Celebrado nesta segunda-feira, 25 de julho, o Dia da Mulher Negra foi instituído pelo governo brasileiro em 2014, por meio da Lei nº 12.987. A data, inspirada no Dia da Mulher Afro-Latina-Americana e Caribenha, é um símbolo de resistência das mulheres negras, que lutam, todos os dias, para sobreviver e para se destacar em uma sociedade estruturalmente racista e machista.
“Os desafios das mulheres negras, atualmente, estão ligados ao passado da sociedade brasileira. Elas foram humilhadas, estupradas, mães solteiras, importunadas sexualmente, ameaçadas, aterrorizadas durante o período colonial. O escravismo destruiu com as rainhas, as estrelas que vieram da África. Hoje, enfrentamos os mesmos problemas, mas com a diferença de que, agora, temos o amparo judicial para terminar ou para denunciar essas violências”, destacou Ana Maria dos Santos, egressa dos cursos de Geografia e Estudos Sociais da Unijuí, professora aposentada, que aceitou o convite do Museu Antropológico Diretor Pestana (Madp) para compartilhar uma mensagem neste dia.
Com vários escritos e artigos sobre a questão do racismo no Brasil, Ana Maria dos Santos traça uma série de desafios para as mulheres negras neste momento, como denunciar as violências sofridas e fazer valer as leis brasileiras. “Precisamos conquistar cada vez mais pessoas para serem antirracistas. Precisamos trabalhar pela recuperação psicológica dos traumas deixados pelo racismo, principalmente entre aquelas que não têm condições financeiras”, destacou.
É necessário, como completa Ana Maria, estudar para garantir o esclarecimento e o poder se defender diante do racismo estrutural. “Precisamos compartilhar experiências, situações vividas, participar de atividades que demonstrem que não somos passivas. Precisamos mostrar que vidas negras importam, sim, e trabalhar para superar os traumas, compreendendo que a justiça brasileira já tem condições de nos auxiliar, de nos defender. Essa é a forma de continuarmos sobrevivendo”, disse.