Muito mais que flores, mulheres precisam de oportunidades, de reconhecimento de seus direitos e de respeito às suas ideias, ao seu corpo e às suas vontades
Todo dia 08 de março as floriculturas são invadidas por um movimento atípico. São rosas e buquês de flores que deixam as floriculturas acompanhadas de um cartão escrito: “Parabéns pelo seu dia”. É o Dia Internacional da Mulher. Mas, para além das flores e de frases prontas, o dia simboliza muito mais.
A ideia de criar o Dia Internacional da Mulher nasceu no final do século XIX e início do século XX nos Estados Unidos e na Europa, a fim de celebrar as lutas por direitos das mulheres trabalhadoras.
De lá para cá, muita coisa mudou. As mulheres conquistaram o direito ao voto e a serem votadas, também o direito à educação, ao trabalho, à herança e à guarda dos filhos, à políticas públicas de defesa da mulher e mais rigor na punição em casos de violência.
Conquistas significativas, mas longe de ser o ideal. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2015, a cada 11 minutos uma mulher foi estuprada, a maioria criança ou adolescente. A situação é ainda mais preocupante quando falamos de violência física. Em outra pesquisa, do Instituto Maria da Penha, em cada 7,2 segundos uma mulher foi agredida, na maioria das vezes por companheiros ou ex-companheiros.
Na internet, as hashtags #MeuPrimeiroAssédio e #MeToo denunciaram, com relatos de mulheres vítimas de assédio sexual e da violência de gênero, o verdadeiro cenário atual. Movimentos como esses são organizados por grupos feministas, que têm papel fundamental nessa luta.
O Coletivo Time’s Up é um exemplo de movimento feminista que tem o objetivo de combater os diversos tipos de violência contra a mulher. Ele tem nomes como Natalie Portman, Catherine Zeta-Jones, Kelly Clarkson, Jéssica Biel e Tracee Ellis Ross e ganhou destaque com protestos de famosas no tapete vermelho do Globo de Ouro 2018.
Em outra recente premiação, a atriz Frances McDormand, vencedora do Oscar, discursou sobre inclusão de mulheres e seus projetos na indústria cinematográfica. “Todas nós temos histórias para contar e projetos para financiar. Não venham falar conosco sobre isso na festa hoje [do Oscar]. Nos convidem para ir até seus escritórios daqui alguns dias. Ou vocês podem ir aos nossos. O que encaixar melhor pra vocês. E, então, contaremos tudo sobre eles [os projetos]”.
Bem próximo da Universidade, outro coletivo feminista, o Coletivo Sou Minha, desenvolve ações para desconstrução de preconceitos relativos ao comportamento da mulher e seus direitos. Rafaela Mallmann, integrante coordenadora do Coletivo, acredita que esses movimentos são libertários.
“Esperamos que cada vez mais mulheres sintam-se representadas e que compreendam a necessidade da luta, de modo que um dia possamos dizer que vivemos em um mundo de plena igualdade entre homens e mulheres”, salienta.
Loucas e bruxas
Lutar por direitos, ou não lutar, apoiar grupos feministas ou não, é um dos direitos conquistados por mulheres revolucionárias, enterradas como loucas, bruxas e desordeiras. Hoje, alguns adjetivos mudaram, mas a luta é a mesma. Conheça algumas das mulheres que lutaram e lutam por direitos mais igualitários em todo o mundo.
Mulheres na Universidade
Na Unijuí, cerca de 53%, do total de 8.500 estudantes, são mulheres. Elas são maioria na Universidade e, em muitos casos, precisam fazer escolhas entre a qualificação profissional e a família. Para professora reitora da Universidade, Cátia Maria Nehring, as mulheres precisam provar constantemente suas qualificações.
“Acredito que a qualificação profissional, bem como a luta pelo reconhecimento da competência feminina, ainda precisa ser alcançada, pois vivemos em um país em que muitas vezes a mulher precisa provar constantemente sua qualificação, sua competência e fazer opções entre trabalho ou família”, comenta.
A celebração do Mês da Mulher na Universidade teve e terá atividades dedicadas às mulheres. No início do mês, a Agência de Inovação e Tecnologia, por meio da Incubadora de Economia Solidária – ITECSOL, reuniu mulheres catadoras de material reciclável de Ijuí para uma conversa sobre a saúde da mulher.
No Campus Santa Rosa, a atividade acontece em dois momentos. No primeiro momento, a inauguração do Diretório Central e em seguida atividade artística cultural em homenagem ao “Dia da Mulher”. No dia 14, no campus Ijuí, será exibido o filme “As Sufragistas”, que conta a história de mulheres operárias em busca de seus direitos, logo após haverá um debate com professores da Unijuí.
Segundo a professora Cátia, a educação é o caminho para tornar a sociedade mais igualitária: “Precisamos manter a vigilância e a busca pela igualdade, não somente de gênero, mas também de classe social, de sexo, de raça, de religião. Ainda temos um país muito preconceituoso. Acredito que só podemos modificar esta situação pela educação”.
Nas ruas, nas organizações, nas universidades e na sociedade, a luta não deve parar. “Avisamos que não vamos parar por aí, enquanto não atingirmos uma sociedade que garanta nossas liberdades sem qualquer restrição, vamos continuar incomodando os acomodados e garantindo que todos nos ouçam” diz Rafaela Mallmann, integrante coordenadora do Coletivo Sou Minha.