Por Amanda Calegaro Thiel, estagiária de jornalismo da Unijuí FM
Mesmo que lentamente, a vacinação contra a Covid-19 avança pelo país. Contudo, o número de casos, mortes e internações conta com uma inexpressiva ou, até mesmo, inexistente redução. Quais são os fatores que levam o Brasil a estar “na contramão” do enfrentamento à pandemia de coronavírus?
No Rizoma Temático desta quinta-feira, dia 10 de junho, o assunto debatido foi justamente este: “Covid-19: Por que estamos na contramão do enfrentamento?”. O que a conversa revelou é que os números não só não estão diminuindo, como, novamente, estão aumentando na região. Os convidados do programa foram o secretário municipal de Saúde e professor da Unijuí, Márcio Strassburger; a diretora Técnica e coordenadora da internação Covid-19 do Hospital de Caridade de Ijuí (HCI), Mariele Zardin; o coordenador Técnico do Laboratório de Análises Clínicas da Unijuí (Unilab) e professor da Universidade, Matias Nunes Frizzo.
Ao analisar a situação municipal e regional da pandemia, o secretário de Saúde de Ijuí, Márcio Strassburger, afirma que o cenário é de preocupação. “Temos uma grande quantidade de casos ativos, um aumento no número de confirmações e na procura pelo Centro de Triagem. Não chega a ser o que enfrentamos em março, quando atingimos um pico de 1.050 pessoas com coronavírus ativo e a média de consultas diárias era de 140, mas precisamos ter mudanças de comportamento para garantir a redução desse número de casos”, destaca.
O secretário também fala sobre os números atuais do município. “Estamos com 334 pessoas com a doença ativa, uma média de 90 consultas diárias no Centro de Triagem e em torno de 32% da população vacinada”. Ele ressalta ainda que houve uma mudança no perfil das pessoas que buscam atendimento. “Hoje, talvez mais de 80% das pessoas que procuram o Centro de Triagem são pessoas jovens, abaixo de 50 anos, enquanto a procura da população idosa reduziu significativamente, certamente já por efeito da vacina”, avalia Márcio.
A análise do professor Matias Frizzo vai ao encontro da do secretário. Segundo ele, os números observados no Unilab também vêm crescendo nas últimas semanas, tanto o quantitativo de testes realizados quanto o percentual de casos positivos. Além disso, o perfil das pessoas que procuram os testes também é de uma faixa etária mais jovem. “A circulação viral está alta e as novas variantes podem oferecer maiores riscos de contaminação e agravamento do quadro, o que contribui para a internação da população jovem. Mesmo que no início da pandemia a maior preocupação era com idosos, hoje percebemos que também há uma busca pelos serviços hospitalares pela população jovem”, enfatiza Matias.
A avaliação da coordenadora da internação Covid-19 do HCI, Mariele Zardin, é ainda mais enfática. "Na minha opinião já estamos na terceira onda. Nós estamos vendo pacientes com comportamentos totalmente diferentes das outras vezes, pacientes que pioram em dois dias, pacientes jovens, a média de idade em torno de 40 anos. Então é um novo comportamento do vírus e com esse aumento da taxa de incidência, provavelmente já estamos vivendo a terceira onda sim”, alerta a médica.