Não há justiça na pandemia - Unijuí

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Patrick Prestes Hauenstein - estudante do curso de Direito da Unijuí

Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS), declarou a pandemia do novo coronavírus, denominado de SARS-COV-2, haja vista que o número de casos aumentava descontroladamente, bem como que a quantidade de países afetados triplicava. O mundo, a tempo, registrava mais de 118 mil infecções, em 114 países, atingindo o número expressivo de 4.291 mil óbitos, conforme dados apresentados pela entidade. Elementos suficientes para que grande parte da população mundial adotasse políticas de contenção ao vírus, ensejando na declaração publicada pela OMS.

A três meses atrás, no dia 10 de março, os efeitos do coronavírus atingiam número alarmantes no cenário mundial, enquanto no nacional, o Brasil somava apenas 34 casos, sem sequer identificar uma morte causada pela doença. Nesta fase da problemática, o Brasil sequer figurava entre os 20 países com mais casos, época em que 94,8% do total de óbitos se concentravam em 05 países, a saber: China, Itália, Irã, Espanha e França, segundo dados do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doença (ECDC).

Após 73 dias (22/05), o Brasil é o 2° país no mundo com mais infectados, somando o total de 330.890 mil infectados, com 21.048 mil mortes, atrás, apenas, dos Estados Unidos, que tem 1.633.862 mi infectados e 96.276 mil mortes, segundo levantamento realizado pela Universidade Johns Hopkins, uma das instituições mais renomadas no acompanhamento da pandemia. 

Não suficiente, apenas dois dias depois (24/05), o Brasil soma mais de 360.000 mil casos, segundo dados do Ministério da Saúde. Assim, a cada dia o país tupiniquim pais galga mais alguns degraus rumo a um colapso pandêmico, não visto desde a gripe espanhola (1920), em número inferiores, é claro, mas não menos importantes e assombrosos. 

Em contrapartida aos crescentes dados de infecção e mortes causadas pelo COVID-19, o país do carnaval é um dos que menos realiza testes de contágio no mundo, sendo que até 20 de abril, havíamos feito apenas 63 exames a cada 100 mil habitantes, isso é, 0,63% da população testada, considerando uma população de 210 milhões de pessoas, conforme coleta de informações da BBC News Brasil.

Assim, estimasse que o Brasil ocupa a 60° posição entre as nações que mais aplicam exames em sua população, atrás de países da América do Sul e da América Central, tais como: Argentina (0,76), Chile (6,43), Cuba (2,65), Equador (1,15), Paraguai (0,83) e Peru (4,44); bem como de economias desenvolvidas, como Alemanha (25,11), Estados Unidos (12,08) e Itália (23,64), de acordo com dados da Universidade de Oxford, do Reino Unido. 

Entretanto, embora haja diversas evidencias de que o Brasil percorre um caminho obscuro no enfrentamento ao COVID-19, na exata contramão dos lugares referenciais ao combate dos efeitos da pandemia.

Isso porque, nossa sociedade ainda gira em torno às discussões governamentais e sociais, sobre a importância de uma intervenção (ou não) dos Estados e Municípios no trafego de pessoas e na abertura ou não dos comércio local. A dificuldade e a demora para a conscientização da gravidade da pandemia, acarreta na inaplicabilidade do chamado isolamentos social, pois muitas cidades no país, já retornaram as suas atividades rotineiras, fazendo-se um uso simbólico dos equipamentos de saúde, tais como máscaras e álcool gel. 

Veja-se, que quando digo “uso simbólico”, faço-o por conhecimento empírico obtido ao assistir telejornais e ao sair à rua, eis que me deparo com número elevado de pessoas fazendo uso de máscara, somente, ao adentrarem em estabelecimentos comerciais, no entanto quando retornam a circular, utiliza-a para fazer lift no pescoço. 

Há um simbolismo intrínseco nesse comportamento social, o de uma ilusória proteção e do devaneio do cumprimento das medidas recomendadas pelas organizações de saúde mudiais. E é neste espetáculo, que dia-a-dia a população retorna às atividades. 

Os defensores do anti-isolamento se esquecem de um dos princípios mais relevantes em numa pandemia, o seu caráter democrático, ou seja, a ausência de valoração da qualidade do infectado, isto é, a irrelevância do credo, da raça, do gênero ou condição socioeconômica.

Por isso, no dia 20 de maio, o Laboratório de Inteligência em Saúde da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, ligado à Universidade de São Paulo (USP), destacou que o Brasil já é o novo epicentro do vírus no mundo, segundo estimativas, o total de infectados passou a marca de 3 milhões, o que representa quase o dobro dos infectados dos Estados Unidos.

Logo, não há mais como sustentar uma comunidade nutrida de desinformação e relativização do conteúdo cientifico e estatístico que indica constantemente de forma explicita e clara, que se deve aplicar uma política de contensão da expansão do virus, enquanto ainda há tempo para minimizar os danos às vidas em risco. A pandemia existe, independente da aceitação social e não tem na justiça uma de suas peculiaridades, portanto, fique em casa. 

 Fontes: 

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52383539; https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/04/24/brasil-e-um-dos-paises-que-menos-realiza-testes-para-covid-19-abaixo-de-cuba-e-dos-eua.ghtml

https://saude.abril.com.br/medicina/oms-decreta-pandemia-do-novo-coronavirus-saiba-o-que-isso-significa/

https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/03/16/paises-mortes-coronavirus.htm

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-52732620


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