O Projeto de Extensão Cinema e Direitos Humanos da Unijuí realiza na próxima quarta-feira, dia 14 de abril, às 14h, a sessão do filme “Minha fortaleza, os filhos de fulano”. Mediada pela professora doutora Joice Nielsson, a sessão contará com a presença da diretora do filme, Tatiana Lohmann. Para se inscrever, basta acessar este link.
A obra documental, dirigida por Tatiana Lohmann, convive com três famílias afetadas pela falta de pai na Vila Flávia, periferia de São Paulo, onde a mãe solitária adquire, principalmente aos olhos dos filhos homens, aura de santa guerreira, cultuada nos corpos tatuados e nos muros grafitados.
O filme, destaque no Festival do Rio em 2019, teve a sua première internacional no American Black Film Festival (ABFF) em 2020, e entrou em cartaz no Cine Petra Belas Artes no mês de fevereiro, enfrentando a maré desafiadora para a área cinematográfica ocasionada pela pandemia de covid-19.
Em um país onde, segundo o IBGE, 12 milhões de mães chefiam casas sozinhas, 57% delas vivendo abaixo da pobreza, o filme nos faz refletir sobre masculinidade, machismo, abandono parental e mães solo, a partir de uma narrativa sensível, incisiva e emocionante. A falta de pai dentro de casa é condição comum a todas as classes sociais no Brasil e o número de famílias chefiadas por mulheres vem crescendo exponencialmentel. Nas periferias dos grandes centros urbanos, estes números são muito maiores, seja porque os homens rejeitam a paternidade, seja porque estão presos ou mortos.
É sobre um quadrilátero de quarteirões, a Vila Flávia, umas das inúmeras periferias pobres e violentas, solidárias e criativas, que o filme se debruça, observando em três famílias as relações entre mãe e filho criado sem pai – num momento em que estes filhos já são pais também e procuram não repetir os mesmos erros.
Eles louvam suas mães, que definem como guerreiras, como heroínas, como santas. Sozinhas, elas se mostram como talvez poucos as tenham visto neste universo que procura louvar a mulher sem perceber que a mantém presa num pedestal que elas não desejaram e que muito se assemelha à figura da mater dolorosa.
Segundo a diretora Tatiana Lohmann, o objetivo do filme sempre foi falar a língua das periferias que ele aborda, buscando garantir que os e as personagens se sentissem representados e que as questões relacionadas à ausência do pai e a consequente idealização da mãe pudessem provocar identidade e reflexão - em primeiro lugar na comunidade onde foi filmado.