Um dos momentos mais aguardados pelos acadêmicos do curso de Medicina da Unijuí, que estão entre o 5º e 6º semestre, acontece agora: a prática de Clínica Médica e Saúde Coletiva, onde eles não só têm contato com diferentes especialidades - como pneumologia, reumatologia, dermatologia, cardiologia, endocrinologia, gastroenterologia, hematologia e nefrologia, como também assumem um papel importante no atendimento de pacientes. As práticas acontecem em ambulatórios nos hospitais, como o Hospital de Caridade de Ijuí (HCI) e Hospital Bom Pastor, e em unidades de Estratégias de Saúde da Família (ESFs), com a supervisão de professores.
“Neste momento, uma parte dos estudantes do 5º semestre está realizando o ambulatório em pneumologia no Hospital Bom Pastor. Enquanto isso, há um outro grupo no Hospital de Caridade de Ijuí, que já passou por aqui. Com a supervisão de professores, os estudantes têm a experiência de assistência ao paciente”, explicou o professor Carlos Henrique Ramires François.
Primeiro os estudantes, em um grupo reduzido, recebem o paciente no consultório e realizam a anamnese - ou entrevista, além do exame físico. Depois, com as observações em mãos, voltam para o professor. “Revisamos todas as informações coletadas e conduzimos os acadêmicos à formação do raciocínio clínico, às hipóteses diagnósticas e proposições de condutas. É um momento bastante importante. Agora, por exemplo, os estudantes estão atendendo pacientes com sequelas da covid-19”, explicou o professor.
Nos ambulatórios é possível ter contato com diferentes perfis de pacientes, de várias idades, com uma ou mais comorbidades, conforme destacou a acadêmica Cinthya Bastos Rodrigues. É o momento em que os estudantes são desafiados a entender o paciente como um todo, a partir da investigação, segundo a estudante Jhovana Rafaella Vettorato.
Como destacou a professora Cheila Eickhoff, responsável pela Unidade de Ensino e Aprendizagem de Clínica Médica I, que supervisiona os estudantes no Hospital de Caridade de Ijuí, a Clínica Médica é um verdadeiro quebra-cabeças, onde é necessário ouvir o paciente e compreender o que ele está sentindo. Para isso, é importante saber desde os sintomas, doenças que possui e medicamentos que utiliza. “Os estudantes conseguem consolidar o que estão aprendendo na teoria e percebem que o paciente é um todo. Essa prática trabalha a relação médico-paciente e também beneficia a comunidade, que por vezes tem dificuldade de acessar algumas especialidades dentro do Sistema Único de Saúde”, comentou.
Depois de um período sem aulas presenciais, em razão da pandemia de covid-19, voltar à prática nos ambulatórios é uma experiência única, segundo a estudante Vitória Massafra Rodrigues. O principal ponto, segundo a acadêmica Carolina Rolim Brande, é conseguir elucidar os conteúdos vistos nas aulas teóricas. “Aprendemos a fazer a anamnese, o exame físico, a trabalhar a habilidade de extrair do paciente o que realmente é importante. É muito diferente ter esse contato direto. Por vezes o paciente estranha no início, mas logo começa a contar a sua história. Ficamos nervosos quando perguntas são feitas, mas tudo é um processo de aprendizado, ao lado dos professores”, comenta.
Dos hospitais para as unidades básicas
Desde o primeiro semestre do curso de Medicina, os estudantes têm contato com a realidade do Sistema Único de Saúde. A observação à realidade da Atenção Primária acontece no ingresso ao curso, passando para o diagnóstico situacional no segundo semestre, gestão em saúde no terceiro, e práticas a partir do quarto semestre. “Na unidade básica, o estudante é colocado na realidade de um médico da família, na realidade da atenção primária. O estudante tem uma abordagem mais individualizada dos pacientes, que possuem doenças ou que necessitam apenas de medidas preventivas”, explicou o professor Bernardo Machado Cadó, que acompanha a prática na Estratégia de Saúde da Família (ESF) do bairro Pindorama.
Na avaliação da enfermeira responsável pela unidade, Denise Casagrande, a presença de professores e estudantes qualifica a Atenção Primária. “O objetivo da ESF é propor a integração ensino-serviço e qualificar cada vez mais o atendimento. A Universidade presta o apoio, auxilia, e os estudantes são beneficiados com um campo de estágio rico, onde são realizados muitos atendimentos, a diferentes pacientes, com patologias distintas, e que atua tanto no tratamento quanto na prevenção e promoção à saúde”, disse.
Gestante com 31 semanas, Mariane Anger Melo realiza todo o pré-natal na unidade de saúde e avalia de forma positiva o atendimento prestado pelo grupo. “Melhorou bastante o atendimento”, afirmou.
Assim como nos hospitais, na ESF os estudantes atendem aos pacientes, observam a sua situação, e conversam com o professor sobre a melhor conduta a ser adotada, conforme relatou o acadêmico Roberto Lorenzoni. Segundo seu colega, Douglas Giovelli, é possível, por meio dessa experiência, acompanhar a evolução dos pacientes. “A atuação na unidade nos mostra a importância da relação médico-paciente, de quanto uma conversa pode mudar completamente o dia a dia do usuário”, destacou.