Intercâmbio na Europa: um universo paralelo - Unijuí

Há exatamente dois meses morando no Porto já estou com minhas rotinas estabelecidas, habituada com o sotaque e as gírias portuguesas, os costumes, o modo reservado de estabelecer contato com eles, começando a perceber que o inverno europeu será intenso, com chuva fina e muito vento, porém, ainda nem um pouco satisfeita com a gastronomia do local. Pois bem, na minha chegada tudo parecia surreal, não acreditava que de fato eu estava realizando o intercâmbio que sempre desejei, mas com o passar do tempo percebi que é tudo real.

Estudo na Escola Superior de Saúde Jean Piaget, que é localizada em um sítio distante da cidade do Porto. Para chegar até lá tenho que apanhar o metrô, um comboio (nome destinado ao trem) e caminhar mais um “bocadinho’’, como dizem os portugueses. Essa foi minha rotina nestes dois meses, as aulas têm horários bem diferenciados do Brasil, geralmente iniciam às 9h e terminam às 20h.

Tenho colegas da Angola, Bélgica, Inglaterra e Suíça, eu sou a única brasileira da escola e, apesar de ser um local em que o intercâmbio é rotineiro, senti que os colegas portugueses não aceitam a troca de experiências, não fiz muitas amizades. Quem sabe seja pelo fato de estar cursando disciplinas dos finalistas do curso, onde as atenções estão voltadas em busca do primeiro emprego, é que não consegui estabelecer uma boa relação com os colegas.

Eu felizmente garanti minha vaga para estágio em um hospital de renome na cidade do Porto e dentro dos próximos dias inicio minhas atividades práticas no serviço de Unidade de Tratamento Intensivo em Neonatologia, objetivo que me trouxe a Portugal.

Tenho certeza que todos os intercambistas que aqui estão vivem o mesmo mix de sentimentos, uma mistura que não temos palavras para descrever, a única certeza é aproveitar o máximo cada oportunidade e cada minuto que temos nesta bela cidade que é o Porto, colecionando amigos das mais diversas nacionalidades, que jamais imaginávamos ter, pessoas de todo o lugar do mundo que sentem o mesmo que você e estão em busca dos mesmos objetivos, conhecendo novos lugares, viajando por toda Europa, aprendendo a ser mais independente, apesar do “paitrocínio”’, obter uma maturidade na obrigação e perceber que a vida aos poucos nos vai dando outro rumo e que não vamos ter para sempre roupa limpa e passadinha no armário, comida pronta na mesa. Se desejamos isso, mãos a obra, ninguém fará por você.

Mas acima de tudo, valorizando sempre quem ficou no Brasil, nossa família e amigos, que são as pessoas que depositam toda a confiança e nos estimulam quando nos defrontamos com as dificuldades aqui e bate aquela vontade de largar tudo e voltar correndo para casa.

Os momentos de maior satisfação para mim é quando minha família se reúne para conversar comigo pela internet, pois posso ver meus avós que sinto muita saudade, primos, tios, irmãos, cunhado, pai, mãe e até meu cachorro, me sinto próxima de todos e percebo cada vez mais que são as pessoas que mais amo nesta vida.

Esses dois meses que se passaram, ficarão guardados para sempre em minha vida da melhor forma possível e assim pretendo que sejam os outros quatro, repletos de alegrias, descobertas, estudo, aprendizado, ensino, determinação, diversão, amizades, festas, para quando chegar a hora de voltar para o Brasil, poder dizer que valeu a pena cada segundo neste universo paralelo que é fazer um intercâmbio!

Caroline Kramatschek Prauchner
Acadêmica do Curso de Enfermagem da UNIJUÍ, realiza intercâmbio no Instituto Jean Piaget, em Portugal.


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