O projeto "Saberes e Sabores - Memórias Alimentares Tradicionais de Comunidades do Noroeste do RS" está trazendo à tona histórias e vivências ligadas à comida, que vão muito além de uma simples refeição. Com a condução da Associação de Amigos do Museu Antropológico Diretor Pestana e o próprio Museu, a iniciativa envolve a participação ativa de diferentes grupos comunitários de Ijuí, como o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). Dentro desse serviço, destaca-se o grupo de Idosos Conviver do CRAS, que reúne moradores de vários bairros, e o grupo Envelhecimento com Protagonismo do Hospital Bom Pastor. A Unijuí também se faz presente com o Programa Integrado para a Terceira Idade (PITI), unindo ainda mais vozes nessa jornada de resgate cultural.
Essas rodas de conversa são verdadeiros encontros de gerações, onde os participantes revivem lembranças saborosas de tempos passados, compartilhando como as refeições não eram apenas momentos de comer, mas de fortalecer laços familiares e transmitir tradições. Cozinhar em grupo era comum, e cada receita levava consigo uma história, passada de pais para filhos, preservando a cultura e a identidade de cada família.
A ideia vai além do simples ato de registrar memórias. Ele estimula reflexões sobre as mudanças que aconteceram com o passar dos anos. Antigamente, os alimentos vinham direto da terra, colhidos nas pequenas propriedades familiares, e o preparo das refeições seguia ritmos bem diferentes dos de hoje. Agora, com a correria do dia a dia e o uso frequente de produtos industrializados, muitos participantes notam o contraste entre as refeições de antigamente e a realidade atual. Mesmo assim, as receitas antigas continuam a ser um ponto de conexão, trazendo à tona as lembranças dos modos de preparo e dos ingredientes que fazem parte da história dessas famílias.
Os encontros têm sido momentos especiais de resgate cultural. Além de relembrar as histórias, há uma troca rica de receitas tradicionais e verdadeiros tesouros gastronômicos que ajudam a manter viva a memória coletiva das comunidades.
O projeto conta com o apoio da Secretaria de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul (SEDAC/RS), através do Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais (Pró-Cultura RS), e é financiado pela Lei Paulo Gustavo. Até agora, as pesquisas já envolveram diversos grupos, incluindo os moradores dos bairros Storch, Ferroviário e o Distrito de Santana, revelando um rico panorama das tradições alimentares da região.
Esse trabalho de resgate das memórias alimentares fortalece o sentido de pertencimento e ajuda a construir pontes entre o passado e o presente, mostrando como a comida continua sendo um elo poderoso que une as pessoas e mantém viva a cultura local.