A descoberta foi publicada esta semana em uma revista científica internacional.
Na terça-feira, 21 de março, o Phytotaxa, principal periódico mundial de sistemática botânica e biodiversidade, publicou um artigo produzido em conjunto por Mara Tissot Squalli e Luana Jacinta Sauthier, professora e egressa do curso de Ciências Biológicas da Unijuí, respectivamente. Na publicação, elas informam a descoberta de uma nova espécie de angiosperma (plantas que produzem frutos).
A nova espécie, nomeada Paepalanthus altamirensis Tissot-Sq. & Sauthier, pertence à família Eriocaulaceae, na qual estão também o capim-dourado e as sempre-vivas. As cerca de 1200 espécies da família se distribuem em todo o mundo, principalmente nas regiões tropicais. O gênero Paepalanthus é o maior, com cerca de 400 espécies, a maioria endêmica do Brasil. A planta foi encontrada em 2013, durante uma expedição científica ao município de Nova União, localidade de Altamira, Minas Gerais, daí o nome escolhido. “Fizemos coletas e observamos a sua distribuição in loco. Depois disso as amostras foram analisadas nos laboratórios da Unijuí, tendo suas partes medidas e a estrutura interna estudada. A partir daí iniciamos a elaboração do artigo, que demanda uma pesquisa muito ampla e profunda, pois a nova espécie precisa ser comparada com todas as espécies já conhecidas do grupo, para se ter certeza de que é mesmo uma espécie nova para a ciência”, explica a professora.
Encontrar e descrever novas espécies é fundamental na pesquisa científica. A partir da publicação de novas espécies, outros estudos podem ser iniciados, como morfologia, fisiologia, genética, evolução, ecologia, bioeografia e bioprospecção de substâncias de interesse medicinal ou industrial. No momento, as pesquisadoras estão trabalhando em uma modelagem de nichos ecológicos, com base na distribuição de outras espécies que ocorrem no local onde a planta foi descoberta, para encontrar outras possíveis áreas de ocorrência de P. altamirensis.
Espécie em perigo - Apesar de ter sido descoberta somente agora, a espécie já está em perigo. “Até agora somente uma pequena população de P. altamirensis foi localizada – o que coloca a espécie na categoria de Criticamente em Perigo, de acordo com os critérios da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN (International Union for Conservation of Nature)”, alerta a professora. A área em que a planta ocorre não é protegida, isto é, não está dentro de nenhuma Unidade de Conservação. É um destino turístico muito procurado, há pousadas nas proximidades e as pessoas acampam e fazem trilhas lá. “No momento, não vejo nenhuma possibilidade de proteção a esta espécie, haja vista as dificuldades para o estabelecimento de unidades de conservação no Brasil e as carências em Educação Científica e Ambiental, mas se a espécie for encontrada em outros lugares, dependendo das condições deles, poderemos fazer outra recomendação de categoria de ameaça, porém, por enquanto, ela está, ao nosso ver, criticamente em perigo”, lamenta.