Recentemente graduada no curso de Nutrição da Unijuí, Ana Carolina de Castro Santos desenvolveu o seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) acerca de um tema bastante presente em sua vida e na vida de centenas de pessoas: “Alterações cognitivas e comportamentais em pacientes celíacos”.
Ela explica que o paciente com a doença celíaca sofre uma reação autoimune após o consumo de glúten - proteína encontrada em cereais como o trigo, malte, centeio e cevada -, apresentando, geralmente, sintomas como dor de barriga, diarréia, distensão abdominal e anemia. Entretanto, muitos pacientes apresentam outros tipos de sintomas, menos comuns, e tendem a ter o diagnóstico atrasado pela falta de conhecimento de alguns profissionais de saúde sobre todas as possíveis apresentações dessa doença. Foi o seu caso.
“Sou celíaca e já tive, em diferentes momentos da vida, todos os sintomas que analisei no meu TCC, sem nunca desconfiar que poderia ter alguma relação com a minha alimentação. Depois do meu diagnóstico tardio, comecei a me atentar a esta possibilidade, e ao conversar com outros pacientes celíacos, percebi que muitos tinham sintomas semelhantes aos meus, mas por desconhecimento dos profissionais da saúde, não recebiam tratamento e orientações adequadas”, explicou Ana Carolina.
Para a realização do seu TCC, Ana Carolina realizou uma revisão de literatura, onde analisou todos os artigos científicos de domínio público sobre o tema, publicados nos últimos cinco anos. A autora se deteve a pesquisar sobre a relação da doença celíaca com a fadiga, depressão e o comprometimento cognitivo. “A literatura demonstra a associação entre a doença celíaca e o aparecimento destes sintomas, mas ainda faltam estudos que esclareçam através de quais mecanismos essa relação acontece. Em muitos casos, os sintomas continuam mesmo após um ano da adoção de uma dieta livre de glúten. Mas, apesar da necessidade de mais pesquisas sobre o tema, a reunião destas pesquisas acentua a importância de uma maior vigilância clínica. Profissionais da saúde mais conscientes da apresentação heterogênea da doença celíaca podem ajudar no processo de diagnóstico de pacientes com sintomas menos específicos”, completa.
Conforme destaca Ana Carolina, a necessidade dos profissionais estarem atentos a estas manifestações também é importante após o diagnóstico. Um estudo de coorte com mais de 13 mil indivíduos associou o diagnóstico de doença celíaca na infância com risco aumentado para distúrbios psiquiátricos, apontando a importância da vigilância em saúde mental ser parte integrante do tratamento da doença celíaca, algo que não ocorre hoje em dia.
Graduada, Ana Carolina quer atender pacientes com sintomas mentais, como depressão, ansiedade, fadiga e dificuldade de concentração, utilizando todas as ferramentas que a nutrição oferece para alívio destes sintomas, melhorando a qualidade de vida destas pessoas. “A alimentação pode ser uma grande aliada, em conjunto com outros hábitos saudáveis e terapia medicamentosa, se necessário. Já estou realizando uma pós-graduação em Nutrição e Saúde Mental e continuarei estudando e empreendendo meus esforços para que as pessoas deixem de se preocupar com a alimentação apenas quando quiserem emagrecer, mas a percebam como uma ferramenta terapêutica para melhora da saúde e bem-estar geral”, finalizou.