Chef do curso de Gastronomia da Unijuí, Tiana Maxine Kronbauer Hintz conheceu de perto a culinária da região Norte do País, em uma viagem que durou aproximadamente 20 dias, para Manaus e Autazes no Amazonas; Ilha de Marajó, Belém, Santarém e Alter do Chão (distrito de Santarém) no Pará.
“O que mais me surpreendeu, quanto à gastronomia, foi a criatividade das pessoas para utilização dos ingredientes disponíveis. Há muitos produtos diferentes dos nossos e eles exploram bem o que têm. Exemplo: cupuaçu é uma fruta típica, que eles fazem suco, mousse, sorvete, caipirinha, geleia, bombom, brownie e tiramissu”, explicou a chef.
Em Alter do Chão/Santarém, Tiana conheceu o chef Saulo, do restaurante Casa do Saulo. Ele é um dos destaques da gastronomia tapajônica e seu restaurante é referência em todo Pará. Nesse dia, foram servidas 2 mil refeições. Ele a levou para conhecer a cozinha e explicou o processo de pré-preparo dos peixes utilizados. Já na lha de Marajó, a professora acompanhou 90% do processo de produção do queijo marajoara, patrimônio cultural da Ilha, que é produzido há 200 anos. “Acompanhei desde a ordenha das búfalas, que inicia diariamente às 6h30, até o envase do queijo”, contou.
A chef participou, na Ilha de Combu, de visitação e explicação do processo de produção de chocolate orgânico da Dona Nena. Ela é agricultora familiar e começou a empreender por necessidade. Hoje, possui equipe e recebe turismo rural na sua propriedade em Belém. “Gente como a gente, super simpática, compartilhou comigo muitos desafios que ela teve inicialmente e quais está tendo agora, já que passou de MEI para Simples Nacional. Nesse momento, identifiquei semelhança com os empreendedores daqui.”
Tiana foi para a cozinha em uma pousada, no meio da floresta, e ajudou a preparar a ceia de Natal para os hóspedes. ”Tive que insistir muito para participar desta tarefa, pois a dona justificava que eu era turista e tinha que aproveitar o passeio, não ‘trabalhar’. No final das contas, foi uma troca linda. Ela ia utilizar maionese comprada, pois não sabia fazer maionese caseira, então ensinei-a e ela me ensinou a fazer o backes, um pão frito tradicional da antiga Guiana Inglesa (hoje somente Guiana)”, relatou.
Em outro momento, Tiana conheceu e conviveu alguns momentos com Fátima, conhecida como Fatinha, chef e proprietária Do Italiano, restaurante de comida italiana em Alter do Chão. “A Fatinha preza pela qualidade e frescor dos ingredientes que utiliza, como uma boa cozinheira italiana. O molho de tomate, base de muitos pratos, é produzido com os tomates da horta dela. Quando há mais demanda, aí, sim, são comprados do mercado. O contato com ela foi tão próximo que ela me levou para conhecer o futuro novo empreendimento e já trocamos ideias sobre mão de obra qualificada e tudo mais. Ela estudou gastronomia na Itália e neste ano estudará em todas as Le Cordon Bleu do mundo, dois meses em cada, a convite da instituição.”
Agora, Tiana irá levar o Norte para dentro do laboratório da Universidade. De acordo com ela, não há muita pesquisa sobre a gastronomia da região e os livros disponíveis são basicamente de receitas. “Sabendo que em qualquer lugar do mundo os pratos são os reflexos da cultura, eu quis conhecer melhor os hábitos de lá para entender os pratos e poder ensinar aos alunos o contexto todo”, disse, destacando que pretende trabalhar com os estudantes a melhor utilização e exploração de cada ingrediente. “Sobre os contatos e oportunidades criadas, podemos estreitar a relação dos estudantes com os profissionais e empreendimentos da área que eles se identificam e almejam oportunidades”, reforçou.