A Fidene/Unijuí, por meio do Mestrado em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade, firmou uma parceria com a empresa Nutriplanta para validação de produtos orgânicos em manejos mais qualificados à redução de agrotóxicos no cultivo da aveia. A Nutriplanta é uma empresa ijuiense, que atua há 30 anos no segmento de produtos agrícolas.
O Noroeste do Estado, região de excelência nacional na produção de alimentos, vem fortalecendo cada vez mais a pesquisa, buscando avanços científicos e tecnológicos para qualidade ambiental e segurança alimentar na cadeia de produção.
A parceria vincula-se à pesquisa da mestranda Karin Coppetti, aluna do programa, que está desenvolvendo o projeto “Habilidade competitiva pela densidade de semeadura e regulador de crescimento organomineral: uma alternativa ao uso de agrotóxicos no controle de invasoras e uniformidade de colheita com redução do acamamento no cultivo da aveia”.
Para Nadir Provenci, diretor proprietário da Nutriplanta e parceiro da Unijuí, a possibilidade de interagir com esse projeto é gratificante. "Isso porque na empresa buscamos o equilíbrio nutricional da planta, através do conhecimento e de tecnologias para uma agricultura cada vez mais moderna, rica, qualificada e em harmonia com o meio ambiente. Além de colaborar com o estudante em desenvolver suas habilidades e poder ajudar alunos, colegas e todo o segmento agro", disse.
Vários projetos vêm sendo desenvolvidos pelo Programa de Mestrado, trazendo a forte ligação Universidade-Empresa e problemas que estão diretamente ligados à cadeia de produção, buscando processos mais limpos e sustentáveis. Segundo o coordenador do Programa, professor José Antonio Gonzalez da Silva, considerando apenas os estudantes que ingressaram em 2021, mais de 50% têm bolsa e projetos financiados por empresas parceiras. Portanto, pesquisas que buscam fortes avanços em todos os quesitos e trazem elementos de melhoria das técnicas de manejos, processos de maior cuidado do solo, água, ar e alimentos, redução de uso de agrotóxicos, segurança alimentar, geração e transformação de novos produtos e possibilidade de estudos aprofundados nas cadeias de produção buscando melhoria de eficiência e novas perspectivas. O coordenador comenta que esta relação Universidade-Empresa vem sendo cada vez mais fortalecida. Isto porque o rigor técnico-científico e a qualidade das pesquisas mostram o potencial de pesquisadores da Universidade na busca do aprofundamento dos problemas e geração de soluções.
Hoje, setores público e privado percebem a Unijuí como uma Universidade diferenciada, capaz de trazer estreita relação da realidade e seus problemas regionais, tendo como foco o desenvolvimento socioambiental do Noroeste do Rio Grande do Sul.
O Mestrado em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade tem como objetivo formar pesquisadores com visão sistêmica e multidisciplinar, capazes de compreender as inter-relações entre o ambiente, a sociedade e a tecnologia; participar de forma crítica e reflexiva no desenvolvimento regional, considerando os princípios e valores da sustentabilidade, gerando tecnologias apropriadas aos sistemas produtivos locais; promover a produção de conhecimentos na área do meio ambiente em geral, bem como, no campo do diagnóstico e da solução de problemas de interesse socioambiental.
O Programa está com edital aberto para seleção de novos estudantes para o curso de Mestrado. Estão sendo ofertadas 25 vagas. As inscrições podem ser realizadas pelo site unijui.edu.br/ppgsas, mediante preenchimento de formulário eletrônico e entrega dos documentos necessários, até o dia 6 de dezembro.
Nesta terça-feira, 21 de setembro, o Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade abriu processo seletivo para o curso de Mestrado. Estão sendo ofertadas 25 vagas. As inscrições podem ser realizadas pelo site unijui.edu.br/ppgsas, mediante preenchimento de formulário eletrônico e entrega dos documentos necessários, até o dia 6 de dezembro.
Recomendado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) na área de Ciências Ambientais, o programa possui duas linhas de pesquisa: Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, que busca apreender o processo de desenvolvimento a partir do espaço natural e do histórico de ocupação e uso; e Qualidade Ambiental em Sistemas Produtivos, que visa o aprofundamento científico na construção de processos inovadores voltados à prevenção e solução de problemas socioambientais.
O curso de Mestrado em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade destina-se a profissionais graduados nas áreas de Ciências Ambientais, Agrárias, Biológicas, da Saúde, Sociais, Química, Engenharias, Tecnológicas Aplicadas e/ou áreas correlatas. Os candidatos passarão por duas etapas no processo seletivo, sendo a primeira análise do curriculum vitae ou lattes, e a segunda entrevista e discussão da intenção de pesquisa.
A documentação necessária e outras informações podem ser obtidas junto à Secretaria do Programa, pelo telefone 55 3332-0417, pelo e-mail ppgsas@unijui.edu.br ou pela página unijui.edu.br/ppgsas, onde consta o Edital completo.
Na última sexta-feira, dia 10 de setembro, acadêmicos da disciplina de Seminários Interdisciplinares do Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade (PPGSAS) da Unijuí contaram com a participação do professor doutor Jairo Schmitt, coordenador adjunto da área de Ciências Ambientais da Capes na Feevale, em Novo Hamburgo. No encontro foi abordado o tema “Ciências Ambientais e suas abordagens interdisciplinares”, tópico diretamente relacionado ao objetivo central que move as pesquisas realizadas pelos estudantes e professores pesquisadores ligados ao PPGSAS.
O professor Jairo, em sua apresentação, buscou explicar de forma detalhada todos os fatores envolvidos em um programa de pós-graduação, com ênfase àqueles voltados à integração das mais distintas áreas de conhecimento, ou seja, os programas de formação multidisciplinar. Isto porque o objetivo central do PPGSAS da Unijuí é a formação de pesquisadores com visão sistêmica e multidisciplinar, capazes de compreender as inter-relações entre o ambiente, a sociedade e a tecnologia. Além disso, busca contribuir para que estes pesquisadores possam participar de forma crítica e reflexiva no desenvolvimento regional, considerando os princípios e valores da sustentabilidade, gerando tecnologias apropriadas aos sistemas produtivos locais, promovendo a produção de conhecimentos na área do meio ambiente, bem como no campo do diagnóstico e da solução de problemas de interesse socioambiental.
Destaca-se como temática do encontro a abordagem interdisciplinar, condição que é essencial quando se busca agregar a análise do ponto de vista das mais distintas áreas do conhecimento, permitindo que as pesquisas desenvolvidas consigam resolver desde problemas mais simples até os mais complexos. Segundo Jairo, “esse tipo de abordagem faz essa análise dos sistemas ecológicos interconectados com os sistemas naturais, que é a chave para a sustentabilidade”. A discussão voltada a esse tema foi essencial como forma de aprofundar ainda mais o entendimento dos acadêmicos quanto à importância de estarem inseridos em um programa de pós-graduação que promove este tipo de abordagem. Sabe-se que as mudanças provocadas ao longo dos anos têm levado à necessidade de formação de pesquisadores com uma visão mais ampla, capazes de resolverem problemas mais complexos. Esta condição leva a uma maior inserção na sociedade, junto a melhores oportunidades no campo profissional. O professor Jairo destacou, ainda, que o conhecimento disciplinar adquirido durante a graduação também é essencial e a busca pela interdisciplinaridade na pós-graduação prepara o profissional para obter êxito na solução dos problemas mais complexos.
Durante o encontro, o convidado buscou apresentar uma contextualização do crescimento do número de programas de pós-graduação voltados à área de Ciências Ambientais. Em 2011, havia em torno de 56 programas com foco na área das Ciências Ambientais, enquanto em 2019 este número passou para 137. Este resultado deixa clara a maior demanda aos programas voltados à interdisciplinaridade das Ciência Ambientais e como os resultados são promissores em vista da criação destes novos programas.
Outro fator chave é a necessidade de divulgação dos resultados obtidos através das pesquisas desenvolvidas. Este fato colabora para que os problemas encontrados ou demandados pela sociedade sejam realmente solucionados, podendo também haver a utilização de outros meios de divulgação. Conforme frisou Jairo, a Unijuí é uma universidade comunitária, condição que demostra a ligação e comprometimento que a instituição tem com a sociedade como um todo, sendo de extrema importância para a região em que está inserida. Isso se baseia no incentivo que a universidade proporciona para que sempre seja possível a ligação entre a pesquisa e a extensão. Esta realidade é que tem permitido o desenvolvimento de pesquisas sérias e que trazem resultados reais a todos os membros da sociedade. Destaca-se que o sucesso no desenvolvimento das pesquisas, bem como a apresentação de resultados promissores, só é possível devido à complexidade envolvida nos programas de pós-graduação com objetivo interdisciplinar. Aliado a isso, a participação de professores das distintas áreas do conhecimento é condição indispensável para o sucesso da construção de pesquisas voltadas à interdisciplinaridade.
Ao final da apresentação, abriu-se uma discussão. O debate contou com a participação dos estudantes, que relataram suas experiências e visão por estarem inseridos no Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade. “É muito interessante a convivência que a gente tem com colegas de outras formações, de outras áreas. Juntos conseguimos construir projetos que são incríveis, apresentando os resultados encontrados à sociedade”, relatou uma das estudantes que está matriculada na disciplina.
A visão ecossistêmica presente durante o debate ocorrido ao final da apresentação do professor Jairo faz parte das características e aspectos para fortalecer o planejamento e gestão dos programas de pós-graduação visando a inserção do tema sustentabilidade. Aliado a isso, como considerações finais, o professor destacou a necessidade de se considerar temas emergentes, a interdisciplinaridade, a transparência e a construção de projetos coletivos, condições indispensáveis à manutenção dos programas de pós-graduação com foco na multidisciplinariedade.
A atividade fez parte da disciplina de Seminários Interdisciplinares, coordenada pelos professores Roberto Carbonera e José Antônio Gonzalez da Silva. A mesma contou com as presenças da professora Sandra Beatriz Vicenci Fernandes e do professor Daniel Rubens Cenci, que são do quadro de professores permanentes do programa.
Por Natiane Ferrari Basso, estudante do PPGSAS
A Unijuí, em parceria com a empresa Dubai Sementes, realizará no dia 9 de setembro o 3º Dia de Campo da Aveia Branca - Inovações tecnológicas para boas práticas de cultivo. O evento ocorrerá no Instituto Regional de Desenvolvimento Rural (IRDeR), no município de Augusto Pestana, a partir das 8h15.
Segundo Claudia Argenta, engenheira agrônoma egressa da Unijuí e uma das organizadoras do evento, o intuito é que os estudantes presenciem a prática e entendam a importância desse cereal na nossa região. “Através do Dia de Campo, os acadêmicos conseguem interagir com os produtores e aumentam o contato com a área em estudo,” comenta.
Os participantes serão os acadêmicos dos cursos de Agronomia e Medicina Veterinária, além dos estudantes dos Programas de Pós-graduação Stricto Sensu em Modelagem Matemática e Computacional e Sistemas Ambientais e Sustentabilidade. O evento será dividido em estações, para que todos os participantes tenham a oportunidade de visitar as experiências e trabalhos dos outros acadêmicos.
A Estação 1 trabalha o tema “Zoneamento e indutor de resistência: produtividade e redução de fungicida”. As Estações 2, 3 e 4 trazem os temas “Desempenho agronômico de cultivares de aveia”; “Manejo da densidade de semeadura'' e “Manejo do nitrogênio”, respectivamente. Na Estação 5, será apresentada a “Biofortificação agronômica via foliar”; na Estação 6, o “Programa de melhoramento genético da aveia/Unijuí'' e, na última, a “Viabilidade e o manejo da Aveia orgânica”.
“Visto a importância da aveia branca, um dos principais objetivos é informar o produtor rural, além de apresentar novas técnicas de manejo testadas em campo, novas cultivares e novos experimentos que visam reduzir o uso de fungicidas, inseticidas e herbicidas, a fim de obter maior produtividade com sustentabilidade”, finaliza Claudia.
Gabriel R. Jaskulski, estagiário de Jornalismo da Unijuí
Neste mês, o estudante de origem senegalesa, Mamadou Boye Diallo, defendeu sua dissertação de Mestrado sob o título “Análise da sustentabilidade da agricultura sob a abordagem dos sistemas agrários no município de Santo Antônio das Missões da Macrorregião Missioneira do Rio Grande do Sul”, junto ao curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade da Unijuí. A banca examinadora foi constituída pelos professores doutores Roberto Carbonera, orientador - PPGSAS/Unijuí; Sandra Beatriz Vicenci Fernandes, coorientadora - PPGSAS/PPGD; Lovois de Andrade Miguel - PGDR/UFRGS e Maria Margarete Baccin Brizolla - PPGDR/Unijuí.
A dissertação teve por objetivo analisar e diagnosticar a sustentabilidade da agricultura do município de Santo Antônio das Missões, localizado na Macrorregião Missioneira do Estado, e propor linhas estratégicas de desenvolvimento agrícola. Sua realização justificou-se pela constante dinâmica e transformação que ocorre na agricultura. O estudo foi realizado com base na teoria de sistemas agrários e compreendeu diversas etapas: leitura da paisagem; entrevistas semiestruturadas junto a unidades de produção; análise técnica, econômica, social e ambiental dos principais sistemas de produção; e proposições de estratégias de desenvolvimento.
Como principais resultados, evidenciaram-se regiões com diferenças agroecológicas marcantes: acentuada expansão do cultivo de soja, diminuição brusca da produção leiteira e redução sensível da pecuária de corte e ovinocultura, com elevadas repercussões sociais, econômicas e ambientais em área do bioma pampa. Foram caracterizados 12 tipos de sistemas de produção e cinco casos emergentes, que representam a diversidade técnica e socioeconômica da agricultura.
Entre os tipos, três são patronais, três são familiares de grande porte, dois são familiares de médio porte, três são familiares de pequeno porte e um é familiar minifundiário. Entre os casos emergentes, um é patronal, um é familiar de grande porte, dois são familiares de pequeno porte e um é minifundiário. Os pecuaristas familiares de pequeno porte e os minifundiários possuem maior dificuldade de atingir o nível de reprodução social, de um salário mínimo mensal por unidade de trabalho proveniente das atividades agrícolas, mais o 13º salário. Mesmo havendo uma diversificação das atividades, há elevada dependência da cultura da soja para muitos produtores.
Diante dos resultados obtidos, seria necessário criar linhas de estratégicas visando beneficiar os tipos de agricultores familiares com produção de grãos em baixa escala; os agricultores familiares com produção de leite pouco intensiva e os agricultores familiares que apresentam elevada dependência na cultura da soja, por apresentarem dificuldade de obter o nível de reprodução social. Pois, caso contrário, podem abandonar as atividades agropecuárias.
Na última quinta-feira, dia 24 de junho, ocorreu a defesa da dissertação da mestranda Silviane Koch no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade da Unijuí. A banca examinadora foi constituída pelos professores doutores Geraldo Ceni Coelho, da Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS - Chapecó/SC); Nelson Lima, da Universidade do Minho, em Braga/Portugal; José Antonio Gonzalez da Silva, coorientador; e Vidica Bianchi, orientadora da dissertação.
A dissertação intitulada “Qualidade da água e riqueza da vegetação arbórea nativa entorno de um banhado urbano” foi realizada com o objetivo de investigar o estado de conservação de um banhado urbano de Ijuí. A avaliação da qualidade da água contou com a colaboração da professora Alcione Aparecida de Almeida Alves, da Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS - Cerro Largo).
A pesquisa possibilitou identificar as principais fontes de poluição do banhado. A origem do problema reside, em parte, no desconhecimento da importância desse ambiente pela população em geral. Também, pelo descaso dessa mesma população e do poder público. Foi possível identificar que a vegetação arbórea no entorno do banhado não é vegetação remanescente como se suspeitava, mas, sim, estágio sucessional das espécies. Os resultados apontam que o comprometimento da qualidade da água do banhado é resultado, pelo menos em parte, da ação antrópica da população circunvizinha. Em linhas gerais, percebe-se que a conservação do banhado está comprometida e ações de revitalização precisam ser implementadas, a fim de que a degradação completa desse ecossistema não venha a acontecer.
A dissertação indica para a continuidade dos estudos, por serem fundamentais para obtenção de dados, a fim de compará-los e certificá-los. Também abre caminhos para ações de educação ambiental, necessárias para elucidar a importância do banhado e para promover atitudes em relação à sua conservação.
Interessados em concorrer a uma vaga no curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade da Unijuí têm até esta sexta-feira, dia 2 de julho, para se inscrever no endereço unijui.edu.br/ppgsas, no menu lateral Processo Seletivo e Matrículas. Ao todo, são ofertadas 10 vagas. As aulas estão previstas para ter início no mês de agosto.
O programa dedica-se à pesquisa com visão sistêmica e multidisciplinar e busca analisar e compreender as relações entre sistemas naturais e produtivos, abordando as dimensões ambientais, sociais, econômicas, culturais e produtivas, visando a geração de conhecimento para solucionar ou minimizar os impactos negativos gerados pelo desenvolvimento.
Os candidatos podem optar por uma das duas linhas de pesquisa: Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável ou Qualidade Ambiental em Sistemas Produtivos. Eles passarão por duas etapas no processo seletivo, sendo a primeira análise do curriculum vitae ou lattes, entrevista e discussão da intenção de pesquisa.
Para este edital serão concedidas até cinco bolsas financiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) para atuação em pesquisa, com tempo máximo de duração de 24 meses. O processo de seleção dos bolsistas será realizado por meio de edital específico, a ser realizado após a matrícula. É condição para concorrer ao processo seletivo de bolsas estar regularmente matriculado no curso.
Mais informações pelo e-mail ppgsas@unijui.edu.br, telefone 3332-0420 ou 3332-0200, Ramal 3331.
Neste mês, a disciplina de Agrotóxicos na Saúde e no Meio Ambiente, do Programa de Mestrado em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade da Unijuí, contou com mais uma participação especial. Participou da aula a doutora em Epidemiologia, pós-doutora em Estudos da Criança pela UMinho (Universidade de Portugal), Iara Denise Endruweit Battisti, a convite do professor doutor Roberto Carbonera. Iara teve uma longa trajetória na Unijuí. É egressa do curso de Informática (1996), foi docente nas disciplinas de Estatística e Bioestatística nos cursos de graduação da área da Saúde até o ano de 2009 e hoje atua como professora associada na UFFS (Universidade Federal da Fronteira Sul), campus de Cerro Largo/RS.
Dentro das suas pesquisas, o foco está voltado para a exposição ocupacional a agrotóxicos e saúde humana. Iara trouxe estudos de sua autoria ou orientação, que mostram dados referentes à periculosidade que os agrotóxicos causam à saúde, tanto do trabalhador agrícola quanto aos seus familiares.
Inicialmente, trouxe uma estimativa da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), do ano de 2015, que apontou que cada pessoa consumia o equivalente a 7,3 litros de agrotóxicos por ano, ou seja, este é o volume de produtos utilizados proporcional por habitante. Essa estimativa é uma crescente e até o presente ano o consumo de agrotóxicos no Brasil só aumenta. O País é líder mundial no consumo de agrotóxicos, sendo o Rio Grande do Sul o estado que mais se destaca na utilização deste produto.
Outro dado relevante apresentado foi a descrição dos agrotóxicos que são comercializados no Brasil, mas que não são autorizados à comercialização na União Europeia (UE). Esses agrotóxicos deixam resíduos na água, no milho, no arroz, e comparado com os dados da UE, os limites permitidos no país são duas vezes maiores. Já em comparação com a soja, o nível de resíduos de glifosato é 200 vezes maior.
Quando associado o consumo de agrotóxicos à saúde humana, o Inca (Instituto Nacional do Câncer) lista alguns que podem causar danos à saúde, desenvolvendo alterações e doenças nos mais variados sistemas funcionais do organismo, como, por exemplo, alterações neurológicas, endócrinas, depressão, comprometimento auditivo, respiratório, além dos mais diferentes subtipos de câncer.
Iara traz uma preocupação especial aos impactos que os agrotóxicos trazem à saúde da criança. A exposição para os pequenos acontece através da manipulação ou ingestão de alimentos e/ou água, pela manipulação de objetos que foram utilizados na aplicação de agrotóxicos, por residirem próximo a plantações, e ainda na desinsetização doméstica. Nesse sentido, a pesquisadora realizou uma revisão integrativa sobre agrotóxicos e saúde da criança, com busca de artigos científicos na base de dados Pubmed. Foram encontrados 285 artigos que atendiam aos critérios de inclusão, dentre estes, 32 foram selecionados. Dos selecionados, 10 eram da América do Sul e apenas 5 artigos brasileiros. Nessa pesquisa, Iara investigou os métodos usados na intoxicação de crianças e quais os principais agravos constantes da contaminação. Dentre os principais comprometimentos elencados no estudo, destacam-se as intoxicações, danos citogenéticos, danos congênitos, efeitos neurológicos, danos respiratórios, disfunção endócrina e leucemia, todos associados à exposição aos agrotóxicos.
Relacionado à exposição ocupacional, no Brasil existem 1.681.001 estabelecimentos agrários, e desses 33,1 % usam agrotóxicos. Em relação ao Rio Grande do Sul, 256.099 estabelecimentos agrícolas são identificados, e destes 70,2 % utilizam agrotóxicos. Já na cidade de Ijuí, encontram-se 1.441 estabelecimentos agrícolas e destes 88,6% indicam usar agrotóxicos na função agrícola. A partir desses dados, gerou-se uma preocupação com a promoção da saúde dos agricultores do nosso município e a importância da implantação de políticas públicas que auxiliam na prevenção e cuidado aos problemas e agravos. Iara faz uma divisão dos problemas de saúde em agudos, subagudos e crônicos, e mostra estudos que enfatizam o uso de EPIs (equipamentos de proteção individual) como forma de prevenção a esses agravos.
Ainda como forma de atuação na promoção da saúde dos agricultores, cita a Norma Regulamentadora 7 (NR7), a qual prevê exames periódicos de sangue para controle de intoxicação e diagnóstico de intoxicação aguda. Porém, a norma traz algumas limitações, tendo em vista a pequena gama de produtos químicos que podem ser identificados na corrente sanguínea. A prevenção é a melhor forma de evitar complicações severas à saúde, e essa prevenção está relacionada a várias questões tanto de proteção individual quanto da conscientização coletiva para o uso indiscriminado de contaminantes.
A turma concluiu que os estudos da professora são extremamente relevantes e trouxeram uma grande contribuição para os mestrandos da disciplina, o que acabou gerando uma importante discussão e troca de conhecimentos, além da identificação da preocupação da pesquisadora com o tema e sua constante busca por mais dados e comprovações científicas que confirmem suas teses.
Daiana Zambonato
Liziane Kraemer
Mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade - PPGSA
Em continuidade ao ciclo de palestras da disciplina de Agrotóxicos na Saúde e no Ambiente, ofertada pelo Programa de Mestrado em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade da Unijuí, sob a coordenação do professor doutor Roberto Carbonera, foi proferida a palestra “Análise de resíduos de agrotóxicos: contribuições do Laboratório de Análises de Resíduos de Pesticidas (LARP) da UFSM”, pelo professor doutor Renato Zanella. O convidado é coordenador e responsável técnico do LARP, vice-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), líder do Grupo de Pesquisas em Análise Cromatográficas e pesquisador do CNPq na área de resíduos e contaminantes em alimentos e amostras ambientais.
Em seu relato, o professor Renato Zanella trouxe contribuições à turma de mestrandos, professores e demais estudantes da Universidade, discorrendo sobre a sua experiência junto ao LARP, na UFSM, e a importância das pesquisas e análises realizadas para a melhoria da qualidade do ambiente e dos alimentos. O LARP desenvolve e aplica métodos para determinação de agrotóxicos, medicamentos veterinários, hormônios, fármacos, PCBs, POPs, dentre outros, em diversas matrizes como hortigranjeiros, água, leite, carnes, peixes, cereais com a identificação e quantificação de resíduos e contaminantes. Neste contexto, presta serviços para órgãos oficiais, como a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Ministério Público Federal (MPF), empresas, agricultores e pesquisadores científicos que buscam o monitoramento sistemático de contaminações por agrotóxicos. Assim como desenvolve pesquisas científicas para identificar possíveis causas de problemas evidenciados em alimentos, água, animais e plantas.
Quanto ao uso de agrotóxicos, cada produto registrado e autorizado para aplicação possui na sua bula para quais cultivos pode ser aplicado e, a partir disso, tem-se por legislação o limite máximo de resíduo que poderá ter após a aplicação. Além disso, consta informações quanto à forma de utilização, dosagem de aplicação e o intervalo de carência, que representa o período de segurança, entre a aplicação e a colheita, que permite a redução dos resíduos de agrotóxicos a um nível seguro. A ocorrência de agrotóxicos nos alimentos e no meio ambiente é resultado de aplicações inadequadas e muito frequentes, dosagem excessiva, não observância do intervalo de carência para o consumo dos alimentos após a aplicação e da distância das áreas de proteção, deriva, volatilização, dentre outros fatores, conforme explicou Zanella.
Neste contexto, pode ocorrer a presença de resíduos de agrotóxicos em alimentos. Os agrotóxicos são autorizados para utilização e deixam resíduos do próprio princípio ativo do produto, bem como dos seus metabólitos, que representam os produtos da sua degradação após a aplicação nos cultivos. Por outro lado, encontram-se os contaminantes que são substâncias que não foram usadas intencionalmente nos alimentos. Dentre estes, encontram-se micotoxinas pela ação de fungos, metais oriundos dos próprios adubos químicos, dioxinas, bifenilos policlorados (PCBs), hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAH), dentre outros. Essas substâncias podem estar presentes nos alimentos como resultado das várias etapas de sua produção, embalagem, transporte, retenção ou podem resultar de contaminação ambiental.
Durante e após a aplicação dos agrotóxicos, dependendo do produto e/ou formulação, podem ocorrer até 20-30% de perdas por volatilização pelas ações do vento e do calor. Por esse motivo, normalmente são incorporados produtos que auxiliam na fixação e reduzem esse percentual. Além disso, pode ocorrer a deriva durante a aplicação pela ação do vento que desloca partículas de pesticidas pelo ar até uma superfície que lhe permite a deposição ou retenção. Os alimentos são produzidos no meio ambiente e agrotóxicos são utilizados para a sua produção, desta forma, não há como dissociar da contaminação do solo, do qual pela ação das precipitações pluviométricas intensas podem carrear essas substâncias tóxicas para a água, sendo solubilizadas ou não, dependendo dos compostos. Além disso, a própria água da chuva pode carrear partículas em suspensão no ar. Alguns estudos no estado do Paraná comprovam a presença de agrotóxicos no próprio ar através da análise de material particulado obtido em amostragens de filtros.
No Brasil, há mais de 500 princípios ativos de agrotóxicos registrados, dentre eles inseticidas, herbicidas e fungicidas. Os mais utilizados são o glifosato; 2,4-D que tem apresentado muitos problemas relacionados à deriva em videiras, oliveiras, macieiras; mancozeb; acefato; atrazina; paraquat e o imidacloprido, dentre outros.
Para a realização das análises, o LARP utiliza as técnicas Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas em série (GC-MS/MS) para a análise de inseticidas que são mais voláteis, e Cromatografia Líquida acoplada à Espectrometria de Massas em série (LC-MS/MS) para análise de herbicidas, fungicidas, fármacos e medicamentos veterinários. Quanto à realização das análises, as amostras são preparadas de acordo com o tipo de matriz, analisadas em equipamentos específicos e são identificados e quantificados os compostos presentes utilizando um padrão específico para cada um dos compostos que se deseja analisar na amostra.
Com relação ao monitoramento da qualidade ambiental, o professor Zanella destacou o trabalho com relação às análises relacionadas à presença de agrotóxicos em água para consumo humano, que seguem portarias nacional e estadual, que determinam a análise de agrotóxicos para avaliar a sua potabilidade. No entanto, para alguns compostos autorizados para aplicação na agricultura, não há especificação de limites máximos permitidos em água. Ainda, salienta que na comunidade Europeia os limites para qualquer agrotóxico são muito menores que os permitidos pela legislação brasileira, os quais possuem uma variação muito grande quanto à tolerância, desde valores muito baixos até muito elevados. Além disso, no Brasil, não há o limite máximo permitido para o somatório de agrotóxicos presentes em água para consumo humano, sendo que na comunidade Europeia o somatório deve ser menor ou igual a 0,5µg/L. Nos monitoramentos da qualidade de águas superficiais realizados em 2014 e 2015, foram detectados inseticidas, fungicidas e herbicidas em baixas concentrações. Dentre eles, destaca-se a atrazina que é detectada em quase todas as amostras analisadas no estado do RS.
Como resultado de seu trabalho na área científica, Zanella possui inúmeras publicações nacionais e internacionais a partir de análises em diferentes matrizes ambientais. Estes estudos demonstram a importância do monitoramento da qualidade dos alimentos e das águas com relação à presença de agrotóxicos visando a sustentabilidade da vida para as presentes e futuras gerações.
Márcia Sostmeyer Jung, Cleusa Maria Rossini, Daiana Zambonato
Mestrandas do Programa de Pós Graduação em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade - PPGSA, Unijuí.
Finalizam no dia 2 de julho as inscrições para seleção ao curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade da Unijuí. Interessados em concorrer a uma das 10 vagas devem se inscrever no endereço unijui.edu.br/ppgsas, no menu lateral Processo Seletivo e Matrículas.
Recomendado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) na área de Ciências Ambientais, o programa dedica-se à pesquisa com visão sistêmica e multidisciplinar e busca analisar e compreender as relações entre sistemas naturais e produtivos, abordando as dimensões ambientais, sociais, econômicas, culturais e produtivas, visando a geração de conhecimento para solucionar ou minimizar os impactos negativos gerados pelo desenvolvimento.
Os candidatos podem optar por uma das duas linhas de pesquisa: Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e Qualidade Ambiental em Sistemas Produtivos. Eles passarão por duas etapas no processo seletivo, sendo a primeira análise do curriculum vitae ou lattes, entrevista e discussão da intenção de pesquisa.
Para este edital serão concedidas até cinco bolsas financiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) para atuação em pesquisa, com tempo máximo de duração de 24 meses. O processo de seleção dos bolsistas será realizado por meio de edital específico, a ser realizado após a matrícula. É condição para concorrer ao processo seletivo de bolsas estar regularmente matriculado no curso.
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