O feminismo em Ijuí e na região - Unijuí

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O feminismo em Ijuí e na região

 
 
 

 

O feminismo está em pauta! Os debates sobre igualdade de gênero se intensificaram nos últimos anos e ganham cada vez mais espaço. Isso se deve em grande parte às redes sociais (confira mais sobre o assunto neste texto do blog Sinergia). Mas os coletivos feministas não se limitaram apenas à internet, eles também ganharam as ruas, e não é só nos grandes centros. Em Ijuí, por exemplo, foi fundada a Frente Feminista, que tem como objetivo lutar pelos direitos das mulheres na região. Para saber mais sobre a Frente, o blog Sinergia conversou com Ana Claudia Delajustine, egressa do curso de Psicologia da Unijuí e uma das fundadoras do coletivo:

Sinergia - O que te motivou a criar a Frente Feminista em Ijuí e como foi o processo de criação?

Ana Delajustine - Na verdade, a criação da Frente Feminista iniciou não só comigo, mas com mais pessoas dispostas a debater sobre o patriarcado, e como nós, mulheres, somos violentadas e oprimidas com esse sistema. Começamos com nosso próprio círculo social nos encontrando nos finais de semana, até que resolvemos que seria interessante criar um coletivo e passar a ter os encontros na praça, ambiente público e político. O nome, Frente Feminista de Ijuí, foi para justamente destacar nossa luta e quem somos. 

 

Sinergia - Além de Ijuí, alguma outra cidade da região possui coletivo feminista?

Ana Delajustine - Mantemos contato principalmente com dois coletivos: o FEMEA, de Santo Ângelo; e o Maria, vem com as outras, de Passo Fundo. Mas a própria Frente Feminista recebe contribuições na página do Facebook de mulheres de várias cidades da região como: São Luiz Gonzaga, Ajuricaba, Três de Maio e Santo Augusto. Infelizmente os coletivos mais ativos que temos conhecimento estão localizados em cidades maiores, talvez por possibilitar um diálogo menos conservador. Mas em qualquer lugar pode ser criado um coletivo feminista, meninas. Contem conosco!

 

Sinergia - Como é o diálogo entre os diferentes movimentos feministas existentes?

Ana Delajustine - Existem diferentes linhas no movimento feminista. Feminismo negro, branco, hétero, lésbico, bissexual, trans. Mas todas queremos a desconstrução do patriarcado - sistema social baseado na superioridade do homem - e os direitos das mulheres. Sabemos que mesmo todas sendo mulheres, as opressões que passamos são diferentes; o que prezamos é permitir que todas tenham espaço para sua voz e para o empoderamento, sem falar umas pelas outras. O diálogo normalmente é de muito apoio entre os coletivos, pois um dos princípios que regem o feminismo é a sororidade - união entre as mulheres, negando a competitividade, empoderando e nos apoiando umas às outras.

 

Sinergia - Quais as principais dificuldades encontradas para manter o coletivo em ação?

Ana Delajustine - Acho que a principal dificuldade "indireta" é o retrocesso na liberdade das mulheres que vem acontecendo, e sentimos que não temos voz perante o absurdo. Questionar os estereótipos do lugar da mulher por si só já é difícil, pois estamos falando de um sistema que as pesquisas não sabem indicar se algum dia foi diferente. Então se leis são criadas diminuindo nossa liberdade já conquistada, sair dessa reprodução do machismo acaba por ser ainda mais complicado.

Além dessa dificuldade "indireta", o fato de Ijuí ser uma cidade pequena contribui para a resistência de aderir ao movimento. É preciso que ser feminista seja uma declaração com orgulho, porém, sabemos que podem ocorrer consequências, e pessoas acabam não aderindo ao movimento em função disso. Mas é importantíssimo reforçar que o feminismo precisa de todas e todos!

 

Sinergia - Quais conquistas do movimento em Ijuí você destaca?

Ana Delajustine - A maior conquista é ver mulheres aderindo ao movimento. Meninas que ainda estão na escola participando dos encontros e questionando as proibições e assédios que sofremos diariamente apenas por sermos mulheres. Isso diz respeito ao empoderamento. Essas meninas e mulheres irão empoderar uma companheira que precise no futuro, irão ajudar alguma mulher a se reeguer depois de passar por um relacionamento abusivo e/ou uma violência. Não irão entrar num relacionamento prejudicial por já estarem empoderadas e não irão ver as outras meninas e mulheres como rivais, mas como companheiras dessa luta. Ainda lutamos por maior apoio dos outros órgãos em favor das mulheres que existem na cidade.

 

Sinergia - Qual a importância de fazer parte de movimentos feministas e como participar?

Ana Delajustine - Acho que cada mulher tira algo de mais importante quando passa a participar do movimento. Para mim o mais importante é o empoderamento, do qual falei bastante nas outras respostas. Mas acho que é isso mesmo, no movimento feminista a gente se empodera e empodera as outras mulheres do nosso círculo social. A gente conhece as lutas das nossas antecessoras e percebe como é importante dar continuidade, principalmente com a nossa liberdade sobre o nosso próprio corpo sendo retirada e com índices tão absurdos de violência sofrida por mulheres.

Qualquer pessoa pode fazer parte e participar do movimento. Tanto mulheres como homens. Mas é importante que a voz do movimento pertença às mulheres. Que os homens não falem por nós, mas que sejam nossos aliados nessa luta. A Frente Feminista de Ijuí quer a participação de vocês para lutar contra esse sistema opressor e violento que é o patriarcado. Nossa página no facebook está sempre a disposição para informações e nossos encontros são sempre abertos e divulgados por lá: https://www.facebook.com/frentefeministaijui/?fref=ts. Aproveito para compartilhar também um texto sobre feminismo publicado no coletivo “Casa da mãe Joana”, para quem quer saber mais sobre o assunto: http://casadamaejoanna.com/2015/11/25/precisamos-falar-sobre-feminismo-em-todos-os-lugares/

 

O feminismo na Unijuí – Na noite desta terça-feira, 29, será lançado o coletivo feminista “Sou Minha”. A ideia do coletivo é discutir o feminismo dentro da Universidade, com a intenção de aproximar o debate das estudantes e criar um espaço para discussões das necessidades das mulheres no ambiente universitário. O evento acontece a partir das 19h, no Salão Azul do campus Ijuí.

 



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