O sistema de logística reversa de medicamentos é regulamentado pelo decreto Nº 10.388, de 5 de junho de 2020, que dispõe sobre o descarte correto dos fármacos. Mas, apesar de haver a preocupação com a destinação correta desses resíduos em seu formato inicial, pouco é falado quando esses rejeitos vão para o sistema de tratamento de esgoto, onde os métodos tradicionais de saneamento não são capazes de remover os químicos.
Com base neste problema, a recém-formada no curso de Engenharia Química da Unijuí, Júlia de Oliveira Martins Müller, elaborou seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) denominado “Processos oxidativos avançados: caracterização e produtos de degradação dos poluentes emergentes diclofenaco, paracetamol e 17α-etinilestradiol”.
Na monografia, Júlia buscou caracterizar alguns métodos de tratamento que são classificados como processos oxidativos avançados (POA). Além de demonstrar como cada processo é capaz de degradar o fármaco, ela mostrou os produtos obtidos através desse processo químico e se os resultados então obtidos são menos prejudiciais do que os compostos iniciais.
Júlia conta que a ideia surgiu a partir da fala da professora Marcele Hocevar sobre os microplásticos presentes em sabonetes esfoliantes e quanto eles são prejudiciais aos animais aquáticos - em alguns casos, a saúde dos seres humanos. “Após essa aula, comecei a pensar sobre todos os medicamentos que consumimos diariamente e se eles também causam prejuízos ao meio ambiente e à nossa saúde”, explica.
O professor Alessandro Hermann se interessou pelo tema proposto e orientou a estudante a realizar a pesquisa com três processos oxidativos avançados: fenton, foto-peroxidação e fotocatálise heterogênea. Esses processos foram aplicados e analisados nos seguintes poluentes emergentes: Diclofenaco, Paracetamol e 17α-Etinilestradiol (EE2).
Além disso, a sua pesquisa pretendia estimar os produtos de degradação a serem pesquisados por espectrometria de massas. “Ao final do estudo, constatou-se que, para os três compostos analisados, o processo de foto-peroxidação promoveu a sua remoção completa”, afirma. “Os resultados demonstrados neste estudo corroboram que os processos oxidativos avançados sejam utilizados como forma de tratamento dos contaminantes emergentes. Todavia, ainda é necessário um estudo mais aprofundado sobre sua forma de aplicação, mecanismos e produtos de degradação”, salienta.
Júlia, que concluiu em dezembro a graduação, já deu sequência à sua vida acadêmica. Neste ano, ela inicia o Mestrado em Engenharia Química, e comenta que está preparada para novos desafios. “Após finalizar os cinco anos da graduação, sinto-me realizada e feliz, sabendo que pude aproveitar ao máximo as experiências que o curso tem a oferecer”, finaliza.
Gabriel R. Jaskulski, acadêmico de Jornalismo da Unijuí