira do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro; pela psicóloga e psicanalista Sandra Fagundes, mestre em Educação e professora do mestrado em Saúde Mental da Universidade Nacional de Córdoba, na Argentina; pela psicóloga Maria Luiz Pereira, mestre em Saúde Coletiva e doutoranda em Psicologia Social e Institucional; e Thaíse Mendes Farias, psicóloga clínica, doutoranda em Psicologia Clínica.
A egressa do curso de Psicologia da Unijuí, Jociane Marthendal Oliveira Santos, publicou recentemente dois livros, resultados de suas pesquisas. As obras “O estágio curricular supervisionado em cursos de graduação em psicologia: avaliação sobre a implementação da política” e “ O lugar dos pais no tratamento clínico com crianças” serão lançadas em uma live no YouTube, no dia 26 de maio, a partir das 9h.
Jociane atualmente é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade São Carlos (UFSCar), e o livro “O estágio curricular supervisionado em cursos de graduação em psicologia: avaliação sobre a implementação da política” é fruto de sua dissertação de mestrado concluída em 2020, pela mesma instituição.
De acordo com a autora, a pesquisa teve como intuito contextualizar o estágio curricular supervisionado no Brasil. “O objetivo geral foi analisar o processo de implementação dos estágios curriculares supervisionados (ECS) nos cursos de graduação em Psicologia, considerando a visão de coordenadores e professores supervisores de estágios das instituições selecionadas”, afirma.
O livro "O lugar dos pais no tratamento clínico com crianças" é um manual para estudantes e psicólogos iniciantes em práticas clínicas com crianças. "Nela, apresento uma proposta de trabalho a ser realizada com os estudantes, com o diferencial de disponibilizar fragmentos de dois casos, para análises que podem ser feitas em sala de aula", explica.
Para acompanhar a transmissão do lançamento dos livros acesse youtu.be/di3UnIvrXis. As obras já estão disponíveis para compra no site da editora CRV.
Gabriel R. Jaskulski, acadêmico de Jornalismo da Unijuí
Docentes da Unijuí compartilham experiências
Importantes transformações nas relações sociais, humanas, culturais, econômicas e trabalhistas foram percebidas desde o início da pandemia causada pelo Covid-19. Por muito tempo ouviu-se o “reinventar-se” como palavra de ordem e, realmente, a sociedade, os indivíduos, as instituições de ensino, as necessidades do mercado de trabalho, o mundo mudou. Por trás destas ágeis e, forçadas mudanças, pessoas e a preocupação com a sua saúde mental.
Neste contexto, o profissional de Psicologia, que também enfrentou mudanças neste período, se fez ainda mais necessário. A área já permitia atendimentos online, e os psicólogos se depararam com uma realidade em que a modalidade precisou ser intensificada. Para muitos, por um longo período, estes foram os únicos tipos de atendimento. O fato é que, muitas pessoas continuaram ou, até mesmo, ampliaram seu sofrimento psíquico, além das que entraram para esta mesma situação.
A coordenadora do curso de Psicologia da Unijuí campus Santa Rosa, Simoni Fernandes, destaca que a construção da identidade profissional do psicólogo, passa por intensos debates coletivos, devido a amplitude de atuação. “Trabalhamos em diferentes áreas e, a pauta da saúde mental talvez seja a mais evidenciada, especialmente pelas consequências psicossociais da pandemia. A ausência de políticas públicas efetivas para enfrentamento de desigualdade social talvez tenha agravado ainda mais essa situação”, afirma a docente.
Simoni também destaca que, assim como a iniciativa dos atendimentos online facilitou, ainda existe uma parcela da população sem acesso às tecnologias. A modalidade de acompanhamento deve ser acordada entre o psicoterapeuta e o paciente, devido a importância da presença física em determinados momentos. "Possibilitar espaços, sejam virtuais ou físicos, para ressignificação das angústias desses novos tempos, é um grande desafio em nossa profissão. Trabalhar com as frustrações, as perdas pós-pandemia e os sofrimentos psíquicos mais diversos, oriundos de processos sociais, é o nosso grande desafio”, acrescenta a professora.
Sônia Fengler, coordenadora do curso de Psicologia da Unijuí campus Ijuí, acredita que os atendimentos virtuais devem permanecer. “Se for regido pelo sigilo necessário, pela ética e competência profissional e, respeitando as possibilidades específicas e a singularidade de cada paciente, o online é possível e bem-vindo. Ele fica para que possamos passar por dificuldades e complexidades que nos impõem limites no presencial”, afirma a docente.
A Graduação Mais da Unijuí, lançada em 2021, também é um reflexo desta transformação necessária para que os estudantes, futuros profissionais, estejam ainda mais próximos de situações e desafios reais e imprevisíveis. “Nossos estudantes desenvolvem habilidades que correspondem a esse novo cenário, eles são oriundos desse novo cenário. Por isso, precisam dar conta das sequelas que virão e vão se manter. Teremos pela frente uma geração que precisará de acolhimento, de escuta e retorno ao presencial com muito cuidado. Nossa formação está muito atenta a esse novo contexto da sociedade”, complementa a docente.
Camila Eduarda Weber, recém-formada no curso de Psicologia da Unijuí campus Santa Rosa, trabalhou uma importante temática social para a região, em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). “À margem de uma significação: a transmissão da língua materna do imigrante colono alemão no Brasil e os não ditos em face ao suicídio”, aborda questões históricas e culturais relacionadas à visibilidade de descendentes de alemães que, em muitos casos, levam ao suicídio.
A egressa explica que as marcas iniciam ainda com os imigrantes, que vieram para uma sociedade diferente, longe da língua materna, em alguns momentos até mesmo impossibilitados de falarem sua língua e, é neste momento que acontece uma parte do silenciamento. “Municípios brasileiros de colonização alemã apresentam, atualmente, índices de suicídio extremamente elevados, considerados os mais expressivos do país. Esse ato que atravessa a história da humanidade tem sido relacionado, na contemporaneidade, às produções sociais de um determinado núcleo comunitário”, afirma Camila.
Em seu TCC, Camila também explica que os imigrantes alemães estavam à margem da sociedade já em seu país de origem, levando-os a migrar. No Brasil, essa situação permaneceu, principalmente pela dificuldade de comunicação, por falarem uma língua diferente. “O suicídio, sanciona definitivamente esta margem, tal como expresso quando os imigrantes colonos alemães pronunciam ‘neben henken’, para representar o suicídio, que traduzindo significa ‘pendurar ao lado’. No entanto, este sujeito fica à margem até mesmo após a sua morte, uma vez que era costumeiro enterrar quem cometia suicídio, em um canto do cemitério ou até fora dele”, destaca a recém-formada.
Outro dado importante que Camila aponta em sua pesquisa, por exemplo, é referente às últimas informações divulgadas pelo Ministério da Saúde, sobre o assunto. Os dados referentes ao ano de 2019 e divulgados em 2021, apontam o Rio Grande do Sul como o estado com a maior taxa de tentativas de suicídio bem-sucedidas. para cada cem mil habitantes, foram 11,8 casos e, a região sul também é apontada com os maiores índices, entre as regiões do país.
A psicóloga destaca também, que sempre teve como objetivo, que sua pesquisa não colaborasse apenas com a comunidade acadêmica ou científica, mas que fosse uma contribuição social. “Eu abordei um silenciamento, uma impossibilidade de dizer, e a minha escrita tentou quebrar com isso, mesmo que minimamente. Eu busquei trazer uma contribuição que produzisse um sentido para essas pessoas. Não há sofrimento humano maior do que aquele que é silenciado, e, portanto, esse sofrimento só pode ser suportado e superado quando trocado por palavras”, finaliza Camila.
Atualmente, Camila dá continuidade à pesquisa sobre o tema, no Mestrado em Desenvolvimento e Políticas Públicas - linha de pesquisa Estado, Sociedade e Políticas de Desenvolvimento, da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).
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