Parceria entre Madp e Prefeitura, documentário “As Benzedeiras” já está sendo gravado - Unijuí

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A ação proposta pela Prefeitura Municipal de Ijuí, através da Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo, pretende elaborar o registro em um documentário e uma exposição fotográfica sobre o patrimônio cultural e as atividades das benzedeiras em Ijuí.

A expressão da figura da benzedeira enquanto ícone de saberes e religiosidade foi durante muito tempo a única alternativa a recorrer para sanar mazelas, tanto de ordem física quanto espiritual, razão pela qual era altamente requisitada e prestigiada. 

Ainda é possível encontrar pessoas que benzem, tanto no espaço urbano como no rural. Foi percebido também que, ainda que com o atendimento médico disponibilizado pelo poder público, há pessoas que não dispensam a consulta à benzedeira conforme necessitam - o que denota a participação destes sujeitos sociais enquanto figuras da identidade cultural de parte da população. 

Ainda que possamos encontrar pessoas que praticam benzeduras, o número vem reduzindo, o que demonstra a urgência em registrar esta atividade, pois segundo o que a redução da presença apresenta, é real a possibilidade desta prática desaparecer. 

Desta maneira, com as pesquisas desenvolvidas, a etapa de registros para o documentário já começou a ser realizada. A equipe responsável pelas gravações com os atores principais está à procura de material, nas residências dos participantes e entrevistados. A produção continua em vigor, pois não são poucos os praticantes dos benzimentos que irão dispor de sua imagem e relatos para o desenvolvimento do documentário. 

Como pesquisadora do projeto, Patrícia Franco, que está encarregada dos trabalhos fora das câmeras, mas participa das visitações, relata um pouco da experiência na construção do projeto. “Ao ser convidada para participar do projeto como pesquisadora da história oral dos benzedores de Ijuí, prontamente fui remetida a uma memória afetiva, afinal, esses personagens fizeram parte da minha infância. Lembrava-me das senhorinhas de meu bairro, que sempre muito carinhosas benziam as crianças que faziam fila à sua porta, com um galho de arruda e um copo d’água, fazendo o sinal da cruz e proferindo orações de bendizer, sempre rodeadas por seus santos, rosários e pela aura de fé e devoção. De alguma forma, melhoramos da dor de barriga, da noite mal dormida ou da falta de apetite e voltávamos para as brincadeiras de criança”, contou.

“Resgatadas as minhas lembranças, o projeto me levou, então, a fazer o resgate das memórias desses homens e mulheres que tanto contribuíram para o bem-estar físico e psicológico de tantas pessoas. Através da pesquisa, mergulhamos em um universo feito de altruísmo, fé, mãos fortes e atuantes na cura dos mais diversos males. São 10 benzedeiras e benzedores que nos abriram as portas de suas casas e nos mostraram que as práticas de cura pelo benzimento resistem ao tempo, ao avanço tecnológico e ao cotidiano moderno e veloz. É um trabalho baseado na memória do bem cuidar”, finalizou.

Texto por Giordano Toniazzo


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