Entre os dias 2 e 14 de maio, a estudante do mestrado em Educação nas Ciências da Unijuí, Andréa Oraide Copetti Franco, participou de uma vivência na etnia Yawanawa, do Acre, aldeia Mawa Yuxin, coordenada pelo grupo AYA/Consciência e Ancestralidade, de Ivoti, representado por Carla Graessler. O grupo, formado por 16 pessoas, é bastante heterogêneo e conta com integrantes de ambos os sexos, de diversos lugares do Brasil e com objetivos diferentes, conforme a área de atuação, embora todos tenham em comum o amor e respeito pela natureza, à cultura indígena e à busca pelo autoconhecimento.
Andréa destaca que passar um tempo junto à aldeia Mawa Yuxin, às margens do Rio Gregório, que tem como quintal a floresta amazônica, foi muito mais que um presente. Foi uma oportunidade de conhecer uma cultura que nos faz tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais. “A aldeia é dirigida por uma liderança feminina, Waxi Yawanawa, em um mundo predominantemente masculino. Nos foi apresentado o modo de viver dessa comunidade, que ainda aos olhos de muitos é considerada pouco civilizada. Em nossa sociedade capitalista, nossos idosos, em sua grande maioria, quando não são mais produtivos, são descartados. Para os Yawanawa, os anciãos são tratados como os conhecedores da sabedoria, são os que recebem a melhor caça (toda ave abatida é consumida, e o que sobra é transformado em artesanato), os que dão os conselhos e contam as histórias”, comenta a mestranda.
De acordo com Andréa, tudo que é retirado da natureza é para uso, nada é devastado. “Eles ainda não têm a cultura do acúmulo e do descarte, muito bem descrita por Bauman na sua teoria da sociedade líquida. Diria, sem medo de errar, que os indígenas são os verdadeiros guardiões da floresta, ou do que sobrou dela”, completou a estudante que, diante dessa constatação, passou a questionar seus conceitos de civilidade.
“Esse tempo na floresta foi transformador. Poder acessar um pouquinho desse conhecimento é inspirador para a vida. Os Yawanawa são um povo que canta para agradecer e curar, através de seus rezos e medicinas da floresta. Levanto minha bandeira pela preservação desses povos, não somente os Yawanawa, mas por todos os povos indígenas que existem no Brasil. Povos que tiveram suas identidades roubadas e merecem todo nosso respeito e admiração.” Segundo Andréa, muito mais do que um projeto de mestrado, a possibilidade de vivenciar outras culturas modificou, principalmente, seu projeto de vida.