Confira como foi a adaptação da Universidade neste momento de isolamento social.
A Unijuí possui um Núcleo de Acompanhamento e Acessibilidade Institucional (Naai), que tem como objetivo atender estudantes com diversas necessidades educacionais especiais, como transtorno do espectro do autismo, distúrbios de aprendizagem, deficiências, altas habilidades e alunos que necessitam de escuta psicológica sobre problemas acadêmicos. Com a necessidade de isolamento social e a migração das aulas para o ambiente digital, o Naai precisou também encontrar alternativas para auxiliar os estudantes a acompanhar as aulas de forma online.
A intérprete de Libras da Unijuí, Vivian Claudy Pires, explica como atualmente são atendidos cinco estudantes surdos, dos cursos de Educação Física, Design e Arquitetura e Urbanismo: “as aulas pelo Google Meet estão sendo gravadas pelos professores e enviadas para os intérpretes, fazemos a tradução, inserimos a janela de Libras no vídeo e encaminhamos para os alunos”. Segundo ela, quando há atividades de orientação ou assessoramento é utilizada uma sala "paralela" à aula, ou seja, os estudantes acessam as duas salas, e numa delas é feita a interpretação e a mediação entre professor e aluno.
“No início tentamos fazer isso diretamente, na mesma sala de aula com todos os alunos, mas com a alteração das janelas e por vezes a instabilidade na rede, vimos que ocorria a perda de conteúdos e a dificuldade em comunicarmos entre todos. Cada caso é um caso, cada aula ou atividade é única, por isso estamos sempre avaliando o andamento das aulas e adaptando a forma de proceder, dependendo da dinâmica adotada pelo professor e das atividades que serão desenvolvidas no dia”, destaca. Como os demais colegas, eles também tiram dúvidas com os professores usando whatsapp e e-mail, às vezes nesses momentos também recebem auxílio com a interpretação de vídeos e de questionamentos e respostas entre um e outro.
A intérprete relata que no início foi um pouco complicado para todos, mas os desafios foram sendo superados. “Buscamos por programas que tivessem essa ferramenta de edição (sobreposição da janela de Libras) e aprendemos como utilizá-los. Nas aulas com atividades mais práticas fazemos a interpretação simultaneamente em outra sala do Google Meet, já que nesses momentos geralmente as explicações são mais sucintas e assim podemos interpretar mais devagar, para os alunos poderem ter uma melhor visualização. Além disso, foram realizadas reuniões online também com os professores desses estudantes e a coordenação do Naai para fazer os ajustes necessários e alinhar as ações”, relata.
O período tem sido de experiências e aprendizados. “Foi preciso adaptação para trabalhar em outra modalidade, para aprendermos a utilizar ferramentas novas e, como todos que estão em home office, empregar um pouco mais de tempo para conseguir atender toda a demanda. Estamos nos dedicando para que esse momento seja de aprendizado para todos e para que a acessibilidade linguística seja garantida nos espaços da Universidade (também no online). Estamos contando com a colaboração e a consciência coletiva de que a acessibilidade não é uma opção, mas uma necessidade e um dever, cremos que aos poucos vamos construindo esse ambiente nas diversas áreas da Unijuí. Ainda temos muitos aspectos que precisam ser trabalhados, mas esse é nosso objetivo enquanto Naai, de que os espaços, tanto físicos quanto online, sejam acessíveis a todas as pessoas, para que com autonomia elas possam também viver, aprender e transformar, tendo suas especificidades respeitadas e atendidas”, defende.