O Sítio Arqueológico Krüger foi descoberto no ano de 2022 durante uma das etapas de Licenciamento Ambiental do condomínio Ijuí Eco Reserva. Trata-se de uma ocupação pré-colonial com material lítico lascado, onde destacam-se machados de mão, possivelmente utilizados para corte de árvores. Estes artefatos são amplamente encontrados no Planalto Sul Rio-grandense e têm a referência temporal ligada a grupos indígenas bastante antigos, muito anteriores à chegada do colonizador europeu.
A equipe do Museu Antropológico Diretor Pestana (Madp) foi até o Sítio para entender o processo de identificação e mapeamento desenvolvido pela Arqueo-Tri, empresa que oferece consultoria em Arqueologia no âmbito do Licenciamento Ambiental. Clóvis Schmitz, o arqueólogo responsável pela pesquisa, ressalta que a partir da marcação de cada fragmento, o espaço é sinalizando com as bandeirinhas amarelas, facilitando o visual, para que a equipe de topografia possa ir marcando os pontos e sabendo de onde os artefatos saíram. A coleta do material acontece somente após o ponto estar devidamente registrado.
O nome do sítio faz referência à família Krüger, antiga proprietária de uma colônia de terras neste local (Linha 04 Oeste). Descendem dos imigrantes alemães que ajudaram a colonizar Ijuí no final do século XIX. Neste local, montaram uma olaria para fabricação de tijolos e telhas, sendo de extrema importância para o desenvolvimento da economia local, do município e da região.
No momento, a equipe está desenvolvendo o salvamento do sítio, processo que se complementa com outras etapas: monitoramento da obra e educação patrimonial. A etapa de educação patrimonial foi realizada em escolas públicas no entorno do empreendimento e também no Museu Antropológico Diretor Pestana.
A palestra abordando a “Arqueologia no licenciamento ambiental: o caso do Sítio Arqueológico Kruger - Ijuí/RS” foi conduzida pela Arqueo-Tri, e teve o objetivo de deixar uma contribuição para a comunidade que se encontra no entorno do sítio identificado, abordando formas de pensar e reconhecer o patrimônio para a sua valorização. Jaqueline Sampaio, historiadora responsável pela etapa da educação patrimonial, ressalta que a ação torna a história comunicável para que mais pessoas possam saber sobre a nossa história e sobre a nossa memória.
Para quem está curioso, as peças encontradas estarão presentes na próxima Exposição Temporária do Museu, projeto que abordará a resistência indígena, realizada no mês de agosto, mês em que se pontuam as reflexões sobre o “Agosto Indígena”.