Desde o início da pandemia, o Brasil registrou mais de 26,5 milhões de casos de covid-19, segundo boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde. O número de mortes, por sua vez, passa dos 630 mil. Em Ijuí, conforme aponta o painel divulgado pelo Poder Executivo, mais de 20,6 mil casos foram confirmados, sendo que 271 pessoas perderam a vida por conta da doença.
Os números são expressivos, seja em âmbito local ou nacional, e a preocupação ainda está longe de ter fim. O Laboratório de Análises Clínicas da Unijuí (Unilab) segue realizando uma média de 200 testes RT-qPCR para identificação da covid-19. A prevalência de pacientes positivados fica na faixa de 40 a 58%. “Desde o mês de dezembro, começamos a detectar no laboratório um aumento no número de casos positivos, acompanhado do número de testagens. Isso decorre do ingresso da variante Ômicron no Brasil”, explicou o professor.
Como destaca Matias, hoje as novas variantes do coronavírus, além da Ômicron, tem como uma das principais características a maior capacidade de transmissão. No início, um paciente com a primeira cepa de Wuhan conseguia infectar até três pessoas; hoje, um paciente com a variante Ômicron consegue infectar até 12. Diante deste potencial, as vacinas tornaram-se ainda mais importantes, como explica o professor.
“O esquema vacinal completo não impede que a pessoa tenha covid, mas impede o desenvolvimento da doença nas suas formas mais graves. No organismo de um paciente vacinado já existem anticorpos, que realizam uma defesa maior contra o vírus. A importância da vacina pode ser vista neste momento: mesmo com recordes diários de novos casos, nosso índice de ocupação de leitos clínicos e de UTI é inferior a outros momentos da pandemia. Claro, a variante Ômicron tem um curso clínico menos grave, mas esse cenário, de menor gravidade, se deve principalmente à vacinação da população”, ressaltou Matias.
Estudos têm mostrado, segundo o professor, que pacientes não vacinados apresentam o desenvolvimento de complicações mais graves pela doença, que levam à internação, ao leito de UTI e até ao óbito. “Graças à vacina conseguimos frear o desenvolvimento da doença em sua forma mais grave”, reforçou.
Assim como muitos cientistas, Matias não acredita que a variante Ômicron marque o fim da pandemia. Para ele, ainda é muito cedo para acreditar nessa possibilidade. “Se por um lado a Ômicron tem um potencial de infecção maior, tornando a doença mais frequente, por outro lado, o novo coronavírus é um vírus RNA, sujeito a mutações. Já tivemos as variantes Gama, Delta, agora a Ômicron, e a grande circulação de vírus na comunidade induz ao surgimento de novas mutações. Essa é uma questão que precisa ser investigada, para sermos mais assertivos nas ações em saúde”, finalizou.