Na Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, estamos abordando, em uma série de reportagens, o processo de inclusão na Unijuí. Nesta segunda publicação, confira alguns aspectos sobre a inclusão no trabalho dentro da Instituição.
Na Unijuí, cerca de 50 pessoas entre técnicos-administrativos e professores possuem alguma deficiência. Isso exige da Instituição constantes melhorias dos espaços físicos, além de investimento em capacitação para melhorar a comunicação e a inclusão dessas pessoas na Universidade. Nos últimos anos, foram realizadas adaptações como a instalação de rampas em acessos às salas de aula, laboratórios e ambientes institucionais, elevadores, sinalização indicativa, melhorias no trânsito, campanhas educativas e cursos de formação. O Núcleo de Acompanhamento e Acessibilidade Institucional – NAAI, responsável pelo assessoramento dessas pessoas, também foi reestruturado e passou a ter um ambiente com quatro salas destinadas ao atendimento dos estudantes.
Galeria com imagens de algumas melhorias feitas na Instituição, citadas no texto acima:
Segundo José Luis Bressam, gerente da Coordenadoria de Recursos Humanos da Unijuí, as mudanças na estrutura têm o objetivo de facilitar a vida dos técnicos-administrativos e também estudantes. “A Instituição faz esses dois movimentos: o de acolher a pessoa com deficiência e o de preparar os outros para recebê-la, além disso, busca ainda criar as condições para que ela possa se adaptar e realizar o seu trabalho da melhor forma possível”, salienta Bressam.
José Gabriel Deboni e Viviane Huppes estão entre essas 50 pessoas com deficiência que atuam nos espaços da Instituição. Atuando no campus de Ijuí e Santa Rosa, respectivamente, eles relatam as suas experiências no mercado de trabalho. Confira:
Acima está a imagem em que aparece José Gabriel Deboni, técnico-administrativo que atua no campus Ijuí.
José Gabriel Deboni tem a rotina parecida com a de milhares de brasileiros. Acorda cedo, toma café, se arruma e vai para a parada de ônibus. Após alguns minutos de espera, outros 15 no transporte, ele chega ao seu destino: o trabalho.
Desde o início do ano, José faz parte do setor responsável pela organização e distribuição da correspondência interna da Unijuí. Antes de chegar até o seu setor atual, trabalhava no Centro de Educação Básica Francisco de Assis – EFA, onde também estudou. Após ser transferido para o campus de Ijuí, os desafios aumentaram: “quando me falaram que eu iria trabalhar no malote eu pensei: será que eu vou ter que fazer tudo isso a pé?”. Não, o transporte das correspondências é feito com um carro, e José participa de todas as entregas em todos os espaços da Instituição.
José Gabriel possui deficiência cognitiva, déficit de atenção, ou seja, suas habilidades são menores para resolver problemas, compreender ideias abstratas, estabelecer relações sociais, compreender informações e argumentações, mas nada disso tira de José uma vida e um cotidiano igual ao dos demais.
Quando surgiu a oportunidade de trabalho a família toda apoiou, como ele mesmo diz “ficaram faceiros”. Depois de alguns meses na Unijuí ele se diz realizado: “Eu gosto de trabalhar aqui, me dou bem com todo mundo”, comenta.
Para Marcos Freitas, seu colega de setor, José além de ser uma ótima companhia é muito inteligente. “Pega super bem o trabalho. Não vejo muito do déficit dele pela qualidade do trabalho que ele faz”, diz o colega.
O turno da tarde é livre para o José, tempo que ele guarda para descansar. As sextas são para sair com os amigos e o domingo é dia de missa. Ele quer ser pastor, mas enquanto não realiza o desejo, ajuda na paróquia cuidando de confirmandos, batendo sino e faz “de um tudo” como o próprio diz.
Acima está a imagem de Viviane Huppes, técnica-administrativa que atua no campus Santa Rosa.
Viviane Huppes iniciou sua trajetória na Unijuí, campus Santa Rosa, no mês de abril de 2016. Realizada com a possibilidade de trabalhar como telefonista e recepcionista da Instituição, afirma que foi muito bem acolhida pelos colegas. “Sou muito feliz em trabalhar na Unijuí, apesar da minha dificuldade em alguns processos, sempre fui muito bem acolhida, jamais passei por algum processo de discriminação, pelo contrário, sempre entenderam minhas limitações e me auxiliaram no que eu precisei”, afirma a técnica-administrativa.
Sempre com um sorriso no rosto, Viviane afirma que o trabalho é muito importante, pois faz ela se sentir muito útil. “É o momento que eu esqueço que tenho essa limitação e me sinto realizada em poder contribuir com o meu trabalho para a Instituição”. Viviane possui distrofia hereditária da retina, segundo ela, existem apenas três casos no mundo.