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O projeto AgroIndustrialização de Hortaliças Orgânicas procura incentivar a produção na Região Noroeste do Estado.
Consumir 7,36 litros de veneno agrícola por ano parece uma ideia assustadora. E, segundo dados da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva) essa é a média de consumo de agrotóxicos do brasileiro. Em regiões como o Noroeste Gaúcho, na região de abrangência da Unijuí, o número pode chegar até 12 litros, de acordo com matéria publicada recentemente pela BBC Brasil, citando dados da Associação. E isto é apenas uma estimativa, já que não há um sistema de informações que registre e sistematize os dados sobre agrotóxicos no Brasil.
Esses dados alarmantes tornam o Brasil o maior mercado de agrotóxicos do mundo. Na contramão desta tendência, a Universidade, através do projeto de pesquisa “AgroIndustrialização de Hortaliças Orgânicas”, vai incentivar a produção orgânica de alimentos.
Coordenado pelo professor Raul Vicenzi, o projeto, desenvolvido na Unijuí, é financiado pela Secretaria de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, por meio de Polos Tecnológicos. Em seu primeiro ano de existência, o projeto tem como objetivo desenvolver produtos a partir de hortaliças orgânicas de produtores da Unicooper de Santa Rosa, uma central de pequenas cooperativas de agricultores familiares.
Da lavoura dos produtores, as hortaliças serão trazidas para o Laboratório de Análises da Unijuí. No laboratório, os resultados dessas análises vão mostrar a quantidade de agrotóxicos existente em cada hortaliça. Segundo Raul, a ideia é fazer a avaliação da qualidade dos produtos normais, dos convencionais e dos orgânicos para ver essas diferenças e dialogar com os produtores sobre esses resultados para, assim, aumentar a qualidade dos alimentos e diminuir os índices de agrotóxicos.
A partir daí, serão produzidos dois produtos: “no início do projeto pensamos em desenvolver salsa e cebolinha desidratada. E também um mix de alimentos como esses do mercado que a gente compra congelado para fazer sopa, por exemplo”, comenta Raul. Teste de química, teste sensorial e teste fisiológico serão feitos nos produtos prontos para avaliar a qualidade dos mesmos.
Segundo dados da Anvisa, o Brasil é o país que mais consome agrotóxicos no mundo. Reduzir esse consumo é um dos principais resultados esperados pelo projeto. Para alcançar esse objetivo, o projeto quer incentivar o crescimento da produção orgânica e consequentemente da alimentação orgânica. Segundo o professor Raul, a valorização da matéria prima também é fundamental. “A ideia é que com a industrialização aumente o período de conservação desses alimentos agregando valor e movimentando a economia dos produtores”, comenta.
Quando obtidos os resultados e a receita dos alimentos orgânicos, as instruções para a industrialização serão transferidas para os produtores. Isso tudo por meio de cursos. Além das análises no Laboratório da Unijuí, a SETREM de Três de Maio entra como parceira. Os resultados obtidos serão encaminhados para Ijuí.
O Salão do Conhecimento da Unijuí, evento que ocorre no fim do mês de setembro, será fundamental para a divulgação do projeto, que promoverá o Seminário ‘’Produção Orgânica e Sustentabilidade’’, com o Engenheiro Agrônomo e Mestrando em Agrossistemas, César Alexandre Bourscheid, na Universidade Federal de Santa Catarina. O evento está na programação do campus Santa Rosa, no dia 29 de Setembro.