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O dia 18 de maio ficou marcado na Luta Antimanicomial. Confira a importância desta data:
Texto de Nicolli Follak, estudante do Curso de Enfermagem da UNIJUÍ; Bolsista do Projeto de Extensão Cuidado Integral à Saúde.
O Movimento Antimanicomial tem o dia 18 de maio como data de comemoração no calendário nacional brasileiro. Esta data remete ao Encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental, ocorrido em 1987, na cidade de Bauru, no estado de São Paulo, que reuniu mais de 350 trabalhadores na área de saúde mental. Mas o que é este movimento e qual é o seu objetivo?
O Movimento da Luta Antimanicomial se caracteriza como a luta pelos direitos das pessoas com sofrimento psíquico, pelo seu caráter democrático, contando com a participação ativa e efetiva dos usuários de serviços de saúde mental, seus familiares, profissionais, estudantes e quaisquer interessados em defender uma postura de respeito aos diferentes modos de ser. Nesta luta está inserido o combate à ideia de que se deve isolar a pessoa com sofrimento mental, privando esta do convívio social e faz lembrar que, como todo cidadão, estas pessoas têm o direito fundamental à liberdade, o direito a viver em sociedade, além do direito a receber cuidados e tratamento sem que para isto tenham que abrir mão de seu lugar de cidadãos.
Por esta razão, o Movimento tem como meta a substituição progressiva dos hospitais psiquiátricos tradicionais por serviços abertos de tratamento e formas de atenção dignas e diversificados de modo a atender às diferentes formas e momentos em que o sofrimento mental surge e se manifesta. Esta substituição implica na implantação de uma ampla Rede de Atenção Psicossocial que deve ser aberta e competente para oferecer atendimento aos problemas de saúde mental da população de todas as faixas etárias e apoio às famílias, promovendo autonomia, descronificação e desinstitucionalização. Além dos serviços de saúde, esta rede de atenção deve estar articulada a serviços das áreas de ação social, cidadania, cultura, educação, trabalho e renda, além de incluir as ações e recursos diversos da sociedade.
Mas antes desse Movimento se constituir, houve uma longa transformação na atenção à saúde mental em diversos países do mundo, como na Itália, o país que mais se destacou nesta luta e foi a maior influência para o nosso país neste aspecto. No Brasil, ao final dos anos 70, o movimento surgiu com o movimento dos trabalhadores em saúde mental, porém, com a redemocratização do país e com a reorganização institucional que seria implicada mais tarde, a mobilização para a transformação na saúde mental deixou de ser apenas um Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental, para tornar-se um Movimento Social pela Reforma Psiquiátrica com a estratégia de “uma sociedade sem manicômios”, com a participação de todas as pessoas que demonstraram interesse em defender esta causa. Também não podemos deixar de destacar que na sua origem, esse movimento está ligado à Reforma Sanitária Brasileira, da qual resultou a criação do Sistema Único de Saúde – SUS.
Confira na linha de tempo a seguir alguma datas e fatos importante da luta
Devemos continuar assim, lutando para que essas pessoas com transtornos mentais possam usufruir de uma atenção especializada e humanizada à saúde mental, realizando a promoção de uma cultura de tratamento, de convivência e de tolerância, proporcionando uma reinserção social daqueles que já foram prejudicados, e realizando uma assistência integral a saúde dos mesmos, considerando o indivíduo como um todo, não apenas a doença, e o seu contexto histórico e familiar.
As condições da saúde mental no Brasil evoluíram com as conquistas do Movimento, porém a Luta Antimanicomial ainda não parou. Ainda acontecem manifestações em todo o país no dia 18 de maio, para que se mantenha vivo o cuidado com usuários desses serviços, e para que fique claro que eles não devem ser excluídos da sociedade e maltratados como eram antigamente, mas sim orientados e acompanhados para que possam encontrar seu lugar no mundo.