Desde 2021, ano que marca a implantação do atual modelo de cursos de graduação na Unijuí, chamado de Graduação Mais, as comunidades acadêmica e externa passaram a ouvir falar em Projeto Integrador, ou PI, que é um componente curricular que coloca os estudantes diante de desafios reais, encaminhados por membros da sociedade, para que eles possam, em conjunto, debater e encontrar soluções.
E foi para facilitar a comunicação entre a comunidade e a Universidade que foi criada a Plataforma Sou Mais, onde qualquer pessoa pode se inscrever para apresentar uma demanda - ou um desafio a ser resolvido, e conferir os projetos que já foram executados pelos estudantes. “Qualquer pessoa pode ser um demandante e inscrever um problema: um empresário, uma pessoa que tem um pequeno negócio, um líder de bairro ou mesmo alguém que participa de alguma ONG. Posteriormente, quando o projeto está em desenvolvimento, a pessoa que o demandou pode acompanhar o desenvolvimento do projeto, tudo pela plataforma”, explicou a coordenadora do Núcleo de Inovação Pedagógica (NIP), Mariane Martins.
Desde 2021 até agora, foram 600 desafios cadastrados na Plataforma e, destes, 500 já foram atendidos. A procura pela inscrição de demandas têm aumentado, mas a Universidade, segundo Mariane, tem priorizado uma conversa mais próxima com a sociedade e, por isso, a cada início de semestre, os professores têm feito questão de entrar em contato com os demandantes para alinhar os desafios. “Esse movimento tem acontecido por dois motivos: primeiro porque os desafios atendidos precisam ter consonância com um tema do módulo. Por exemplo: se um agricultor ou uma organização de agricultores está com problema no cultivo de determinada hortaliça, mas neste semestre este tema não está sendo atendido em nenhum módulo da Agronomia, não é possível atender o demandante de imediato. Embora os estudantes sejam desafiados a resolver problemas, estes problemas precisam estar relacionados àquilo que eles estão estudando naquele momento, porque toda a solução é baseada em elementos conceituais que estão sendo discutidos na disciplina, então há uma responsabilidade científica na formação, mas também na resposta que é dada à comunidade”, explicou Mariane.
O segundo motivo da procura dos professores aos demandantes diz respeito a como os desafios têm chegado pela plataforma. Normalmente, a pessoa que demanda já pede uma solução. Por exemplo: uma pequena loja que não consegue aumentar as vendas e acredita que se fizer um material de divulgação conseguirá aumentar. Logo, ela demanda uma solução, que é o material de divulgação. No entanto, quando os estudantes da Comunicação, orientados pelos professores, vão até ela e começam a conversar para tentar entender por que ela demandou o material, e a pessoa fala sobre as vendas, eles começam a perceber outros problemas, como, por exemplo, que a organização do estabelecimento não é boa, que há uma dificuldade no atendimento ou a localização não é a mais adequada para aquele tipo de mercadoria.
“Logo, não bastaria fazer um material de divulgação. Por isso a importância deste diálogo, para entender o verdadeiro problema e depois fazer o cadastro. Veja, se simplesmente, no exemplo citado, se faz o material de divulgação sem questionar e as vendas não aumentam, a pessoa ficará frustrada com a Universidade. Por isso as respostas aos problemas levam um semestre, porque são baseadas na ciência, em pesquisas, em estudos, e não naquilo que podemos ‘achar’ que é a solução”, destaca a coordenadora.
A Plataforma Sou Mais também recebe a inscrição de mentores, que são pessoas da comunidade que têm uma experiência de trabalho em alguma área e vão para a sala de aula como voluntários, para auxiliar o professor e o estudante na resolução de um problema, a partir da sua experiência profissional. Uma experiência que tem chamado a atenção de voluntários - ou melhor, dos 584 mentores já cadastrados na Plataforma. “Temos escutado depoimentos muito bonitos de egressos da Unijuí e que agora voltam para a sala de aula para auxiliar o professor. Eles se sentem muito felizes com este movimento”, comentou Mariane, ressaltando que a Plataforma tem conseguido cumprir com o seu papel, que é fazer o encontro entre a comunidade e a Universidade.
“Mais do que fazer essa conexão e de ser uma vitrine, afinal, os projetos executados podem ser visualizados, a Plataforma Sou Mais também possibilita o levantamento de dados. Por exemplo, podemos afirmar que até o final de 2023 desenvolvemos 1121 projetos, isto é, foram 1121 soluções devolvidas à comunidade”, comenta a coordenadora do NIP. Em relação à formação dos estudantes, segundo Mariane, a Plataforma é importante pois organiza o processo e ajuda no desenvolvimento de uma metodologia, já que o estudante vai desenvolvendo os estudos a partir da organização da Plataforma e das etapas do desenvolvimento do projeto.
Para quem quer saber mais sobre a Plataforma Sou Mais, cadastrar uma demanda, se inscrever para ser mentor ou mesmo conferir os projetos já executados pelos estudantes, acesse este link.