O Hospital Bom Pastor, em parceria com o Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade e o curso de Agronomia da Unijuí, está desenvolvendo o projeto ambiental Bosque Bom Pastor. A ideia é utilizar uma área disponível no pátio da instituição para o plantio de árvores das espécies frutíferas nativas e exóticas.
Em um primeiro momento, será realizado o preparo da área, e a partir do mês de agosto, quando não existir o risco de fortes geadas, será iniciado o plantio das espécies que vão integrar o bosque. Além da atividade terapêutica, os frutos do pomar também servirão para o consumo da unidade hospitalar.
O projeto contempla os sistemas ambientais, cuidado com o meio ambiente e a saúde mental, e visa desenvolver uma estratégia de socialização e recuperação de pessoas associada à equipe multidisciplinar, buscando ampliar a proposta de tratamento, cuidado e terapia, numa visão sistêmica e integral, relacionando o homem com a natureza. “Trata-se de uma nova atividade a ser inserida, com o intuito de conceber Práticas Integrativas e Complementares (PICs) como possibilidades a serem realizadas com pacientes em tratamento, buscando transcender a simples tarefa terapêutica”, destaca o professor e coordenador do Mestrado em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade, José Antonio Gonzalez.
A Unidade de Saúde Mental do Hospital Bom Pastor possui uma equipe multiprofissional que trabalha as diversas esferas da vida, e oferecer o contato com a natureza para os pacientes contribuirá no alívio do stress intrínseco ao ambiente hospitalar e à patologia. “O envolvimento e o cuidado com as árvores, o processo de poder colher as frutas do pomar, assim como a possibilidade de usufruir desse espaço junto à natureza vai agregar à área terapêutica já oferecida na Unidade de Saúde Mental do Hospital Bom Pastor”, afirma a coordenadora de Enfermagem, Luciane Mucelini.
A ideia é que os recursos para a criação e manutenção do bosque sejam captados através da ação “Invista no Bem”, da Sicredi das Cultuas RS/MG. Para o professor da Unijuí e vice-presidente do Hospital Bom Pastor, Ivo Ney Kuhn, o bosque traduz natureza, saúde, bem-estar, vida e esperança. “Penso que um bosque, no espaço que dispomos, pode fazer parte de um processo terapêutico aos usuários do sistema de saúde e do Bom Pastor. Agregar a esta proposta árvores nativas frutíferas, para que pássaros e pequenos animais se incorporem ao ambiente constituído, certamente oferecerá um diferencial, em sintonia com a nossa missão”.
A mestranda em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade, Daiana de Quadros, desenvolve sua pesquisa acadêmica junto ao CAPS AD da instituição e acompanha as atividades terapêuticas, como a hortoterapia. “O projeto de criação de um bosque de árvores frutíferas tem um cunho ambiental, social e sobretudo de saúde, pois um dos objetivos é oportunizar aos internados um espaço de convivência onde possam realizar atividades terapêuticas em contato com o meio ambiente”.
Através desse projeto, a parceria entre Unijuí e Hospital Bom Pastor continuará se fortalecendo como acontece há muitos anos. Para o professor do curso de Agronomia da Unijuí, Osório Lucchese, esse trabalho integrado é essencial para a concretização desta iniciativa. “Nós possuímos um viveiro florestal que produz em torno de 70 espécies florestais nativas todos os anos. É um viveiro de alta diversidade e os diferentes projetos que desenvolvemos em todo o Rio Grande do Sul nos deu expertise nesses mais de 20 anos de trabalho para mostrar qual é a melhor forma de implantar sistemas com árvores, especialmente as nativas, que possuem sistemas um pouco mais complexos e uma dinâmica que chamamos de sucessional específica. Conseguimos um certo domínio desse conhecimento e isso é o diferencial da Universidade dentro do curso de Agronomia”.
O envolvimento e preocupação do Hospital Bom Pastor com o meio ambiente é algo que já ocorre há muitas décadas, como destaca o membro da diretoria, Jenoir Schiavo. “Desde que comecei a atuar como voluntário acompanhando a construção do hospital, lembro que nunca ficou esquecido o florestamento nos passeios públicos e internos e canteiros, sempre com auxílio de colaboradores do hospital, de engenheiros florestais e colegas voluntários. Hoje surge um novo desafio, que é o aproveitamento do espaço ainda livre do terreno. E a primeira ideia foi a implantação de um pomar com espécies da região que se adaptem à situação do local. O espaço será delimitado, reservando locais para outras instalações que o hospital possa vir a utilizar no futuro. Sempre estaremos preocupados com a questão da arborização, com a vida, saúde e bem-estar”.