Egresso do curso de Administração da Unijuí, Luís Fernando Irgang acumulou mais uma conquista nas últimas semanas: ele obteve a aprovação de um projeto de pesquisa pela Fundação Sueca de Conhecimento (KK Foundation). Todos os anos, a Fundação seleciona projetos com potencial para contribuir com o desenvolvimento acadêmico, tecnológico, social e econômico do País. Em 2020, 22 universidades participaram do processo seletivo, cada uma com diversos projetos aplicados. Depois de 11 etapas, o projeto de Luís Fernando, que é aluno da Universidade de Halmstad, foi classificado entre os três melhores.
Intitulado Bineco - Business Model Innovation in Information-Driven Health Ecosystems, que em tradução livre seria "Inovação em Modelos de Negócio em Ecossistemas de Saúde Direcionados à Informação", o projeto tem o objetivo de desenhar um ecossistema de saúde inteligente, baseado na aplicação de tecnologias como Blockchain, Big Data e Internet das Coisas para a criação, desenvolvimento e comercialização de novas tecnologias para prevenção e controle de infecções relacionadas aos cuidados com a saúde - IRAS. O projeto terá início a partir da coleta de dados relacionados ao comportamento de profissionais da área da saúde durante o atendimento de pacientes hospitalares. Analisando o comportamento destes profissionais, o projeto visa envolver empresas MedTech para criar tecnologias e novas técnicas que visem prevenir e controlar IRAS a partir do controle e estímulo comportamental. Por último, como os ecossistemas de saúde são altamente complexos, o projeto contempla o desenvolvimento de estratégias para cooperação entre hospitais, empresas e associações de pacientes. Isso inclui o compartilhamento de tecnologia e conhecimento com hospitais e com a indústria brasileira.
De acordo com o jovem, o projeto prevê um investimento de 8 milhões de Coroas Suecas – o equivalente a R$ 5,2 milhões. Metade da pesquisa será financiada por empresas MedTech da Suécia; o restante pela Fundação Sueca de Conhecimento. O aporte destina-se ao custeio das atividades do projeto e ao financiamento do PhD em Ciências da Inovação na Universidade de Halmstad, de Luís Fernando.
Trajetória iniciada na Unijuí
Luís Fernando conta que o interesse pela carreira acadêmica surgiu ainda na Unijuí, enquanto cursava o bacharelado em Administração. Na época, ele participou de um grupo de pesquisa sobre Comportamento Organizacional. “Também tive a oportunidade de atuar como estagiário docente na disciplina de Marketing Estratégico. Em 2018, recebi o prêmio Astor Rocca de Barcellos, pelo melhor Trabalho de Conclusão (TCC) dos cursos de Administração do Estado”, lembrou.
Segundo o jovem, as experiências proporcionadas pela Universidade foram fundamentais para o aceite no mestrado em Administração, na Universidade Regional de Blumenau (Furb). Foi neste mesmo período em que a Furb iniciou uma parceria com a Universidade de Halmstad para o doutorado em Ciências da Inovação. Tendo isso em vista, Luís Fernando submeteu uma proposta de pesquisa para fazer o doutorado em Halmstad, mesmo antes de concluir o mestrado. Foi, então, aceito para um intercâmbio de seis meses.
“Em 2019, iniciei meu intercâmbio na Universidade de Halmstad. Minha pesquisa de mestrado tratava sobre inovação em gestão hospitalar e práticas de prevenção e controle de IRAS. A Suécia possui um ecossistema de saúde altamente complexo, com empresas que desenvolvem tecnologia avançada em nível global, como a AstraZeneca e Getinge. Devido à relevância da pesquisa, estendi minha permanência para mais um ano aqui.”
Com o avanço da pandemia de covid-19, a pesquisa acabou ganhando maior relevância e a universidade sugeriu que o jovem propusesse um projeto para contribuir com o desenvolvimento do ecossistema de saúde nacional. Foi então que surgiu o Bineco, em parceria com o orientador, doutor Magnus Holmén. "Foi uma grata surpresa. É um processo rigoroso e a competitividade é altíssima. A pandemia tornou a temática de prevenção e controle de infecções hospitalares relevante. No entanto, o ponto mais forte do projeto foi a inclusão do Brasil como parceiro, pois prevê a colaboração e transferência estratégica de conhecimento que pode ser benéfica para ambos os países. Fiz questão de incluir o Brasil porque o meu objetivo, enquanto cientista, é contribuir para o crescimento e desenvolvimento do meu país".
Essa trajetória, no entanto, nem sempre foi fácil: inicialmente, Luís Fernando não possuía trabalho fixo ou renda. Em paralelo à pesquisa, ele trabalhava como autônomo limpando quintais, pintando casas, coletando e vendendo materiais recicláveis. Agora, o momento é de preparação para o projeto que terá início em abril, com duração de 3 anos. “Nesse período, pretendo produzir artigos científicos que irão compor minha tese de PhD. Além disso, estarei envolvido em workshops e palestras com gestores, médicos, enfermeiros, engenheiros e desenvolvedores, a fim de acompanhar todo o processo de desenvolvimento de protótipos”, complementou Luís Fernando, que atualmente leciona em cursos em nível de mestrado na Universidade de Halmstad.