Direitos Humanos, Cosmopolitismo e Democracia em debate na Unijuí - Unijuí
 
 

Confira o texto da professora Vera Raddatz, do Programa de Pós-Graduação em Direito e do curso de Jornalismo da Unijuí:

O Programa de Pós Graduação em Direito – Mestrado em Direitos Humanos -  da Unijuí recebeu nesta semana o Prof. Dr. Mohmmed Nadir, natural do Marrocos, professor visitante da UFSM. Nadir é graduado em História em seu país, Doutor em Direito pela Universidade de Coimbra e atualmente realiza o seu pós doutoramento em Direito na UFSM.  

Na noite de quarta e na manhã desta quinta- feira o professor africano discute com os alunos do Mestrado a visão do cosmopolitismo na perspectiva dos direitos humanos e da democracia. Nadir está em Ijuí a convite do Prof. Gilmar Bedin, coordenador do PPGD e professor da disciplina de Tópico Especial Direito e Democracia ,

Durante a sua explanação, Mohmmed Nadir, contextualiza a realidade africana e o desafio que o cosmopolitismo coloca para esses países na direção de criar oportunidades para que se posicionem como agentes mais ativos frente a uma globalização elitista.

Mohmmed defende um cosmopolitismo justo, que propicia o diálogo humanista e aproxima os povos: “É um sentimento transfronteiriço. E mais do que um sentimento, uma necessidade e um dever de ação à escala planetária em que todos os direitos sejam garantidos para todos entre todos”, declara o professor.

A palavra cosmopolitismo vem do grego [cosmo politos], que significa cidadão do cosmos e do mundo. Mohmmed Nadir afirma que precisamos de uma noção global de cidadania. O cosmopolita diz que devemos nos reconhecer como responsáveis uns pelos outros coletivamente, como cidadãos que somos. O cosmopolita pensa ser bom que as pessoas sejam diferentes, que elas se importem com todos, mas não na noção do “todos somos iguais” ou do “devemos ser como eles”.  Isso se opõe à ideia do universalismo que vê o outro como irmão somente se o mesmo se enquadrar nos termos ou na cultura dele.

O professor marroquino cita o teórico cultural ganês Kwame Anthony Appiah e o sociólogo alemão Ulrich Beck para fundamentar sua visão de cosmopolitismo. Para o primeiro, o conceito base de cosmopolitismo surge como solução para os desafios do pensamento fundamentalista ou de qualquer tipo de imposição cultural. Mohmmed salienta que para Appiah, “o reconhecimento da diferença em seu grau mais profundo, o dos valores que nos regem, é uma retomada da humanidade, é colocar nossa moral natural acima das inescapáveis diferenças sociais”. Já Ulrich Beck, enfatiza o professor, “sugere um novo paradigma nas ciências sociais que é precisamente o cosmopolitismo inspirado na expressão alemã ‘ Welt Bürger’ que significa cidadão do mundo. E este significado serviu de fundo à discussão no século 18 e 19, relacionando a questão à ideia do patriotismo e nacionalismo”.

Hoje podemos pensar o cosmopolitismo de uma maneira nova. Segundo Mohmmed Nadir, vivemos em um mundo onde as fronteiras geográficas ou territoriais, as fronteiras econômicas, culturais e políticas já não coincidem. Ele acredita que os Estados-nação precisam se abrir e ser inclusivos para as outras nações. E dentro de uma visão cosmopolita teríamos o direito de livre circulação, nos mantendo ligados as nossas raízes locais, mas interagindo solidariamente com os outros. A solução é aprendermos a ser ambos. Portanto, um desafio para a humanidade.

Interagindo com alunos e professores do Mestrado ele responde com alegria e humor sobre as questões relacionadas ao quotidiano do Marrocos, as dificuldades, as imposições culturais do colonialismo e ao mesmo tempo destaca o processo atual de busca da África de sua maior autonomia.


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