Madp dá início a projeto que resgata práticas alimentares indígenas da região - Unijuí

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Preparo do Fuá, comida tradicional presente na alimentação do povo Kaingang. Registro da pesquisa de campo realizada na Terra Indígena do Guarita, 17 de setembro de 2024.

A culinária que hoje enriquece as mesas brasileiras carrega, muitas vezes sem que percebamos, a forte influência dos povos indígenas. Alimentos como milho, mandioca, feijão e amendoim, tão presentes em nosso dia a dia, são heranças diretas das práticas agrícolas e alimentares desses povos que, além de cultivarem esses ingredientes, desenvolveram técnicas de preparo e conservação compartilhadas entre gerações.

Com o intuito de registrar e valorizar essas tradições, o Museu Antropológico Diretor Pestana (Madp) deu início a um projeto de pesquisa financiado pela Lei Paulo Gustavo e fomentado pela Secretaria da Cultura do Estado do Rio Grande do Sul – SEDAC/RS, por meio do Concurso SEDAC nº 11/2023 – Pesquisa, Registro e Memória. Intitulado "Saberes e Sabores - Memórias alimentares tradicionais de comunidades do Noroeste do RS", o projeto busca documentar e destacar a riqueza das práticas alimentares indígenas da região, promovendo um reencontro com a cultura que moldou grande parte da alimentação contemporânea.

O trabalho de campo teve início na Terra Indígena do Guarita, o maior território indígena do Rio Grande do Sul, que abrange parte dos municípios de Tenente Portela, Redentora e Erval Seco. Com a autorização do Cacique Valdones Joaquim, a equipe de pesquisa visitou diversas áreas da comunidade, guiada por Laisa Sales Ribeiro, integrante do corpo técnico do projeto. 

Laisa enfatizou a importância de vivenciar essas tradições diretamente no território: "Nós passamos a manhã visitando o território indígena do Guarita e tivemos a oportunidade de degustar pratos típicos do povo Kaingang. Esse é um momento crucial para o projeto, pois o trabalho parte da prática, não apenas da teoria. Isso fortalece não só o nosso projeto, mas também a cultura indígena, que não é algo do passado, mas está viva e se projetando para o futuro."

Essa imersão no cotidiano das comunidades indígenas, que envolveu visitas a casas e a observação de artesanatos, culminou com a degustação de pratos tradicionais, demonstrando a relevância de integrar a prática à pesquisa acadêmica. O contato direto com os alimentos e as técnicas tradicionais é fundamental para compreender a profundidade e a continuidade dessas práticas culturais.

Ao unir passado, presente e futuro, o projeto vem para ressaltar que a sabedoria alimentar indígena é uma parte viva da nossa cultura. A valorização dessas práticas ancestrais é essencial não só para a preservação das tradições, mas também para promover uma alimentação sustentável e práticas de relação e valorização da natureza.


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