De um lado salários e fortunas imorais. De outro, a renda básica ou miséria absoluta. Não é de hoje que a desigualdade social ronda a humanidade evidenciando até certa “falta de evolução” enquanto espécie coletiva. Porém, em um mundo conectado, situações cada vez mais bizarras, demonstrando grandes contrastes, nos chamam atenção para a não normalidade destes atos. Foi nesse sentido que o Rizoma Temático desta debateu os “Contrastes da desigualdade social”.
Para falar sobre o tema estiveram presentes nos microfones da Unijuí FM a assistente social, especialista em Gestão Pública e presidente do Conselho Municipal de Assistência Social de Ijuí, Daiane Oliveira; o doutor em Sociologia e professor do curso de Direito da Unijuí, professor Ênio Waldir da Silva; e o Doutor em Psicologia e professor do curso de Psicologia da Unijuí, professor Gustavo Héctor Brun.
Para o professor Ênio, devido às tecnologias informativas, nos últimos anos há uma visibilidade maior das situações da sociedade que antes passavam despercebidas aos olhos da massa populacional. “No entanto, as análises econômicas realizadas pelos economistas, demonstram que a lógica distributiva mudou nos últimos anos, havendo sim mais desigualdade hoje do que havia antes. Não porque cresceu a população, mas na proporcionalidade do que se tinha antes, na forma de se analisar a desigualdade, havia sim menos diferença do que se pode notar hoje. Isso significa que podemos classificar quatro desigualdades que são muito pesadas e que precisamos pensar de forma mais rigorosa: a social, a política, a cultural e a econômica”, esclarece.
O professor Gustavo Héctor Brun, reflete sobre o uso desenfreado das mídias sociais e como isso tem contribuído para acelerar e agravar o processo de desigualdade social. “No entanto, nas últimas décadas temos uma interrogação sobre o lastre que tem nesse dinheiro que se produz. Será que o petróleo, o ouro, já não servem mais de lastre para o capital que circula? Qual é o modo de denominação contemporânea? Será através das necessidades básicas ou serão elementos que tecnocracia sugam, como os dados das pessoas, para dentro de determinados meios de poder? Tenho me interrogado um pouco sobre como por meio disso não estamos movimentando uma massa de dados suficientemente forte para alienar e submeter as pessoas. Haverá política, haverá espaço ainda para olhar o nosso semelhante e reconhecer nele alguém para construir em conjunto? Me questiono”, destaca.
Segundo Daiane Oliveira, assistente social, essa desigualdade muitas vezes parece distante, mas ela está próxima da gente e dos nossos lares, só é difícil as pessoas perceberem. “Essa é uma coisa que eu comento bastante. Eu moro em Ijuí há 11 anos, mas eu trabalhava em outro município vizinho. Foi só quando eu vim trabalhar aqui que eu consegui ter a dimensão da realidade da população vulnerável que existe aqui nesse município. Agora enquanto profissional trabalhando com essas pessoas, nós ficamos até surpresos do quão invisíveis essas pessoas são para sociedade. Isso revela o quanto é difícil hoje enxergarmos o próximo e pensarmos no coletivo”, finaliza.
O Rizoma Temática vai ao ar toda quinta-feira com um novo debate relevante à sociedade. A transmissão acontece pela 106.9, no aplicativo da Rádio Unijuí FM e ainda com transmissão no YouTube da Rádio. Se você perdeu o debate desta semana, pode acessar o Rizoma Podcast em uma das plataformas streaming: