Rizoma Temático debate violência nas escolas e o perigo da propagação de informações sem checagem - Unijuí

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A propagação de Fake News que impulsionam o pânico nos últimos dias, frente aos acontecimentos bárbaros de ataques violentos acontecendo nas escolas de todo país, não tem ajudado em nada na segurança e bem-estar da comunidade escolar. Órgão de segurança, de educação e esferas municipais e estaduais de todo país vem se reunindo para tentar encontrar soluções para as ondas crescentes, não apenas da violência, mas da intolerância e irresponsabilidade do compartilhamento deste tipo de informação que, em muitos casos, não se confirmam como verdade. 

Para abordar a temática “Sociedade doente: a violência travestida faz seu trottoir”, o Rizoma desta semana convidou a mestre em Serviço Social, professora do curso de Serviço Social da UPF, coordenadora do Observatório da Educação, Juventude e Sociedade, professora Clenir Maria Moretto; o mestre em História, pesquisador do GP Mundus - Direitos Humanos, Governança e Democracia - Unijuí e do GT - Imagem, Cultura Visual e História - ANPUH, professor Ivo Canabarro; o bacharel e licenciado em Filosofia pela PUCRS, mestre e doutor em Educação pela UFRGS com tese sobre neoliberalismo e neofascismo, professor Renato Levin Borges; e a assessora da Cipave+ da 36ª Coordenadoria Regional de Educação, referencial da Rede de Proteção de Ijuí e conselheira pela 36ª no Comdica, Angela Linck de Jesus.

Sobre o crescimento do clima de ódio sendo dissipado pelas redes sociais, o professor Renato Levin Borges destaca que no Brasil, tivemos pouco mais de 20 atentados às escolas nos últimos 10 anos. Destes, mais de 10 atentados aconteceram nos últimos 4 anos, ou seja, se tornou exponecial. “Quando a gente faz a monitoria desses grupos de captura de jovens, percebemos que isso acontece, normalmente, em grupos com jovens brancos e homens, pois vem pelo discurso da supremacia branca e masculinismo. Os locais onde isso acontece são em comunidades de jogos online, de desenhos de Anime, dentre outros. Com a pandemia os jovens se tornaram ainda mais isolados, vivendo em uma sociedade que fomenta a competição entre si, e que utilizam da internet para encontrar semelhantes. E a principal diferença é que isso não acontece mais na deep web, isso acontece dentro de redes sociais comuns, como o próprio twitter, por exemplo”, destaca e acrescenta que, enquanto sociedade, não podemos propagar qualquer informação sobre isso. “Nós temos muita boa vontade em querer levar a informação, mas aí acontece o que nós pesquisadores intitulamos de efeito contágio: isso significa que há jovens que passam a cometer ataques sem nem estar radicalizados ou entender o motivo, mas fazem pelo efeito contágio. Hoje estamos vivendo isso”, esclarece.

O professor Ivo Canabarro trouxe ao debate a questão da violência estrutural, que no contexto histórico do Brasil, desde a época dos índios, até as construções familiares, sempre foi uma temática presente. “O que é importante salientar, no entanto, é que a questão da violência não é algo específico das populações vulneráveis, ela se estende a todas as classes sociais da sociedade brasileira. E as cenas de violência vivenciadas dentro de casa, muitas vezes pelas próprias crianças, dão margem para a repetição desses mesmos atos”, afirma.

Para Clenir Maria Moretto, professora e coordenadora do Observatório da Educação, Juventude e Sociedade, com os atuais acontecimentos tem se falado muito de culpa, mas é importante ter o cuidado de pensar na responsabilização da sociedade, do Estado e das famílias. “Apesar de sim, a negligência estar presente nesse contexto, ela é só um dos elementos deste caleidoscópio, porque ela não explica por si só todo o contexto. E precisamos ter muito cuidado, pois existe uma responsabilidade do próprio Estado em construir políticas públicas que deem conta das necessidades destas famílias, que não são apenas necessidades alimentares, mas também o aprender da paternidade e maternidade, por exemplo”, destaca. 

Angela Linck de Jesus, assessora da Cipave+ da 36ª CRE, destacou que nas escolas, em especial da região de abrangência da 36ª Coordenadoria de Educação, o fluxo de violência é pequeno. “Nunca houve ataque em nenhuma das escolas e os casos de violência não são graves, onde sempre conseguimos assessorar por meio do Programa Cipave+ em que trabalhamos a prevenção”, destaca.

O Governo Federal divulgou, nesta semana, uma orientação aos profissionais da educação sobre como proceder nos casos de boatos sobre ataques nas escolas com objetivo de evitar o pânico, o medo e caos, principal objetivo de quem compartilha esse tipo de informação. No manual, há um passo a passo que orienta, em caso de ter informações exatas, informar os órgãos de segurança do município por meio do 190; Caso a postagem estiver ativa em alguma rede social, é importante encaminhar a denúncia para o Ministério da Justiça por meio do site https://www.gov.br/mj/pt-br/escolasegura; Orienta ainda procurar por informações específicas e confiáveis com a polícia local ou Secretaria Municipal ou Regional de Educação. Jamais divulgar a informação sem antes confirmar essas informações; Por fim, jamais envolver crianças nesse processo de averiguação de informações da denúncia. 

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Para ouvir o debate completo, acesse o Rizoma Temático no Podcast.


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