Projeto discute papel formador da escola de Ensino Médio - Unijuí

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Qual é o papel da escola e do professor? Ensinar apenas o conteúdo ou também colaborar para transmitir valores? Muitas vezes, gestores escolares e também professores dividem opiniões sobre qual seria a função da escola e da família.

Para entender esse processo, o projeto de pesquisa “Entre ensinar e educar: o papel formador da escola no Ensino Médio”, coordenado pela professora Vânia Lisa Fischer Cossetin, busca discutir o papel da escola e dos professores da rede pública de Ensino Médio no processo formativo de sujeitos.

Na primeira etapa, através da aplicação de um questionário, a pesquisa analisou a compreensão dos docentes sobre o que é a formação, qual sua posição nesse processo e se os papeis poderiam ser compartilhados entre escola e família. Ao todo, responderam o questionário 47 professores. Duas questões em especial foram analisadas pelas pesquisadoras, em meio às 15 elaboradas.

A primeira exigia dos professores que, dentre inúmeras alternativas (ensinar, educar, formar, sancionar, ensinar valores religiosos, ensinar valores morais, cuidar, aconselhar, proteger, informar, disciplinar, ouvir, punir, profissionalizar e humanizar), indicassem quais delas eram apenas de responsabilidade da família, apenas da escola ou de ambas.

                             

A pesquisa destacou três pontos importantes: 1) não há consonância entre as posições docentes; 2) há uma incompreensão sobre a relação entre educação e formação moral; 3) os professores não têm claro a relação entre ensinar e formar. Os professores entendem que a moral deve ser ensinada pela escola (74%), mas não a associam diretamente com as noções de formação e educação.

A segunda questão solicitava que os educandos indicassem, por ordem hierárquica, quais os valores que norteiam a sua prática (religioso, éticos ou científicos/racionais). Foi constatado que os princípios científicos/racionais estão em primeiro lugar, os éticos em segundo e os religiosos em terceiro.

De acordo com Vânia, de uma forma ou de outra, valores são veiculados no processo formativo de um sujeito, porque na própria seleção de conteúdos e metodologias, o professor já está se posicionando valorativamente diante do conhecimento. Há uma orientação moral que o conduz na seleção do que e como será trabalhado.  “O professor encaminha esse processo à revelia do coletivo, cada um faz aquilo que entende que seja moralmente bom e justo. Então fica a critério de cada sujeito formador eleger aquilo que considera como mais recomendável ou ideal”, destaca.

Conforme a bolsista Emanuelle Schmidt, nas entrevistas foi percebido que não há clareza da parte dos professores e gestores. “Um exemplo foi uma professora de matemática que por ensinar cálculos ela disse que não precisaria ensinar conteúdos mais formativos e valorativos”, lembra. 

                    

A professora Vânia, que atua no Programa de Pós-Graduação em Educação nas Ciências e a bolsista Emanuelle Schmidt, estudante de Psicologia

Já na segunda, e atual etapa, a pesquisa busca identificar qual o conceito de formação explicito nos documentos legais, averiguar se eles esclarecem o que seja o formativo no processo educacional e se tal noção possibilita ao professor minimamente a compreensão do seu papel nesse contexto.

Durante o período de 1º de agosto de 2016 à 15 de janeiro de 2017, foram trabalhadas leituras de obras relacionadas ao tema, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (Bases Legais e Ciências Humanas), dentre outros.

A partir das leituras dos documentos legais, foram elaboradas tabelas, com objetivo de demonstrar quantas vezes o conceito de formação aparece nos documentos, relacionado a quais conceitos, como ele pode ser compreendido e qual a relação com a noção de formação expressa pelos professores entrevistados na primeira etapa da pesquisa. 

Desde o início da pesquisa, o projeto vem sendo divulgado em eventos científicos. A bolsista também destaca que, ao realizar a pesquisa, aprofunda os conhecimentos, levando para sala de aula temáticas que podem ser debatidas com colegas e professores. 


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