Professora do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação nas Ciências da Unijuí, Maria Cristina Pansera de Araújo teve um projeto aprovado no edital do Programa de Apoio à Fixação de Jovens Doutores no Brasil, lançado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, que proporciona a concessão de bolsas e auxílio à pesquisa para jovens doutores em todas as áreas do conhecimento.
Intitulado “Pensamento Computacional na Formação de Professores: repercussões na Educação Básica a partir do ensino com, sobre e através de tecnologias”, o projeto tem como objetivo propor indicadores conceituais, epistemológicos e metodológicos no processo de qualificação das práticas imediatas em sala de aula na formação de professores alicerçados no pensamento computacional.
O objetivo surge em meio à base epistemológica que vem sendo potencializada em pesquisas e produções junto ao grupo de pesquisa “Mongaba: educação, linguagens e tecnologia”, desenvolvido na Unijuí sob a coordenação da professora Fabiana Kurtz, que trabalha a proposta conceitual do TPACK ou “Conhecimento Tecnológico Pedagógico do Conteúdo'', ainda distante dos currículos e das metodologias de ensino, tanto de Educação Básica como da formação inicial docente em nosso país. Busca-se, segundo a proponente do projeto, articular esse framework como base conceitual e também metodológica da proposta desta pesquisa a um escopo epistemológico marcado pelo conceito de Pensamento Computacional (PC) à luz da perspectiva histórico-cultural de Vygotsky.
“Aprender com e através das tecnologias, de modo transversal e integrado às práticas sociais e às demandas vigentes no século XXI, com forte embasamento teórico quanto a seu caráter de instrumento cultural que altera o fluxo das ações humanas, permanece latente no cenário investigativo acadêmico na área educacional no Brasil. Este projeto, realizado totalmente no formato e-learning/a distância, se configura como um movimento de pesquisa-ação participativa junto às escolas das redes municipais e estaduais do Rio Grande do Sul, no sentido de contribuir tanto pela via teórico-conceitual, como metodológica e instrumental para a qualificação da prática imediata de professores”, explicou a professora.
Difundido em diversos países, o Pensamento Computacional vem sendo associado à formação de professores e, especialmente, a metodologias inovadoras de ensino na Educação Básica. Por ser baseado em fundamentos da Ciência da Computação, envolve o desenvolvimento de capacidades e habilidades bastante destacadas em documentos que regem a educação em diferentes países e na própria literatura internacional como cruciais aos sujeitos engajados em um contexto permeado – e transformado – por tecnologias digitais.
Ao longo dos anos, tem havido considerável interesse e pesquisas dedicadas a incorporar habilidades de Pensamento Computacional em todos os níveis de currículos escolares em diversos países. Agências governamentais e interesses privados, como a National Science Foundation e a British Royal Society, Microsoft e Google têm apoiado esses esforços. No Brasil, articulações de diferentes organizações, como o Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB) e a Sociedade Brasileira de Computação (SBC), estão ativamente engajadas na introdução de PC, tecnologia digital e cultura digital nos currículos escolares de modo alinhado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Assim, o objetivo da pesquisa se alinha às mudanças na legislação envolvendo a Educação Básica e a própria formação de professores no Estado e no país.
Inclusive, em outubro do ano passado, o Ministério da Educação homologou o parecer CNE/CEB 2/2022, que define normas sobre o ensino de computação na Educação Básica para todo o país. Como um complemento à BNCC, o documento indica o conjunto de habilidades, competências e objetivos de aprendizagem, associados ao Pensamento Computacional, que deverão ser considerados nos currículos escolares para a educação infantil, ensino fundamental e médio. É justamente por isso que ações de revisão curricular nos próprios cursos de licenciatura (de todas as áreas) são necessárias, em um curto espaço de tempo, como o próprio parecer indica, e a partir de que parâmetros isso será feito, demanda esforços investigativos dos pesquisadores.