A Unijuí, em parceria com a empresa Dubai Sementes, realizará no dia 9 de setembro o 3º Dia de Campo da Aveia Branca - Inovações tecnológicas para boas práticas de cultivo. O evento ocorrerá no Instituto Regional de Desenvolvimento Rural (IRDeR), no município de Augusto Pestana, a partir das 8h15.
Segundo Claudia Argenta, engenheira agrônoma egressa da Unijuí e uma das organizadoras do evento, o intuito é que os estudantes presenciem a prática e entendam a importância desse cereal na nossa região. “Através do Dia de Campo, os acadêmicos conseguem interagir com os produtores e aumentam o contato com a área em estudo,” comenta.
Os participantes serão os acadêmicos dos cursos de Agronomia e Medicina Veterinária, além dos estudantes dos Programas de Pós-graduação Stricto Sensu em Modelagem Matemática e Computacional e Sistemas Ambientais e Sustentabilidade. O evento será dividido em estações, para que todos os participantes tenham a oportunidade de visitar as experiências e trabalhos dos outros acadêmicos.
A Estação 1 trabalha o tema “Zoneamento e indutor de resistência: produtividade e redução de fungicida”. As Estações 2, 3 e 4 trazem os temas “Desempenho agronômico de cultivares de aveia”; “Manejo da densidade de semeadura'' e “Manejo do nitrogênio”, respectivamente. Na Estação 5, será apresentada a “Biofortificação agronômica via foliar”; na Estação 6, o “Programa de melhoramento genético da aveia/Unijuí'' e, na última, a “Viabilidade e o manejo da Aveia orgânica”.
“Visto a importância da aveia branca, um dos principais objetivos é informar o produtor rural, além de apresentar novas técnicas de manejo testadas em campo, novas cultivares e novos experimentos que visam reduzir o uso de fungicidas, inseticidas e herbicidas, a fim de obter maior produtividade com sustentabilidade”, finaliza Claudia.
Gabriel R. Jaskulski, estagiário de Jornalismo da Unijuí
Neste mês, o estudante de origem senegalesa, Mamadou Boye Diallo, defendeu sua dissertação de Mestrado sob o título “Análise da sustentabilidade da agricultura sob a abordagem dos sistemas agrários no município de Santo Antônio das Missões da Macrorregião Missioneira do Rio Grande do Sul”, junto ao curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade da Unijuí. A banca examinadora foi constituída pelos professores doutores Roberto Carbonera, orientador - PPGSAS/Unijuí; Sandra Beatriz Vicenci Fernandes, coorientadora - PPGSAS/PPGD; Lovois de Andrade Miguel - PGDR/UFRGS e Maria Margarete Baccin Brizolla - PPGDR/Unijuí.
A dissertação teve por objetivo analisar e diagnosticar a sustentabilidade da agricultura do município de Santo Antônio das Missões, localizado na Macrorregião Missioneira do Estado, e propor linhas estratégicas de desenvolvimento agrícola. Sua realização justificou-se pela constante dinâmica e transformação que ocorre na agricultura. O estudo foi realizado com base na teoria de sistemas agrários e compreendeu diversas etapas: leitura da paisagem; entrevistas semiestruturadas junto a unidades de produção; análise técnica, econômica, social e ambiental dos principais sistemas de produção; e proposições de estratégias de desenvolvimento.
Como principais resultados, evidenciaram-se regiões com diferenças agroecológicas marcantes: acentuada expansão do cultivo de soja, diminuição brusca da produção leiteira e redução sensível da pecuária de corte e ovinocultura, com elevadas repercussões sociais, econômicas e ambientais em área do bioma pampa. Foram caracterizados 12 tipos de sistemas de produção e cinco casos emergentes, que representam a diversidade técnica e socioeconômica da agricultura.
Entre os tipos, três são patronais, três são familiares de grande porte, dois são familiares de médio porte, três são familiares de pequeno porte e um é familiar minifundiário. Entre os casos emergentes, um é patronal, um é familiar de grande porte, dois são familiares de pequeno porte e um é minifundiário. Os pecuaristas familiares de pequeno porte e os minifundiários possuem maior dificuldade de atingir o nível de reprodução social, de um salário mínimo mensal por unidade de trabalho proveniente das atividades agrícolas, mais o 13º salário. Mesmo havendo uma diversificação das atividades, há elevada dependência da cultura da soja para muitos produtores.
Diante dos resultados obtidos, seria necessário criar linhas de estratégicas visando beneficiar os tipos de agricultores familiares com produção de grãos em baixa escala; os agricultores familiares com produção de leite pouco intensiva e os agricultores familiares que apresentam elevada dependência na cultura da soja, por apresentarem dificuldade de obter o nível de reprodução social. Pois, caso contrário, podem abandonar as atividades agropecuárias.
Na última quinta-feira, dia 24 de junho, ocorreu a defesa da dissertação da mestranda Silviane Koch no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade da Unijuí. A banca examinadora foi constituída pelos professores doutores Geraldo Ceni Coelho, da Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS - Chapecó/SC); Nelson Lima, da Universidade do Minho, em Braga/Portugal; José Antonio Gonzalez da Silva, coorientador; e Vidica Bianchi, orientadora da dissertação.
A dissertação intitulada “Qualidade da água e riqueza da vegetação arbórea nativa entorno de um banhado urbano” foi realizada com o objetivo de investigar o estado de conservação de um banhado urbano de Ijuí. A avaliação da qualidade da água contou com a colaboração da professora Alcione Aparecida de Almeida Alves, da Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS - Cerro Largo).
A pesquisa possibilitou identificar as principais fontes de poluição do banhado. A origem do problema reside, em parte, no desconhecimento da importância desse ambiente pela população em geral. Também, pelo descaso dessa mesma população e do poder público. Foi possível identificar que a vegetação arbórea no entorno do banhado não é vegetação remanescente como se suspeitava, mas, sim, estágio sucessional das espécies. Os resultados apontam que o comprometimento da qualidade da água do banhado é resultado, pelo menos em parte, da ação antrópica da população circunvizinha. Em linhas gerais, percebe-se que a conservação do banhado está comprometida e ações de revitalização precisam ser implementadas, a fim de que a degradação completa desse ecossistema não venha a acontecer.
A dissertação indica para a continuidade dos estudos, por serem fundamentais para obtenção de dados, a fim de compará-los e certificá-los. Também abre caminhos para ações de educação ambiental, necessárias para elucidar a importância do banhado e para promover atitudes em relação à sua conservação.
Interessados em concorrer a uma vaga no curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade da Unijuí têm até esta sexta-feira, dia 2 de julho, para se inscrever no endereço unijui.edu.br/ppgsas, no menu lateral Processo Seletivo e Matrículas. Ao todo, são ofertadas 10 vagas. As aulas estão previstas para ter início no mês de agosto.
O programa dedica-se à pesquisa com visão sistêmica e multidisciplinar e busca analisar e compreender as relações entre sistemas naturais e produtivos, abordando as dimensões ambientais, sociais, econômicas, culturais e produtivas, visando a geração de conhecimento para solucionar ou minimizar os impactos negativos gerados pelo desenvolvimento.
Os candidatos podem optar por uma das duas linhas de pesquisa: Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável ou Qualidade Ambiental em Sistemas Produtivos. Eles passarão por duas etapas no processo seletivo, sendo a primeira análise do curriculum vitae ou lattes, entrevista e discussão da intenção de pesquisa.
Para este edital serão concedidas até cinco bolsas financiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) para atuação em pesquisa, com tempo máximo de duração de 24 meses. O processo de seleção dos bolsistas será realizado por meio de edital específico, a ser realizado após a matrícula. É condição para concorrer ao processo seletivo de bolsas estar regularmente matriculado no curso.
Mais informações pelo e-mail ppgsas@unijui.edu.br, telefone 3332-0420 ou 3332-0200, Ramal 3331.
Neste mês, a disciplina de Agrotóxicos na Saúde e no Meio Ambiente, do Programa de Mestrado em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade da Unijuí, contou com mais uma participação especial. Participou da aula a doutora em Epidemiologia, pós-doutora em Estudos da Criança pela UMinho (Universidade de Portugal), Iara Denise Endruweit Battisti, a convite do professor doutor Roberto Carbonera. Iara teve uma longa trajetória na Unijuí. É egressa do curso de Informática (1996), foi docente nas disciplinas de Estatística e Bioestatística nos cursos de graduação da área da Saúde até o ano de 2009 e hoje atua como professora associada na UFFS (Universidade Federal da Fronteira Sul), campus de Cerro Largo/RS.
Dentro das suas pesquisas, o foco está voltado para a exposição ocupacional a agrotóxicos e saúde humana. Iara trouxe estudos de sua autoria ou orientação, que mostram dados referentes à periculosidade que os agrotóxicos causam à saúde, tanto do trabalhador agrícola quanto aos seus familiares.
Inicialmente, trouxe uma estimativa da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), do ano de 2015, que apontou que cada pessoa consumia o equivalente a 7,3 litros de agrotóxicos por ano, ou seja, este é o volume de produtos utilizados proporcional por habitante. Essa estimativa é uma crescente e até o presente ano o consumo de agrotóxicos no Brasil só aumenta. O País é líder mundial no consumo de agrotóxicos, sendo o Rio Grande do Sul o estado que mais se destaca na utilização deste produto.
Outro dado relevante apresentado foi a descrição dos agrotóxicos que são comercializados no Brasil, mas que não são autorizados à comercialização na União Europeia (UE). Esses agrotóxicos deixam resíduos na água, no milho, no arroz, e comparado com os dados da UE, os limites permitidos no país são duas vezes maiores. Já em comparação com a soja, o nível de resíduos de glifosato é 200 vezes maior.
Quando associado o consumo de agrotóxicos à saúde humana, o Inca (Instituto Nacional do Câncer) lista alguns que podem causar danos à saúde, desenvolvendo alterações e doenças nos mais variados sistemas funcionais do organismo, como, por exemplo, alterações neurológicas, endócrinas, depressão, comprometimento auditivo, respiratório, além dos mais diferentes subtipos de câncer.
Iara traz uma preocupação especial aos impactos que os agrotóxicos trazem à saúde da criança. A exposição para os pequenos acontece através da manipulação ou ingestão de alimentos e/ou água, pela manipulação de objetos que foram utilizados na aplicação de agrotóxicos, por residirem próximo a plantações, e ainda na desinsetização doméstica. Nesse sentido, a pesquisadora realizou uma revisão integrativa sobre agrotóxicos e saúde da criança, com busca de artigos científicos na base de dados Pubmed. Foram encontrados 285 artigos que atendiam aos critérios de inclusão, dentre estes, 32 foram selecionados. Dos selecionados, 10 eram da América do Sul e apenas 5 artigos brasileiros. Nessa pesquisa, Iara investigou os métodos usados na intoxicação de crianças e quais os principais agravos constantes da contaminação. Dentre os principais comprometimentos elencados no estudo, destacam-se as intoxicações, danos citogenéticos, danos congênitos, efeitos neurológicos, danos respiratórios, disfunção endócrina e leucemia, todos associados à exposição aos agrotóxicos.
Relacionado à exposição ocupacional, no Brasil existem 1.681.001 estabelecimentos agrários, e desses 33,1 % usam agrotóxicos. Em relação ao Rio Grande do Sul, 256.099 estabelecimentos agrícolas são identificados, e destes 70,2 % utilizam agrotóxicos. Já na cidade de Ijuí, encontram-se 1.441 estabelecimentos agrícolas e destes 88,6% indicam usar agrotóxicos na função agrícola. A partir desses dados, gerou-se uma preocupação com a promoção da saúde dos agricultores do nosso município e a importância da implantação de políticas públicas que auxiliam na prevenção e cuidado aos problemas e agravos. Iara faz uma divisão dos problemas de saúde em agudos, subagudos e crônicos, e mostra estudos que enfatizam o uso de EPIs (equipamentos de proteção individual) como forma de prevenção a esses agravos.
Ainda como forma de atuação na promoção da saúde dos agricultores, cita a Norma Regulamentadora 7 (NR7), a qual prevê exames periódicos de sangue para controle de intoxicação e diagnóstico de intoxicação aguda. Porém, a norma traz algumas limitações, tendo em vista a pequena gama de produtos químicos que podem ser identificados na corrente sanguínea. A prevenção é a melhor forma de evitar complicações severas à saúde, e essa prevenção está relacionada a várias questões tanto de proteção individual quanto da conscientização coletiva para o uso indiscriminado de contaminantes.
A turma concluiu que os estudos da professora são extremamente relevantes e trouxeram uma grande contribuição para os mestrandos da disciplina, o que acabou gerando uma importante discussão e troca de conhecimentos, além da identificação da preocupação da pesquisadora com o tema e sua constante busca por mais dados e comprovações científicas que confirmem suas teses.
Daiana Zambonato
Liziane Kraemer
Mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade - PPGSA
Em continuidade ao ciclo de palestras da disciplina de Agrotóxicos na Saúde e no Ambiente, ofertada pelo Programa de Mestrado em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade da Unijuí, sob a coordenação do professor doutor Roberto Carbonera, foi proferida a palestra “Análise de resíduos de agrotóxicos: contribuições do Laboratório de Análises de Resíduos de Pesticidas (LARP) da UFSM”, pelo professor doutor Renato Zanella. O convidado é coordenador e responsável técnico do LARP, vice-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), líder do Grupo de Pesquisas em Análise Cromatográficas e pesquisador do CNPq na área de resíduos e contaminantes em alimentos e amostras ambientais.
Em seu relato, o professor Renato Zanella trouxe contribuições à turma de mestrandos, professores e demais estudantes da Universidade, discorrendo sobre a sua experiência junto ao LARP, na UFSM, e a importância das pesquisas e análises realizadas para a melhoria da qualidade do ambiente e dos alimentos. O LARP desenvolve e aplica métodos para determinação de agrotóxicos, medicamentos veterinários, hormônios, fármacos, PCBs, POPs, dentre outros, em diversas matrizes como hortigranjeiros, água, leite, carnes, peixes, cereais com a identificação e quantificação de resíduos e contaminantes. Neste contexto, presta serviços para órgãos oficiais, como a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Ministério Público Federal (MPF), empresas, agricultores e pesquisadores científicos que buscam o monitoramento sistemático de contaminações por agrotóxicos. Assim como desenvolve pesquisas científicas para identificar possíveis causas de problemas evidenciados em alimentos, água, animais e plantas.
Quanto ao uso de agrotóxicos, cada produto registrado e autorizado para aplicação possui na sua bula para quais cultivos pode ser aplicado e, a partir disso, tem-se por legislação o limite máximo de resíduo que poderá ter após a aplicação. Além disso, consta informações quanto à forma de utilização, dosagem de aplicação e o intervalo de carência, que representa o período de segurança, entre a aplicação e a colheita, que permite a redução dos resíduos de agrotóxicos a um nível seguro. A ocorrência de agrotóxicos nos alimentos e no meio ambiente é resultado de aplicações inadequadas e muito frequentes, dosagem excessiva, não observância do intervalo de carência para o consumo dos alimentos após a aplicação e da distância das áreas de proteção, deriva, volatilização, dentre outros fatores, conforme explicou Zanella.
Neste contexto, pode ocorrer a presença de resíduos de agrotóxicos em alimentos. Os agrotóxicos são autorizados para utilização e deixam resíduos do próprio princípio ativo do produto, bem como dos seus metabólitos, que representam os produtos da sua degradação após a aplicação nos cultivos. Por outro lado, encontram-se os contaminantes que são substâncias que não foram usadas intencionalmente nos alimentos. Dentre estes, encontram-se micotoxinas pela ação de fungos, metais oriundos dos próprios adubos químicos, dioxinas, bifenilos policlorados (PCBs), hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAH), dentre outros. Essas substâncias podem estar presentes nos alimentos como resultado das várias etapas de sua produção, embalagem, transporte, retenção ou podem resultar de contaminação ambiental.
Durante e após a aplicação dos agrotóxicos, dependendo do produto e/ou formulação, podem ocorrer até 20-30% de perdas por volatilização pelas ações do vento e do calor. Por esse motivo, normalmente são incorporados produtos que auxiliam na fixação e reduzem esse percentual. Além disso, pode ocorrer a deriva durante a aplicação pela ação do vento que desloca partículas de pesticidas pelo ar até uma superfície que lhe permite a deposição ou retenção. Os alimentos são produzidos no meio ambiente e agrotóxicos são utilizados para a sua produção, desta forma, não há como dissociar da contaminação do solo, do qual pela ação das precipitações pluviométricas intensas podem carrear essas substâncias tóxicas para a água, sendo solubilizadas ou não, dependendo dos compostos. Além disso, a própria água da chuva pode carrear partículas em suspensão no ar. Alguns estudos no estado do Paraná comprovam a presença de agrotóxicos no próprio ar através da análise de material particulado obtido em amostragens de filtros.
No Brasil, há mais de 500 princípios ativos de agrotóxicos registrados, dentre eles inseticidas, herbicidas e fungicidas. Os mais utilizados são o glifosato; 2,4-D que tem apresentado muitos problemas relacionados à deriva em videiras, oliveiras, macieiras; mancozeb; acefato; atrazina; paraquat e o imidacloprido, dentre outros.
Para a realização das análises, o LARP utiliza as técnicas Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas em série (GC-MS/MS) para a análise de inseticidas que são mais voláteis, e Cromatografia Líquida acoplada à Espectrometria de Massas em série (LC-MS/MS) para análise de herbicidas, fungicidas, fármacos e medicamentos veterinários. Quanto à realização das análises, as amostras são preparadas de acordo com o tipo de matriz, analisadas em equipamentos específicos e são identificados e quantificados os compostos presentes utilizando um padrão específico para cada um dos compostos que se deseja analisar na amostra.
Com relação ao monitoramento da qualidade ambiental, o professor Zanella destacou o trabalho com relação às análises relacionadas à presença de agrotóxicos em água para consumo humano, que seguem portarias nacional e estadual, que determinam a análise de agrotóxicos para avaliar a sua potabilidade. No entanto, para alguns compostos autorizados para aplicação na agricultura, não há especificação de limites máximos permitidos em água. Ainda, salienta que na comunidade Europeia os limites para qualquer agrotóxico são muito menores que os permitidos pela legislação brasileira, os quais possuem uma variação muito grande quanto à tolerância, desde valores muito baixos até muito elevados. Além disso, no Brasil, não há o limite máximo permitido para o somatório de agrotóxicos presentes em água para consumo humano, sendo que na comunidade Europeia o somatório deve ser menor ou igual a 0,5µg/L. Nos monitoramentos da qualidade de águas superficiais realizados em 2014 e 2015, foram detectados inseticidas, fungicidas e herbicidas em baixas concentrações. Dentre eles, destaca-se a atrazina que é detectada em quase todas as amostras analisadas no estado do RS.
Como resultado de seu trabalho na área científica, Zanella possui inúmeras publicações nacionais e internacionais a partir de análises em diferentes matrizes ambientais. Estes estudos demonstram a importância do monitoramento da qualidade dos alimentos e das águas com relação à presença de agrotóxicos visando a sustentabilidade da vida para as presentes e futuras gerações.
Márcia Sostmeyer Jung, Cleusa Maria Rossini, Daiana Zambonato
Mestrandas do Programa de Pós Graduação em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade - PPGSA, Unijuí.
Finalizam no dia 2 de julho as inscrições para seleção ao curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade da Unijuí. Interessados em concorrer a uma das 10 vagas devem se inscrever no endereço unijui.edu.br/ppgsas, no menu lateral Processo Seletivo e Matrículas.
Recomendado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) na área de Ciências Ambientais, o programa dedica-se à pesquisa com visão sistêmica e multidisciplinar e busca analisar e compreender as relações entre sistemas naturais e produtivos, abordando as dimensões ambientais, sociais, econômicas, culturais e produtivas, visando a geração de conhecimento para solucionar ou minimizar os impactos negativos gerados pelo desenvolvimento.
Os candidatos podem optar por uma das duas linhas de pesquisa: Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e Qualidade Ambiental em Sistemas Produtivos. Eles passarão por duas etapas no processo seletivo, sendo a primeira análise do curriculum vitae ou lattes, entrevista e discussão da intenção de pesquisa.
Para este edital serão concedidas até cinco bolsas financiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) para atuação em pesquisa, com tempo máximo de duração de 24 meses. O processo de seleção dos bolsistas será realizado por meio de edital específico, a ser realizado após a matrícula. É condição para concorrer ao processo seletivo de bolsas estar regularmente matriculado no curso.
A disciplina de Agrotóxicos na Saúde e no Ambiente, do Mestrado em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade da Unijuí, vem contando com participações e contribuições especiais em suas aulas. No dia 21 de maio, foi a vez da farmacêutica e mestra Sandra Emília Drews Montagner. Na conclusão do seu mestrado em Atenção Integral à Saúde pela Unijuí, em abril de 2019, ela defendeu a dissertação “Avaliação de pacientes oncológicos e relação com exposição a agrotóxicos”, que teve como orientadora a professora doutora Eniva Stumm, coorientadora a professora doutora Christiane de Fátima Colet e como participante da banca o professor titular desta disciplina, doutor Roberto Carbonera.
Vindo ao encontro da temática da disciplina, Sandra apresentou contribuições sobre a disseminação do consumo mundial de agrotóxicos que ocorreu logo após a Segunda Guerra Mundial, vinculado ao aumento da necessidade de alimentos e justificando uma modernização da agricultura. No Brasil, a expansão do consumo de agrotóxicos entre 2004 e 2013 foi de 190%, muito maior do que a média mundial. Ao se considerar que o país possui 29 milhões de pessoas que residem na zona rural, e destas, 12 milhões são economicamente ativas, é possível perceber um grande impacto na saúde desses indivíduos. Como comprovação, identifica-se um milhão de intoxicações por agrotóxicos no mundo a cada ano e 20 mil óbitos. Nos países em desenvolvimento, 70 mil óbitos e sete milhões de casos de doenças agudas e crônicas não fatais entre trabalhadores da zona rural. Desde 2008, o Brasil é líder no consumo de agrotóxicos. Frente a isso, observa-se um elevado índice de casos de doenças relacionadas.
A exposição aos agrotóxicos ocorre de diferentes formas, como exposição ambiental, alimentar e ocupacional. Para qualquer tipo de contaminação, as vias de acesso dérmica, ocular, respiratória e digestiva são as de maior predominância para efetivar o contágio. Após a exposição ao agente químico, observam-se níveis de consequências como intoxicações agudas, subagudas e crônicas, culminando com agravos à saúde.
Para os trabalhadores de áreas rurais, a exposição é constante e a evolução das consequências ao organismo podem ser a curto prazo, como as condições agudas de doenças, ou a longo prazo, caracterizado por condições crônicas de doenças que na maioria das vezes se tornam irreversíveis.
Fatores ambientais e ocupacionais têm sido apontados como responsáveis por 19% de todos os tipos de câncer, e consequentemente o potencial de prevenção é bastante evidente e efetivo. Partindo da preocupação com os trabalhadores da agricultura, Sandra fez um importante destaque ao uso de Equipamentos de Proteção Individual com base na Norma Regulamentadora 31, que discorre sobre os requisitos de organização no ambiente de trabalho, para garantir as atividades rurais com segurança e saúde e a Norma Regulamentadora 7, que instituiu o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional e a realização de exames periódicos para monitoramento da exposição a agrotóxicos, entre eles a acetilcolinesterase, marcador de efeito da exposição de organofosforados, organoclorados e carbamatos.
No Brasil, os índices de novos casos de câncer estão cada vez maiores. Anualmente, 640 mil novos diagnósticos de câncer são realizados, sendo em mulheres a predominância do câncer de mama e nos homens o câncer de próstata. Com base em todos esses argumentos, a pesquisadora procurou identificar se existe uma relação entre exposição ocupacional a agrotóxicos e câncer em trabalhadores rurais. O objetivo geral da pesquisa foi avaliar a exposição ocupacional a agrotóxicos em indivíduos com diferentes tipos de câncer, recentemente diagnosticados e assistidos em um Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) de um hospital geral.
A população de estudo da pesquisa de Sandra contou com 270 pacientes com diagnóstico de câncer, inseridos para iniciar tratamento oncológico junto ao Cacon no período estabelecido para a coleta de dados e que atenderam aos critérios de inclusão. Foram coletadas amostras de sangue desses pacientes, para dosagem de acetilcolinesterase, e um grupo controle foi estipulado, constando de 29 indivíduos saudáveis, doadores de sangue que procuraram o Banco de Sangue do Hospital de Caridade de Ijuí (HCI) e que atenderam aos critérios de inclusão.
A pesquisa de Sandra foi dividida em três manuscritos. O Manuscrito I trata da Exposição ocupacional a agrotóxicos e relação com o câncer, revisão narrativa da literatura; o Manuscrito II da Análise de novos casos de câncer em indivíduos assistidos em um Cacon e relação com exposição a agrotóxicos; e o Manuscrito III sobre a caracterização de indivíduos com câncer, residentes no meio rural, práticas no uso de agrotóxicos e níveis de acetilcolinesterase eritrocitária.
O estudo teve os objetivos alcançados. Com a caracterização dos pacientes oncológicos estudados, evidenciaram-se fatores de risco adicionais à exposição a agrotóxicos nesses indivíduos expostos ocupacionalmente; e aos indivíduos não expostos, também foram identificados fatores de riscos que podem ser modificáveis. O tipo de câncer prevalente se assemelha às literaturas nacional e internacional; e existe uma maior frequência de câncer de mama em mulheres rurais não expostas a agrotóxicos, o que requer estudos adicionais com diferentes métodos e uma maior amostra. O estudo mostrou, ainda, que a caracterização do perfil de pacientes residentes na zona rural e suas práticas no manuseio de agrotóxicos são ferramentas de atuação para os profissionais de saúde; que evidências quanto aos riscos do manuseio de agrotóxicos requer a necessidade de vigiar as condições de trabalho desses indivíduos e monitorara sua exposição; que perceber o risco não garante o uso seguro de agrotóxicos; e que é necessário um esforço conjunto para a diminuir as fragilidades evidenciadas, o que pode ser feito através de educação em saúde.
O relato da farmacêutica Sandra foi muito significativo para os mestrandos, abrindo espaço para discussões e relatos de experiências das mais diferentes formas e áreas de conhecimento. Desta forma, se estabelece constante reflexão sobre o conhecimento construído, com a finalidade promover o desenvolvimento sustentável, que traga benefícios e soluções para as gerações presente e futuras.
Texto elaborado pelas acadêmicas Daiana Zambonato, Cleusa Maria Rossini e Márcia Sostmayer Jung - mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade - PPGSAS, Unijuí.
O Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade da Unijuí está engajado com as necessidades da comunidade, a fim de contribuir com projetos inovadores e sustentáveis.
Dentre esses, está o projeto do mestrando Murilo Antonio Scardoeli Miquelucci, intitulado “Construção de um condomínio sustentável: uma análise de indicadores ambientais para o desenvolvimento de um espaço de lazer relacionado a um lago”, que surgiu a partir do entendimento desse viés por parte da empresa Ottonelli Terraplenagem.
Uma vez que a construção civil brasileira é responsável por gerar grandes impactos ambientais, advindos do consumo e descarte de recursos naturais de maneira incorreta, as obras de construção civil passaram, a partir da década de 1950, a se preocupar com as questões ambientais em seus projetos. Hoje, no Brasil, cerca de 40% da extração de recursos naturais são destinados à indústria da construção civil.
Por possuir uma grande interação com o meio ambiente que está inserido, o “projetar sustentável” se torna cada vez mais urgente no Brasil, necessitando envolver toda a cadeia produtiva responsável desde o início do projeto para alcançar uma sustentabilidade satisfatória.
Nos últimos anos, resultantes de fomentos das ideias sustentáveis na construção de residências e frente às problemáticas encontradas no rápido desenvolvimento dos grandes centros urbanos, como alta criminalidade, falta de espaços verdes e de lazer, acessibilidade e altos índices de poluição, cresce a procura por condomínios horizontais fechados.
Para atrair esse público insatisfeito com as condições encontradas, os condomínios fechados passam a oferecer cada vez mais opções que integrem áreas verdes e de lazer, garantindo o desenvolvimento de uma melhor qualidade de vida e ambiental para seus condôminos, e que possam interagir de forma acessível e segura com a natureza.
Assim, a partir da análise de indicadores ambientais, o projeto visa propor e desenvolver ações para a criação de um espaço de lazer, no entorno de um lago em um condomínio residencial horizontal, localizado na cidade de Ijuí, contribuindo para a manutenção da qualidade ambiental e de vida da população.
“Fazer parte de um projeto como esse, particularmente, me deixa muito feliz. Fortalece a certeza de que faço parte de um programa de pós-graduação extremamente importante para a sociedade e que busca alternativas inovadoras para melhorar a qualidade de vida e ambiental da cidade e região. Evidenciando, também, que a minha formação como mestrando está produzindo algo não só para o meu desenvolvimento, mas para a sociedade como um todo”, comenta Murilo.
Segundo os orientadores do mestrando, professores Juliana Maria Fachinetto e José Antonio Gonzalez da Silva, se trata de mais um grande projeto que envolve a Universidade e empresa, que fomenta a ciência e inovação, buscando qualidade de vida e sustentabilidade sobre vários aspectos. Destaca-se a visão empreendedora da empresa que compartilha desde o início grande interesse e se mostra articulado para realização desta proposta e de reconhecimento desta parceria, algo que vem ganhando grande visibilidade.
O mestrando Murilo já apresentou a proposta de ação, com plano de trabalho definido e com projeto entregue à empresa, estando agora em processo de alinhamento dos recursos a serem disponibilizados para início das atividades.
Na última sexta-feira, dia 14 de maio, a Disciplina de Agrotóxicos na Saúde e no Ambiente, ofertada pelo Programa de Pós-graduação em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade da Unijuí, coordenada pelo professor doutor Roberto Carbonera, contou com a presença do professor doutor César Koppe Grisolia, da Universidade de Brasília. Neste encontro, Grisólia apresentou à turma de mestrado, professores e demais estudantes da Universidade um pouco de sua experiência no contexto do uso dos agrotóxicos. Sua apresentação, intitulada “Exposição crônica a resíduos de agrotóxicos: o risco invisível”, trabalhou diversas abordagens acerca os perigos provenientes do uso destes químicos na agricultura e sua presença no ambiente, o que vem a contribuir para o surgimento de inúmeros problemas relacionados à exposição aguda e/ou crônica da população.
Os agrotóxicos são produtos químicos que vêm sendo utilizados em larga escala na agricultura, fato este que teve início na Segunda Guerra Mundial, em que estes produtos eram utilizados como arma química. Conforme destacou Grisólia, estes químicos muitas vezes ultrapassam as fronteiras da aplicação e, por este motivo, o cenário hoje é de múltipla exposição, já que os agrotóxicos estão presentes no ar que respiramos, na água que bebemos, nos alimentos que ingerimos, ou até mesmo pelo contato dérmico daqueles que trabalham diariamente com as aplicações nas lavouras.
A exposição aguda (ocupacional) ocasionada pelo contato direto com os agrotóxicos gera inúmeras reações, que podem desencadear reações imediatas a curto prazo, ou ainda, no decorrer dos meses. Um fato que chama a atenção e que foi abordado por Grisólia é que mesmo aqueles que vivem nos centros urbanos, distantes dos campos de cultivo e que nunca imaginariam estar expostos a estes químicos, também podem desencadear doenças devido às baixas concentrações destes químicos no organismo, visto outro tipo de exposição, a crônica. Grisólia ainda comenta que a presença de agrotóxicos no corpo das pessoas que vivem em ambientes urbanos têm forte relação com a carcinogênese e mutações genéticas devido às alterações epigenéticas.
As intoxicações a baixas concentrações e a sua forte relação com o câncer foi abordada de forma detalhada por Grisólia. O professor apresentou vários resultados os quais provêm de diferentes trabalhos realizados nessa linha de pesquisa. Dentre os tipos de câncer mais comuns há o de pulmão, sarcomas, leucemias, pele, próstata, mama, testículos, ovários, fígado e bexiga. Grisólia citou ainda sobre o livro “Pesticidas e químicos que desregulam o sistema endócrino'', literatura escrita por Carlos André Prauchner e editado pela Editora da Unijuí, sendo uma opção de leitura sobre parte do conteúdo que foi abordado por ele.
Também foi tema da apresentação a presença de resíduos de agrotóxicos nos alimentos. Uma abordagem foi feita em relação ao Limite Máximo de Resíduos (LMR), que diz respeito à concentração máxima de um agrotóxico expressa em mg kg-1 e que tem ligação direta com a Ingestão Diária Aceitável (IDA), caracterizada pela quantidade máxima ingerida diariamente, durante toda vida, que provavelmente não ofereceria risco apreciável à saúde, à luz dos conhecimentos atuais.
Levando em consideração estes tópicos, Grisólia apresentou dados referentes a um estudo em relação ao limite máximo de resíduos nos alimentos, comparando a presença de resíduos de alguns agrotóxicos utilizados nos cultivos no Brasil, e estes mesmos produtos quando utilizados nas plantações na União Européia, comprovando que ainda há muita disparidade em relação ao limite máximo de resíduos aceitável nos distintos locais. Agrotóxicos que têm um baixo limite máximo de resíduos nos alimentos produzidos na União Européia, no Brasil se encontram em níveis de até 400 vezes maior. Por fim, Grisólia faz um alerta que se o LMR estabelecido em um país é muito alto, nenhuma amostra de alimento será considerada contaminada e de uso não permitido.
Ao final do encontro, Grisólia comentou sobre seus estudos futuros e uma provável ligação entre os agrotóxicos e a ocorrência de microcefalia em crianças. Fato que ainda levará alguns anos de estudo para comprovação. Verificou-se que é trabalho de todos a busca por alternativas mais sustentáveis e que garantam produtividades satisfatórias sem que para isso seja necessária a exposição das pessoas aos perigos provenientes do uso desenfreado de agrotóxicos na agricultura. O momento em que vivemos exige soluções voltadas à manutenção da vida no planeta de maneira que novas alternativas já vêm sendo adotadas, gerando resultados muitas vezes acima do esperado.
Júlia Pess dos Santos, Natiane C. Ferrari Basso
Estudantes do Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade - PPGSA, Unijuí.
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