O que há de errado? Talvez essa pergunta seja dura demais, mas como entender o que está acontecendo? Com uma frequência cada vez maior, de maneira pública e sem restrições, a apologia a violência e até a morte, com massacres ocorrendo em várias partes do mundo suscitam a pergunta. Uma guerra sem fronteiras travada em múltiplos lugares, sem aviso, com o suposto “inimigo” morando ao lado, na porta da frente, na classe ao lado, na rua seguinte. Por que simplesmente não sabemos. Em março de 2019 massacres chamaram a atenção do mundo. Mas eles não são fato isolado, ao contrário, são consequência de sintomas anunciados abertamente em redes sociais, em grupos cada vez maiores e com um ódio em ascensão sendo destilado. Para falar sobre isso, a partir de ataques como a escola em Suzano, São Paulo, a uma mesquita na Nova Zelândia, entre outros fatos, o Rizoma da Unijuí FM, na abertura da temporada temática do programa, trouxe o assunto para debate com as convidadas Iris Campos, professora do curso de psicologia, e Ester Heuser de Direito e Janaína Sturza, da Unijuí.
Apesar de amplo e com diversas perspectivas de análise, as professoras falaram sobre causas e consequências do atual quadro social e da apologia a violência. “Nós temos hoje novas formas de violência, episódios como o de Suzano, e da Nova Zelândia, evidenciam um tipo de violência gratuita, que não é motivada, com um fim em si mesma. Mas eu não tenho segurança em dizer que nós tenhamos hoje mais violência do que já tivemos historicamente na sociedade brasileira”, explicou a professora Ester Heuser, observando o contexto histórico brasileiro ligados a violência, citando o colonialismo e escravidão como exemplo.
Já a professora Iris Campos destacou a relação da violência com as possibilidades discursivas que existem atualmente. “A partir das visibilidades que foram conquistadas por negros, muçulmanos, homossexuais, mulheres, e que são tremendamente positivas, perduram raízes antigas, primárias, que constituem a nossa humanidade. Eu penso que essas ondas de violência que a gente assiste precisam ser refletidas a partir de fenômenos de tolerância e intolerância e de macro discursos que caem”, analisou a professora.
A professora Janaína Sturza também salientou as diferenças sociais como fator decisivo para explicar o fenômeno da violência. Contudo, observou que esse não é fenômeno atual e sim estabelecido historicamente. “ Hoje nós vivemos um contexto de diferenças, mas é hoje? Não, nós já vivemos isso. Mas hoje nós temos as redes sociais que acabam fomentando e dando visibilidade para essas diferenças”, ponderou a professora, explicando ainda as desigualdades sociais a partir da sociedade de consumo como fator gerador de opressão e de uma crise de identidade que resultam em violência.
O tema da semana do Rizoma vai ao ar todas as quintas-feiras, às 10h. Nesta semana o tema é: vaidade masculina – a expansão de mercado.
Abaixo você confere a entrevista completa do tema - "A sociedade da violência - desvalorização da vida e apologia à morte".
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