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Guerra entre Rússia e Ucrânia: professores da Unijuí avaliam primeiros impactos

A guerra na Ucrânia entrou nesta sexta-feira, 25 de fevereiro, em seu segundo dia. A Rússia segue ampliando a invasão contra os ucranianos, embora haja uma expectativa de negociação entre Vladimir Putin, presidente da Rússia, e Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia.

O ataque russo iniciou com o bombardeio de diversas cidades ucranianas, entre elas a capital Kiev, que amanheceu ao som do alarme de sirenes. Ao longo do dia, além dos ataques aéreos, a Rússia investiu contra o país vizinho também por terra e mar, tomando inclusive a usina nuclear de Chernobyl, palco do maior acidente nuclear da história, ocorrido em 1986. As ameaças de invasão por parte do presidente russo iniciaram devido ao interesse do governo ucraniano de ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) - uma aliança militar, criada em 1949, formada por 30 países. Como a Ucrânia é praticamente o território que separa a Rússia da União Europeia, o governo russo viu a proximidade como uma ameaça aos seus interesses políticos e comerciais.

Ainda nesta sexta-feira, o Ministério da Defesa da Ucrânia disse, em comunicado, que as Forças Armadas estão travando duras batalhas para repelir os ataques do Exército russo e que o fornecimento de armas a todos os cidadãos havia começado.

Para entender um pouco deste cenário, a Unijuí FM entrevistou quatro professores das áreas de história, economia e direito. Confira trechos de suas falas e, abaixo, as entrevistas na íntegra:

Gilmar Antônio Bedin, professor da Unijuí, doutor em Direito e pós-doutor em Teoria Política Contemporânea

“Todo conflito bélico traz consequências para todas as regiões do mundo, uma vez que desafia a ordem estabelecida e também tumultua os fluxos econômicos, planetários que hoje estão estabelecidos. Portanto, uma guerra, em qualquer lugar do mundo, tem consequências.  No caso do Brasil e de países que estão mais distantes, as consequências tendem a ser mais econômicas e, eventualmente, políticas. A questão mais imediata é o preço do petróleo, que já estava estratosférico, na casa dos 90 dólares. Hoje estamos falando em 100 dólares e há previsões de 125 dólares. Todos nós, bem ou mal, vamos sentir esse custo, uma vez que a Petrobras está também inserida no mundo, portanto, seguindo os preços internacionais”.

Jaeme Luiz Callai, professor da Unijuí e mestre em História

“Para entender este contexto, podemos pensar na fábula do lobo que, quando quis comer o cordeiro, achou uma justificativa. No início da Segunda Guerra, a Alemanha considerava que os alemães dos Sudetos, na República Tcheca, deviam ser incorporados ao seu país, e o Ocidente acabou concordando. Agora a Rússia diz a mesma coisa, que tem população na Ucrânia que é de língua e cultura russa. A mesma coisa dizem os americanos quando vão ao Iraque, ao Irã, ao Afeganistão. Se eu tenho interesses expansionistas, em ampliar meu poder, acho uma justificativa”.

Argemiro Luis Brum, professor da Unijuí e doutor em Economia Internacional

“Quanto às questões econômicas, elas são evidentes. As bolsas de valores no mundo inteiro e aqui no Brasil despencam em épocas de atritos, de tensões que acontecem dessa forma. Como aquela região é muito rica em petróleo e gás natural, sendo inclusive exportadora, o petróleo dispara, o preço do gás sobe. Se o conflito durar muito tempo, vai haver repasse para nós, vai pressionar a inflação, o preço dos alimentos. Lembrando que já havia, antes do conflito, uma defasagem nos preços dos combustíveis aqui pra nós, de 7 a 10%, em relação aos preços nacional e internacional. Agora a coisa vai piorar. O que segura um pouco isso é o câmbio”.

Dinarte Belato, professor sênior da Unijuí e mestre em História

“Esse fenômeno do movimento, da invasão da Rússia sobre a Ucrânia, tem que ser compreendido dentro de uma dimensão geopolítica. Significa entender melhor como as grandes potências desenvolvem estratégias de poder e de dominação global. Por isso é importante observar os Estados Unidos, que terminaram a Segunda Guerra se transformando numa grande potência mundial. Mas isso não prosseguiu ao longo do tempo. A partir da década de 1970, 1980, 1990 e primeira década de 2000, houve uma decadência na sua estratégia global de dominação. Frente a isso, os EUA resolveram recompor sucessivas guerras ao Oriente Médio, Extremo Oriente, África. Então essa, de fato, não é a primeira guerra ou invasão que temos. Os Estados Unidos entraram em todo o Oriente Médio.”


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