A gestão dos resíduos sólidos foi um tema bastante trabalhado pela recém-graduada no curso de Ciências Biológicas da Unijuí, Stefani Alexandra Grutka, enquanto atuava como bolsista no Programa de Educação Tutorial (PET) MEC/SESu na Universidade. Foi neste período que ela percebeu a compostagem como uma ferramenta fundamental para conscientização da comunidade, capaz de reduzir significativamente o volume de resíduos destinados aos aterros, de minimizar a contaminação dos demais resíduos passíveis de serem reciclados, além de reduzir os custos com a disposição final em aterros, visto que, em Ijuí, por exemplo, 60% dos resíduos enviados ao aterro sanitário de Giruá são orgânicos.
Para trabalhar a temática, Stefani desenvolveu seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) com o título “Resíduos sólidos compostáveis nas dependências da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande Do Sul e percepções dos sujeitos envolvidos: um projeto-piloto”, que vai ao encontro do que diz a legislação brasileira, na Lei 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), direcionando a gestão de resíduos sólidos por meio dos seus princípios e dialogando com a alternativa de se promover a compostagem dos resíduos orgânicos em detrimento de sua disposição em aterro sanitário, apontando que apenas rejeitos devem ser destinados ao aterro sanitário.
“Além disso, as Instituições de Ensino Superior (IES) têm papel fundamental na formação de pensamentos e opiniões dos sujeitos. Logo, elas têm o potencial de subsidiar o desenvolvimento de um pensamento sustentável, e eu acredito que as universidades deveriam se converter em modelo e laboratório de ‘boas práticas’ de desenvolvimento sustentável, sendo referências para outras instituições públicas e privadas. Foi pensando em todos estes pontos que escolhi a temática, além de acreditar que inúmeros cursos podem se apropriar do projeto para realizar pesquisa e desenvolver tecnologias e soluções para o tratamento de resíduos e produção de adubo”, explicou a agora egressa.
Stefani conta que, para realizar o projeto, a parceria com o Setor de Gestão Ambiental foi fundamental. O setor disponibilizou um veículo institucional e a funcionária Mariluci Cavinatto, que acompanhou e foi a responsável pelo transporte dos resíduos. Para realizar as atividades, contou com o auxílio dos bolsistas PET Nadine Paré, Rafael Costa e Vitória Garcia. A tutora do PET, professora Juliana Fachinetto, e a orientadora do TCC, professora Vidica Bianchi, ajudaram Stefani na compra dos materiais necessários. O trabalho também contou com a ajuda da professora aposentada Francesca Werner Ferreira.
O tratamento dos resíduos foi realizado na área de compostagem já existente no campus. Ao longo de nove semanas, de março a junho, os resíduos foram coletados de forma separada em todos os pontos de coleta, onde haviam recipientes específicos. A partir da coleta, os resíduos foram pesados e encaminhados à leira de compostagem. Os pontos escolhidos foram a Unicasa, o Laboratório de Nutrição e Gastronomia, a Cantina III e o Diretório Central dos Estudantes (DCE).
Para dar início ao projeto, em parceria com o Setor de Gestão Ambiental, foi realizada uma formação com os moradores da Unicasa sobre a gestão de resíduos e as normas institucionais para o seu gerenciamento,. Também foram instalados coletores seletivos para plástico, vidro, metal e um amassador de latas nos espaços destinados ao armazenamento, alcançando, com isso, uma maneira mais segura e adequada de gestão dos resíduos para compostagem. “A efetividade dos coletores não foi a desejada, visto que muitos materiais seguiram sendo misturados e descartados de modo inapropriado. Porém, os resíduos ‘úmidos’ compostáveis deixaram de ser depositados nos espaços de armazenamento temporário e, com isso, foi reduzida a emissão de odores indesejáveis e o aparecimento de vetores”, relata Stefani.
Foram coletados e tratados 407,109 kg de resíduos orgânicos e constatado que o Laboratório de Nutrição e Gastronomia é o ponto com maior geração de resíduos, seguido pela Unicasa.
O método de tratamento escolhido foi o método desenvolvido pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e utilizado para compostar toneladas de resíduos diariamente em Florianópolis, demonstrando ser uma metodologia prática e barata, de fácil operacionalidade, com uma logística de coleta eficiente em cada ponto. “Foi possível tratar os resíduos orgânicos incluindo todos os tipos de sobras de alimentos crus ou cozidos, inclusive carcaça de peixes e carnes, comprovado pelo aumento da temperatura da leira”.
Quanto à percepção dos sujeitos envolvidos, por meio do questionário aplicado, constatou-se que o projeto-piloto foi bem-sucedido. “Os relatos de experiência mostraram que os envolvidos adquiriram novos conhecimentos e mudaram seus comportamentos e atitudes, reconhecendo este projeto como uma ação fundamental dentro da instituição. No questionário, os participantes votaram em totalidade a favor da continuidade do projeto e de que as Instituições de Ensino Superior devem possibilitar comportamentos e estilos de vida necessários para um futuro sustentável e fortalecer a capacidade de reflexão orientada para o futuro”, explicou Stefani, que está em busca de uma oportunidade na área e que pretende seguir seus estudos.