É tão fascinante, quanto difícil, escrever esse meu último relato e tentar, através dele, transmitir a essência da minha viagem. É como querer estimular os cinco sentidos através da escrita e colocar em um único texto, em algumas linhas e com algumas palavras, os momentos que passei durante meu intercâmbio. Foram quase seis meses de uma experiência única, com sentimentos únicos, jamais experimentados até então.
Dizem que a primeira vez é sempre muito especial e inesquecível, seja pelos prazeres e descobertas, seja pelas burradas ou mesmo pelos dois, afinal, qual seria a graça se não existisse em nós a vontade de descobrir, de conhecer o novo? E foi exatamente assim o tempo que passei na minha primeira viagem à Europa. Momentos singulares, vividos intensamente, outros que poderiam ter sido mais aproveitados, mas acima de qualquer análise, foram experiências que mudaram minha forma de conduzir a vida.
Morar fora do país de origem, ter que lidar com a saudade, viver situações inusitadas, conviver com todos os tipos de pessoas, e aqui me refiro a gênios, ter que escutar e presenciar, algumas vezes, preconceitos contra brasileiros dentro da própria faculdade, onde, supostamente, as pessoas deveriam ser mais esclarecidas e abertas para a diversidade, viajar sozinha e se libertar do velho estigma de que, com alguém, se está melhor acompanhado, aprender a lidar com os imprevistos, imaginar, constantemente, o que meus pais estariam fazendo naquele dia e naquela hora, afundar-me na nostalgia, principalmente na hora de dormir, e na manhã seguinte voltar a vida e ver, sentir e viver tudo de forma diferente... enfim, passar por situações e emoções que me fizerem descobrir, ou melhor, redescobrir o significado dos sentimentos, dos valores e do meu patriotismo.
Estou nos meus últimos dias em Porto, minhas aulas terminam no início de julho, e no decorrer do mês aconteceram minhas provas finais, ou seja, estou somente aproveitando todo o encantamento dessa charmosa cidade, que consegue ser antiga e moderna ao mesmo tempo. Conheci tantas coisas que pareciam distantes de mim até poucos meses, antes de vir para a Europa. O que mais me impressionou, durante as minhas viagens, foi a facilidade de ter contato com uma cultura, que talvez no Brasil, é apenas para a elite. Pude presenciar a história, freqüentando museus e concertos, onde mantive contato com grandes obras e m,úsicos renomados. Ver a Monalisa, Vênus de Milo, Esfinge, Código de Hamurábi, entre muitas outras obras, deveria ser direito humano fundamental!
Volto ao Brasil com vontade de retornar, pois apesar de estar em um lugar lindo, conhecendo cada dia algo novo, nada melhor que a minha casa, com a minha família, meu namorado e meu cachorro, e claro, com a comida da minha mãe!
Carolina Merlin Pederiva
Acadêmica de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda, da UNIJUÍ, está encerrando período de intercâmbio na Universidade do Porto, Portugal.