Nunca se ouviu falar tanto em cultura do cancelamento quanto agora. Nesse movimento, que acontece principalmente nas redes sociais, há um incentivo para que as pessoas deixem de apoiar determinadas personalidades ou empresas, em razão de um erro ou conduta. Mas até que ponto essas críticas massivas são aceitáveis? Quais as consequências desta ação?
Para debater o assunto, o Rizoma Temático da Unijuí FM convidou a coordenadora da Clínica Escola de Psicologia no Campus Santa Rosa, Taís Cervi; a coordenadora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unijuí, professora Nilse Maldaner; e a jornalista e digital influencer Ana Louíse Diel, egressa dos cursos de graduação e pós-graduação da Unijuí. O programa foi ao ar nesta quinta-feira, dia 6 de maio.
Conforme explicou a professora Nilse Maldaner, esse ‘cancelamento’ já acontecia anteriormente, mas foi potencializado pelas mídias sociais e por este período de pandemia, em razão de as pessoas estarem mais conectadas.
“Na cultura do cancelamento, se uma pessoa não gosta da atitude, da ideia de alguém ou de alguma marca, ela se desliga e passa a realizar um movimento para que haja consequências ao autor. É um tema complexo. Não só as pessoas, mas as empresas passam a ser impactadas por certos posicionamentos, e acabam tendo consequências se os influenciadores que divulgam seus produtos têm uma atitude considerada errada”, explicou a docente.
Atuando como digital influencer, a jornalista Ana Louíse destacou que todos têm medo do cancelamento hoje. Mas observou que atitudes e opiniões, emitidas por pessoas públicas ou empresas, por vezes são interpretadas de uma forma errada. “Nunca fui ‘cancelada’, mas, sim, tenho medo. Tanto que busco não ser radical em meus posicionamentos. Tenho meu estilo de vida, posição política, religiosa, time e orientação sexual. E como há pessoas de diferentes estilos que me acompanham, busco respeitar e não me expor. Sei que existem divergências”, reforçou a profissional.
Segundo a coordenadora da Clínica Escola de Psicologia no Campus Santa Rosa, Taís Cervi, a cultura do cancelamento causa diferentes impactos, especialmente às pessoas. “Profissionais, a exemplo do digital influencer, têm um medo permanente de que sua imagem se dissolva no ar. Medo da suspensão, de não aparecer, de não ter engajamento. Entre os problemas que a cultura do cancelamento causa é a exclusão social e a redução de debates, do diálogo. Afinal, eu não concordo com a opinião do outro, ele é cancelado e tirado de cena. Uma ação que preocupa, que traz consequências perigosas”, disse.
Confira o Rizoma Temático na íntegra: