Na última semana de 2022, os pais de Franciele Mirian da Rocha, Aloísio e Roseli, estiveram na Unijuí para receber o diploma da filha, agora doutora em Educação nas Ciências pela Universidade. Graduada em Psicologia e mestre em Práticas Socioculturais e Desenvolvimento Social, Franciele está residindo na Alemanha, país que conheceu a partir da realização do doutorado sanduíche, no ano de 2019.
“Eu sempre quis morar e estudar fora do país e vi no doutorado sanduíche uma oportunidade de realizar esse sonho. Eu não tinha um país em mente, então, quando abriu o edital, meu orientador, professor doutor Walter Frantz, sugeriu a Universität Osnabrück, na Alemanha, pelo fato de já termos contatos e haver parceria com a Unijuí”, explicou Franciele, que no início teve medo de encarar o desafio, por não saber falar alemão. “Mas eu não podia perder a oportunidade por causa da língua. A experiência foi ótima, embora a pandemia tenha afetado muito. Tive menos oportunidades por causa disso, mas tentei aproveitar ao máximo as experiências durante o tempo que estive no país”, completa a jovem, que posteriormente voltou ao Brasil.
Em março deste ano, Franciele defendeu a tese intitulada “A construção de conhecimentos em processos de educação popular no universo da reciclagem em Ijuí - RS”, com o apoio da Fapergs/Capes. O objetivo geral da pesquisa foi compreender de que forma a educação popular, por meio do trabalho em cooperativas, pode colaborar com os catadores de materiais recicláveis da cidade de Ijuí na construção de um habitus que os constitua como sujeitos mais conscientes sobre a sociedade de consumo e capazes de produzir resultados sociais em suas vidas. Ao final do estudo, a doutora concluiu que a educação popular, que é promovida nas associações, desempenhou importantes transformações na vida dos profissionais da reciclagem, apesar das demandas que ainda necessitam ser assistidas, tais como valorização profissional, maiores investimentos de acordo com as demandas reais, vínculos mais estreitos com o Poder Público, entre outros. “Agradeço pela oportunidade de ter estudado na Unijuí, uma Universidade de alto nível, e ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação nas Ciências por ter sido um lugar de evolução e acolhimento”.
De volta à Alemanha
Quando ainda estava na Alemanha, Franciele conheceu seu namorado, que posteriormente esteve no Brasil para visitar a sua família. Esse vínculo, somado à saudade dos amigos que conheceu durante o doutorado sanduíche, a fizeram voltar para Alemanha, evoluir no aprendizado da língua e encontrar um emprego. “Estou estudando o nível B1, quase indo para o B2, necessário para que eu consiga validar os meus diplomas. Aqui, faço trabalho voluntário num local onde distribuem alimentos para pessoas carentes. A vida não é fácil para os estrangeiros porque a língua é tão difícil quanto o português. Também é difícil encontrar uma vaga porque eu tenho alta qualificação e, ao mesmo tempo, pouca experiência de trabalho. Mas tenho esperança de que dentro de meio ano estarei apta para trabalhar na minha área”, relata.
Franciele diz que, na Alemanha, se sente mais segura e que tem aproveitado a oportunidade de viajar e conhecer outros lugares com pouco dinheiro. “É só saber se organizar e pesquisar bem. Eu amo viajar e estar segura, então, isso conta muito para mim”, disse. A agora egressa da Unijuí não quer apenas trabalhar na área, mas fazer a diferença atuando junto a populações marginalizadas e refugiados.