Ausência do pai e idealização da mãe: “Minha Fortaleza” foi exibido em sessão online - Unijuí

O filme “Minha Fortaleza, os Filhos de Fulano” foi exibido em sessão online na tarde da última quarta-feira, dia 14 de abril, no âmbito do Projeto de Extensão Cinema e Direitos Humanos, vinculado ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito (PPGD) – Mestrado e Doutorado em Direitos Humanos da Unijuí. A atividade, realizada pela plataforma digital Google Meet, contou com recursos oriundos do Edital de Concurso Cultural nº 04/2020 – “Culturas Diversificadas” – do Poder Executivo de Ijuí – Lei de Emergência Cultural.

A obra cinematográfica, filmada em Vila Flávia, São Mateus, Zona Leste de São Paulo, narra a história de três famílias marcadas pela ausência de pai e com a figura materna solitária, situada no centro do enredo como santa guerreira devido ao abandono, à restrição de liberdade ou à morte do homem. São retratados os casos de Nego, que tatuou no peito uma fotografia de Dona Edith; de Fernando, que tatuou nas costas uma imagem da Virgem Maria em homenagem à mãe; e de Barão, que cumpre pena há oito anos e amarga a dor de fazer sofrer Dona Fatima.

A película nacional evidencia a realidade das comunidades brasileiras frente às várias dificuldades no atendimento às condições básicas de sobrevivência. Nesse sentido, a violação de direitos humanos é elemento-chave nas cenas, notadamente em virtude da violência, tanto social como institucional. A desigualdade, o encarceramento e o racismo são fatores trazidos, direta ou indiretamente, no filme. Os papéis de gênero, no entanto, sobressaltam aos olhos dos telespectadores e foram discutidos na atividade promovida nesta semana junto ao PPGD da Unijuí.

Com mediação da professora Joice Graciele Nielsson, o evento contou com mais de 100 inscritos. A diretora da obra documental, Tatiana Lohmann, participou da atividade e conversou com os ouvintes. Para ela, a periferia brasileira e, no caso, paulistana, evidencia a centralização da mulher, na sua condição materna, como se heroína fosse nas situações em que se constitui como a matriarca da família sem o auxílio da figura masculina. A partir disso, a diretora interessou-se em trazer a referida realidade às telas do cinema, cujo resultado foi a produção de “Minha Fortaleza, os Filhos de Fulano”.

A película, que transmite a idealização das chamadas mães solo, oportuniza inúmeras reflexões sobre as relações sociais e institucionais. Para a professora Joice Graciele Nielsson, o filme exibe a sobrecarga atribuída às mulheres e, especificamente, às mães, com ênfase às tarefas relacionadas ao cuidado. À ausência do pai, depositando, assim, na figura feminina o compromisso e a responsabilidade com o cuidado do filho, adiciona-se a culpabilização da mãe se o filho se inserir na criminalidade. Os históricos papéis de gênero encontram-se, nesse sentido, salientes na obra cinematográfica.

O filme foi destaque no Festival do Rio em 2019, teve a sua estreia internacional no American Black Film Festival (ABFF) em 2020 e entrou em cartaz no Cine Petra Belas Artes em 25 de fevereiro de 2021. Nesta semana, a película foi exibida a professores e estudantes vinculados à Unijuí e outras instituições de ensino, tanto de Educação Básica quanto de Educação Superior, localizadas no Brasil e, inclusive, no exterior por meio do Projeto de Extensão Cinema e Direitos Humanos, coordenado pelo professor Maiquel Ângelo Dezordi Wermuth.


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