Unijuí estreita laços de pesquisa com universidades europeias - Unijuí

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Por Vera Raddatz

               

Comitiva em frente ao complexo de prédios de Innsbuck, onde fica o Instituto de Geografia

Professores da Unijuí realizaram missão acadêmica na Europa de 23 de abril a 4 de maio, para estabelecer e estreitar relações com universidades da Áustria, Espanha e Portugal, na perspectiva da internacionalização da universidade, a partir do intercâmbio e da pesquisa. Participaram da comitiva os professores Dilson Trennepohl, Martinho Luis Kelm, Jorge Oneide Sausen, Vera Raddatz, Vera Trennepohl, Romualdo Kohler, Sandra Fernandes, Leonir Teresinha Uhde, Lídia Inês Allebrandt e a doutoranda do PPGDR – Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Regional Roseli Fistarol Krüger.    

As reuniões de trabalho iniciaram pela Universidade de Innsbruck, Áustria, dias 23 e 24 de abril, ocasião em que o grupo foi acompanhado pelo Prof. Dr. Martin Coy, diretor do Instituto de Geografia da Universidade de Innsbruck, com a qual já existe um convênio institucional. A recepção ocorreu na Assessoria de Relações Internacionais, com a presença do diretor Mathias Schennach e da responsável pelos intercâmbios da universidade Sandra Scherl.

Na oportunidade, Sandra Scherl salientou o interesse em receber os estudantes da Unijuí para intercâmbio. Hoje, a Universidade de Innsbruck conta com 28 mil estudantes, 175 cursos, desde o profissionalizante até a pós-graduação, e 16 Faculdades, para assim atender as demandas das mais amplas áreas. A Innsbruck é uma universidade de caráter regional e a mais importante do oeste do Tirol, do Tirol do Sul e do Principado de Lichtenstein. No momento, são 39% de estudantes estrangeiros, salientou Schennach, sendo 4.800 alemães e quatro mil italianos.  Um dos enfoques de pesquisa da Universidade de Innsbruck é determinado pela sua condição geográfica, ou seja, tem como foco a questão alpina, considerando o homem na sua relação com o meio ambiente, a sustentabilidade e o desenvolvimento regional.

O Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional (PPGDR) Dilson Trennepohl situou a Unijuí como universidade e salientou o caráter regional das duas universidades, esclarecendo o foco comunitário da instituição ijuiense, em atividade há 60 anos.

A Universidade de Innsbruck completa 250 anos em 2019 e para tal ocasião está sendo preparada a Escola de Verão, com a possibilidade de comunicação em português e espanhol.  Antes disso, no mês de julho desse ano, Innsbruck estará presente na Unijuí, no I Simpósio Latino-Americano de Desenvolvimento Regional, que ocorre de 16 a 18 de julho, quando o Prof. Dr. Martin Coy fará a conferência de abertura na noite do dia 16/07, sobre “O papel das políticas públicas e atores locais no desenvolvimento em territórios periféricos no âmbito da União Europeia”. Na mesma oportunidade também serão realizadas as atividades da Escola de Inverno na Unijuí.

O encontro em Insbruck reuniu a comitiva da Unijuí com os professores e alunos do Instituto de Geografia, com a apresentação de suas pesquisas com o intuito de se reconhecerem como pares e desenvolver atividades conjuntas. A comitiva foi recebida também no Instituto de Sociologia.

Ao avaliar a visita da Unijuí, Martin Coy destacou a importância do convênio que existe com a universidade há dois anos e o interesse em realizar pesquisas sobre questões do desenvolvimento regional, como por exemplo, as de incentivo à produção regional e como realizar a sustentabilidade e a produção local, embora as abordagens do sul do Brasil sejam diferentes das da Europa. “Eu acho que nós temos boas perspectivas de cooperação na área da pesquisa”, acentua Coy.

O Instituto de Geografia de Innsbruck desenvolve uma série de pesquisas sobre o Brasil, especialmente sobre o meio urbano e o meio ambiente, contribuindo para a veiculação de imagens positivas e diferenciadas sobre o país. Coy explica que isso tem relação com um passado acadêmico desde os anos 40 e há um grupo que continua nessa tradição, o que se reflete em convênios que existem com várias universidades brasileiras, entre as quais, a Unisc, a Furb e a Unijuí.  O professor Coy afirma ainda que  o Brasil tem uma produção científica muito importante e que é missão do Instituto que ele coordena promover o conhecimento e o acesso a essas obras pelos alunos de pós-graduação europeus.

De Insbruck o grupo se dirigiu à Espanha, onde foi recebido no IGOP, o Instituto de Governo e Políticas Públicas, da Universidade Autônoma de Barcelona, quando se fez acompanhar do Prof. Tenório, professor da FGV e colaborador do PPGDR/UNIJUI.  A diretora do Instituto Raquel Gallego explicou que a UAB é uma universidade que neste ano completa 50 anos e se organiza em forma de Departamentos, Institutos e Faculdades. Os Departamentos são a estrutura mais antiga e as Faculdades são responsáveis pela docência.  Os Institutos têm como principal função a investigação, ou seja, a pesquisa, e reúnem pesquisadores de diferentes áreas com um foco. Buscam sempre inserção na comunidade e financiamentos de agências de fomento para sustentação. O IGOP se desenhou como um Instituto que busca interagir com os territórios, faz pesquisas aplicadas, e se preocupa com movimentos sociais, redes de economia solidária e políticas públicas.

                     

Reunião de trabalho na Autônoma de Barcelona

“É preciso pensar o desenvolvimento numa perspectiva mais crítica e em como desenvolver políticas públicas e estratégias econômicas para serem aplicadas pelo poder público. É importante repensar o próprio modelo de desenvolvimento e intervenção social”, afirma Ernesto Morales, pesquisador do IGOP.

A diretora do IGOP, Profª Raquel Gallego considerou muito importante a reunião com os pesquisadores da Unijuí: “Pudemos conhecer em primeira mão os seus interesses na pesquisa e na formação. Descobrimos que temos muitas coisas em comum e é uma oportunidade muito boa para poder pensar em futuras colaborações”. O Grupo do OGOP acompanhou com atenção o relato da Unijuí quanto às pesquisas realizadas aqui e a diretora salientou que se pode pensar em atividades de intercâmbio como conferências, eventos e projetos conjuntos, porque há muitos temas relacionados ao desenvolvimento do território e às políticas públicas que são de interesse comum.

Ainda na Espanha, a comitiva ijuiense viajou a Zaragoza para uma reunião no Departamento de Contabilidade e Finanças, da Universidade de Zaragoza, instituição de ensino que tem 450 anos. A diretora Profª Lurdes Torres explicou o foco de pesquisa da instituição e a proposta das linhas de pesquisa do Departamento, salientando o interesse crescente de agregar ainda mais valor ao trabalho realizado. Explicou que há um compromisso com uma pesquisa científica para os índices mais altos de publicação, acompanhando e atendendo às exigências europeias. Destacou o interesse pela internacionalização da universidade e a importância de receber intercambistas e alunos para doutoramento, tanto de universidades europeias como latino-americanas. O Prof. Daniel Bagio, do PPGDR/UNIJUI, cumpriu créditos de Doutoramento nessa universidade.

“Entendo que podemos estabelecer algumas linhas de trabalho comuns em algumas questões como as políticas públicas e o setor empresarial”, afirma Lurdes Torres, explicando as possíveis conexões que visualiza com pesquisadores doutores da Unijuí, além do intercâmbio e de produções conjuntas.

A última etapa da viagem contemplou duas universidades portuguesas: a Universidade Lusófona do Porto e a Universidade Trás-Os-Montes e Alto Douro.

                             

 

Na Lusófona, o grupo foi recebido pela reitora Isabel Babo, pelo vice-reitor Joaquim Barbosa e por professores pesquisadores da Faculdade de Ciências Econômicas, Sociais e de Empresas e do Departamento de Ciências da Comunicação e Humanidades, onde há um Programa de Pós Graduação em Comunicação para o Desenvolvimento.

No encontro houve espaço para a exposição das propostas de ensino e pesquisa das duas universidades, com ênfase para as questões relacionadas ao desenvolvimento local e regional. A cidade do Porto hoje está voltada para o turismo e há um enfoque muito forte de pesquisa para entender o que este turismo está significando para o desenvolvimento e quais os impactos sobre a vida na cidade. Outro traço da pesquisa na Lusófona é o marketing e o vinho. A região tem alta sustentabilidade pela produção em vinhos e interessa à universidade estudar o impacto do vinho e a importância das rotas do vinho para o desenvolvimento regional.

Nos estudos de comunicação, o foco é o digital. A reitora Isabel Babo, que é da área da comunicação resume: “o futuro é o digital e o futuro é agora”, destacando a emergência dos estudos da área.

A Reitora avalia a reunião com a Unijuí como muito positiva. Disse que sua universidade tem uma vocação para o lusófono e destacou que o maior número de estudantes estrangeiros é de Angola e do Brasil (81 estudantes brasileiros na graduação e na pós). Em 2017, o Doutoramento em Comunicação para o Desenvolvimento trabalhou 90% com estudantes brasileiros que estiveram em Portugal, realizaram o seu ano curricular e obtiveram avaliação positiva e com sucesso. Estão agora no Brasil produzindo suas teses e depois devem retornar a Portugal para defendê-las, cumprindo assim a mobilidade de estudante da internacionalização das universidades.

Já a mobilidade docente da internacionalização das universidades se cumpre na Lusófona com o intercâmbio de profissionais. Hoje, há um professor da USP na universidade portuguesa, mas outros docentes do Brasil também cumprem temporadas de docência na Lusófona, especialmente nos Programas de Doutoramento. A reitora Isabel Babo disse ainda que os docentes da Lusófona também estão prontos para atuar em universidades brasileiras, inclusive na Unijuí, salientou.

“Em relação aos laços com a Unijuí, é um caminho a percorrer, mas me parece que o encontro de hoje será muito proveitoso especialmente para a área da administração, que nós em Portugal, chamamos de gestão. E também para a área da comunicação”, afirmou a reitora. A professora Vera Raddatz e a pesquisadora Maria José Brittes, do Programa de Doutoramento em Comunicação em Desenvolvimento reuniram-se para tratar de suas pesquisas relacionadas a jovens, jornalismo e cidadania, sinalizando o propósito de realizarem pesquisas afins na área da comunicação.

Na Faculdade de Ciências Econômicas, Sociais e de Empresas da Lusófona acenou-se para estudos conjuntos. A Professora Carla Magalhães avaliou como extremamente positivo o encontro com os professores ijuienses. “Para nós é sempre um prazer trocar este tipo de ideias, intercâmbios com colegas de outras instituições, ainda mais de outros países e ainda mais do Brasil que é um país, que para nós portugueses é muito especial”.

Carla Magalhães afirmou que o encontro é muito significativo para o futuro intercâmbio de professores e alunos. E no cenário da pesquisa muitas portas podem se abrir. “Portanto, agora é uma questão de nos organizarmos”, salienta Carla que disse ter ficado com a sensação de que o desejo é de ambos os lados.

O principal ponto de intersecção da pesquisa com a Lusófona parece ser mesmo a gestão e a administração, mas sempre com o foco no desenvolvimento regional. “Creio que a comunicação também, e nesta área a Lusófona está muito desenvolvida”, salientou a professora Carla Magalhães.

A missão acadêmica da Unijuí viajou por último até Vila Real, em Portugal, para estabelecer contatos com a Universidade Trás-Os-Montes e Alto Douro -  UTAD -, onde duas egressas do Mestrado do PPGDR/UNIJUI estão fazendo Doutorado: Fabíola Polita e Rosângela Oliveira Soares Lanes.

A UTAD, cujo lema é uma Eco-Universidade para o futuro, mantém um Programa de Doutoramento em Agronegócios e Sustentabilidade em parceria com a Universidade de Évora. Seus principais objetivos visam à produção do conhecimento com o objetivo de compreender e responder aos desafios da cadeia agroflorestal e alimentar, tendo em vista a inovação e a sustentabilidade da região. 

São preocupações das pesquisas, questões como o turismo, o patrimônio cultural, o mercado, o território, os recursos e as políticas públicas. A intenção da pesquisa científica é de incidir sobre os territórios na tentativa de compreender seus problemas e desenvolver competências para interagir com empresas e a sociedade.

Fabíola Polita deu um belo depoimento sobre a trajetória da Unijuí e a importância da universidade aqui na região durante o encontro. A ex-aluna da EFA – Escola Francisco de Assis e egressa do PPGDR/UNIJUI faz seu Doutoramento na universidade portuguesa, e disse que procura fazer por lá um trabalho competente e qualificado que nos represente. A partir dessa aproximação, Fabíola disse estar pronta para fazer o acolhimento aos estudantes da Unijuí que forem para a Trás-Os-Montes e os professores que possam vir a fazer intercâmbio docente naquele país.

“Muito significativo esse intercâmbio e a experiência que estou vivendo é única”, afirma Rosângela Lanes, outra egressa da Unijuí, que também cumpre o segundo ano de doutoramento na mesma Universidade portuguesa.

A Profª Livia Madureira, coordenadora do Programa de Doutoramento em Desenvolvimento, Sociedade e Território da Universidade de Trás-Os-Montes, que acolheu a comitiva ijueinse,  manifesta sua satisfação em relação à iniciativa do grupo de realizar esta reunião e encontro de intercâmbio: “ São muitas as possibilidades de cooperação, seja aqui ou lá, no âmbito de outras cooperações que já foram estabelecidas a nível europeu e portanto podemos começar a trabalhar em pesquisas concretas e pesquisas comparadas, publicações, participar na Escola de Verão Internacional”.

A Coordenadora acredita que temos muitos pontos em comum, uma visão interdisciplinar, um corpo de professores com percursos variados que criam a base para essa investigação interdisciplinar. “Interessa muito essa questão de articular a escala local com a escala global com o que se passa na macro escala. No fundo temos questões comuns, embora com perspectivas diferentes, mas com potencial de explorar essas diferenças”, explica  Lívia Madureira.

A partir desses encontros e reuniões nas universidades europeias a comitiva da Unijuí observa a importância de articular sua pesquisa de caráter local e regional, articulando-a com as instâncias de nível macro, observando os movimentos circunstanciais produzidos nos diferentes contextos, mas que têm influências significativas principalmente na organização das comunidades e nas formas de sustentabilidade.

O enfoque pode ser os negócios, empresas, mercados, inovação, tecnologia, escalas de produção e consumo, meio urbano e rural, mas do ponto de vista da pesquisa, são os recursos naturais e humanos que precisam ser considerados como a maior riqueza do planeta e por isso respeitados e valorizados.

Pensar o presente e o futuro - com olhos digitais - pode significar a necessidade que temos de buscar para além daquilo que estamos visualizando, um compromisso ainda maior com a cooperação, as redes numa perspectiva internacional, mas sem perder de vista a terra, as raízes e as culturas nativas.

Investir em pesquisa é a base para a geração do conhecimento e o estímulo à produção do desenvolvimento.

Entrevista na UNIJUÍ FM

Na manhã de quarta-feira, dia 16 de maio, Sérgio Luis Allebrandt, professor da pós-graduação em desenvolvimento e Roselí Fistarol Kruger, Doutoranda de Desenvolvimento, estiveram na Unijuí FM e falaram sobre a missão. Confira em vídeo abaixo, na íntegra:

                              


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