Os aspectos jurídicos que envolvem a tragédia da Boate Kiss foi a temática debatida no encerramento do evento “Kiss: o aprendizado após a tragédia”, na noite desta quinta-feira, 3, no Salão de Atos do câmpus da UNIJUÍ.
Em um depoimento carregado de emoção, o presidente do Núcleo Missões de amigos, parentes e sociedade em geral na defesa dos direitos dos cidadãos vítimas da negligência do caso Kiss – Santa Maria/RS, Jorge Malheiros, arrancou aplausos em pé da plateia que lotou o salão de atos.
O Promotor Érico Barin, do Ministério Público, fez um apanhado geral sobre o trabalho desenvolvido pelo MP e ressaltou que a tragédia serviu para alertar sobre a negligência em diversos setores, especialmente no tocante a fiscalização e elaboração dos planos de incêndio. “Há muito pouco de acaso no que aconteceu na Kiss naquela noite. Tudo que se realizou teve a mão humana. Foi algo que chocou o mundo e ao MP cabe responsabilizar no âmbito criminal bem como abrir a discussão sobre uma série de medidas necessárias para garantir a segurança”, afirmou Barin. Também participou do debate Humberto Meister, da 23ª Subsecção OAB/Ijuí e a coordenação esteve a cargo do professor do curso de Direito da UNIJUÍ, Aldemir Berwig.
Na parte da tarde o evento trouxe a tona discussões sobre questões comportamentais com o painel “Questões Psicossociais, Saúde e Comportamentos”. Foram palestrantes neste segundo painel do evento Soeli Guerra, Enfermeira e Coordenadora do Centro Integrado de Apoio às Vítimas de Acidentes do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM); Isabel Guimarães, jornalista da UFSM; Ana Carolina Cademartori, Psicóloga da UFSM; e Viviane Heck da Costa, Psicóloga da UNIFRA, atuando na coordenação a professora Sônia Fengler, da UNIJUÍ.
A enfermeira Soeli Guerra, que é diretora de Enfermagem do HUSM, falou do trabalho desenvolvido pelo Centro Integrado de Apoio às Vítimas de Acidentes do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), instituído já nas primeiras horas após a tragédia da boate Kiss. A necessidade de organização imediata de um grupo multiprofissional que pudesse atender às vítimas e seus familiares levou à instalação do Centro, integrado por enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, assistentes sociais e médicos de diversas especialidades, em especial pneumologia, psiquiatria e neurologia.
Segundo a coordenadora do Centro Integrado, cerca de 620 pacientes foram atendidos nas primeiras 24 horas pelos hospitais. No HUSM, 120 foram internados nas primeiras 24 horas. “Nunca havíamos nos deparado com uma situação desta dimensão”. Hoje, passados oito meses da tragédia, o Centro presta atendimento a cerca de 1.200 pessoas cadastradas, considerando vítimas e familiares, a partir de convênio firmado entre o Ministério da Saúde, Secretaria Estadual, Secretarias Municipais de Santa Maria e Porto Alegre e HUSM.
O primeiro painel do evento tratou sobre “Questões Técnicas, Legislação, Normas e Postura Profissional”. O debate contou com as participações do Engenheiro e Coordenador da Câmara Especializada em Engenharia de Segurança do Trabalho do CREA/RS, vice presidente da associação Sul Rio-grandense de engenharia de segurança no trabalho e vice presidente da associação nacional de engenharia de segurança no trabalho, Nelson Agostinho Burille; do Secretário Municipal de Desenvolvimento Obras e Trânsito de Ijuí, Ubiratan Erthal; do Major Thomas Jacson Trindade Lopes, Comandante do 12º Corpo de Bombeiros; do Presidente do Sindicato dos Técnicos em Segurança do Trabalho do RS, Nilson Airton Laucksen; e da professora Cristina Pozzobon, Coordenadora do Curso de Engenharia Civil da UNIJUÍ.