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TCC explora a Síndrome de Burnout e os seus impactos em um cenário endêmico

O contato com pessoas que sofrem ou sofreram com a Síndrome de Burnout levou a graduanda do curso de Direito da Unijuí, Kethlyn Mayara Mohnschmidt, a elaborar seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) a partir do tema “Meio Ambiente Laboral: a Síndrome de Burnout e seus impactos na esfera psicológica do trabalhador em um cenário endêmico”. Burnout é uma expressão em inglês que significa “queimar-se por completo, de fora para dentro”, e a Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional decorre da soma de acontecimentos desgastantes e estressantes no ambiente de trabalho, que levam ao esgotamento físico e mental. 

“Tive meu primeiro contato com a Síndrome de Burnout no Escritório de Advocacia onde faço estágio e, na realidade, sempre tive uma profunda admiração pela área da psicologia. Poder unir ambas as áreas no trabalho mais importante da universidade pareceu-me uma oportunidade única. Não apenas isto, meu pai já foi acometido pela doença ocupacional em uma época em que ela era compreendida como um simples estresse. Portanto, trata-se de um tema atual que ganhou grande enfoque em razão da pandemia do Covid-19 e, atualmente, gera direitos ao trabalhador”, explicou a estudante.

Conforme dados trazidos por Kethlyn, o Brasil atualmente se encontra em 2º lugar no ranking mundial dos países com maiores índices da doença. A Síndrome de Burnout é silenciosa e passa por diversos estágios, começando pela compulsão do profissional em demonstrar seu valor; passando pela incapacidade de se desligar do trabalho durante à noite e aos finais de semana; a negação de necessidades básicas como o sono e alimentação adequada; o distanciamento da vida social; mudanças de comportamento; a despersonalização; a depressão e, por fim, a Síndrome de Burnout, quando há um colapso físico e mental. 

“É preciso se atentar, já que a Síndrome de Burnout pode desencadear uma série de problemas físicos graves, como o AVC e o infarto do miocárdio. Em razão do destaque que esta doença recebeu no decorrer da pandemia de Covid-19, em 2022 foi reconhecida como doença ocupacional. Ou seja, é equiparada ao acidente de trabalho e gera direitos ao trabalhador, como o de solicitar benefícios previdenciários e requerer indenizações na via Judicial Trabalhista. Ainda assim, muito embora o avanço do Direito envolva situações mais específicas, o desenvolvimento da tecnologia encaminha a comunidade para uma sociedade do cansaço, como descreve Byung Schul Han. Isto porque vivemos em uma sociedade onde os trabalhadores não são apenas estimulados, mas cobrados a produzir cada vez mais e a obter mais resultados, contudo seus esforços nunca são suficientes”, destaca Kethlyn, reforçando que retrocedemos a uma sociedade que negligencia muitos direitos trabalhistas e, por isso, é fundamental a constante atualização jurídica, reconhecendo a equiparação de doenças, como a Síndrome de Burnout, a acidentes de trabalho, e propiciando o cumprimento dos direitos constitucionais fundamentais. 

Para a produção do seu TCC, Kethlyn realizou pesquisas bibliográficas, em notícias e jurisprudências publicadas pelos Tribunais. Seu estudo perpassa por Norberto Bobbio, com o livro “A era dos direitos”, Domenico De Masi, com “O futuro do trabalho: fadiga e ócio na sociedade pós-industrial”, entre tantos outros, inclusive pelo trabalho da sua orientadora, a professora doutora Elenise Felzke Schonardie, que escreveu “Dano ambiental: a omissão dos agentes públicos”. “Não poderia deixar de comentar a respeito do principal livro do último capítulo, escrito por Byung-Chul Han, ‘Sociedade do cansaço’. Como o objetivo foi concentrar a pesquisa nos impactos gerados nos trabalhadores submetidos ao home office ou ao teletrabalho, encontrei certa escassez de materiais, exatamente por ser um tema atual e bastante específico. Porém, meu trabalho busca contribuir e somar conhecimentos sobre a área”, completa.

Já aprovada no 37º Exame da OAB, Kethlyn quer, após a formatura, se especializar na área trabalhista, com o intuito de poder atuar na defesa dos direitos dos trabalhadores, auxiliando as empresas a manterem um acompanhamento digno diante da saúde dos seus funcionários. “Não quero parar por aqui e pretendo seguir minha carreira acadêmica no mestrado. Afinal, uma grande lição que aprendi com a elaboração do meu TCC foi que, como diria Paulo Freire, ‘quem ensina aprende a ensinar. E quem aprende ensina ao aprender’”, finalizou.


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