A partir da Análise do Discurso, estudante de Letras avalia em TCC publicações da revista Science Daily - Unijuí

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Estudante do curso de Letras: Português e Inglês da Unijuí, Gabriela de Oliveira Zimmermann sempre se interessou pela Análise do Discurso - uma teoria que estuda o que está por trás do “não dito” dos enunciados. Foi então que, refletindo sobre ciência em algumas disciplinas, problematizou sobre como o discurso científico se evidencia através dos textos que popularizam a ciência. Essa questão deu vida ao seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que leva o título de “Análise Crítica do Discurso e Gramática Sistêmico-Funcional de Língua Inglesa: uma análise das metafunções ideacional, interpessoal e textual em artigos de popularização científica publicados na Revista Science Daily”, orientado pela professora Fabiana Kurtz da Silva.

“Como professora das linguagens, cujo um dos papéis é apresentar um conhecimento legítimo aos alunos, me propus, neste trabalho, a pesquisar sobre o texto de popularização científica, qual seu discurso e de que maneira ele é acessível ao público leigo, uma vez que a popularização da ciência a todos é pilar para uma sociedade mais justa e igualitária”, explicou a formanda, lembrando que, mesmo se tratando de um estudo da área das Ciências Humanas, a pesquisa demandou uma metodologia mista: isto é, pesquisa qualitativa (por meio da Teoria da Análise Crítica do Discurso) e quantitativa (quantificando os resultados a partir da análise dos elementos linguísticos das notícias). 

Em um primeiro momento, Gabriela analisou a revista Science Daily, um dos canais mais acessados de popularização científica em Língua Inglesa, quanto aos seus assuntos mais veiculados, seções e frequência. Depois, selecionou 16 textos relacionados à educação, analisando quais estratégias linguísticas os autores utilizavam para tornar aquele saber acessível ao público leigo. “Acerca dos resultados obtidos, foi possível perceber que, mesmo com muita produção científica, a área das Ciências Humanas é a que menos tem seus resultados divulgados, chegando, na revista analisada, a menos da metade das publicações nas áreas de Saúde e Tecnologia, por exemplo. Tal fato incentiva um discurso de inferiorização destes saberes, potencializa uma visão de que o saber das ciências humanas ‘não é tão científico assim’ ou até mesmo que, nesta área, ‘não se faz ciência’”, explica a formanda.

Sobre as notícias analisadas, a partir das escolhas linguísticas dos autores, Gabriela percebeu que, quando veiculados, os textos contam com elementos linguísticos que dão legitimidade à ciência, sendo predominantemente utilizados recursos como nomes técnicos dados à ciência e adaptados para a leitura do público leigo, além de depoimentos de autoridades científicas. “Portanto, sim, a escrita dos textos tem popularizado a ciência, mas na especificidade de alguns saberes, como as Ciências Humanas, evidencia-se um discurso, mesmo que não intencionalmente, que a exclui da grande massa de popularização”, reforçou.

“O curso de Letras foi transformador para mim. Sempre participei de projetos de extensão, como o Coral Unijuí, Traças Digitais e Ensino de Português como Língua Adicional para Estrangeiros. Parece que já estou sentindo falta de tudo isso, mas os ciclos terminam e espero que outros tão significativos comecem.  Hoje, atuo como professora das redes estadual e privada de ensino em Ijuí, e tenho como plano continuar os estudos na área de Linguística Aplicada e Análise do Discurso, seguindo na pesquisa através de um mestrado.”, finalizou.


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