A globalização e acesso à Internet vêm crescendo a cada ano, constituindo-se num ambiente completamente novo para relações sociais, comerciais e profissionais. No entanto, a frequente exposição das pessoas, de suas famílias, hábitos e preferências nas redes sociais são tamanhos, que já existem estudos e pesquisas direcionadas à conscientizar a população sobre os perigos que a superexposição pode causar. Não é raro que as pessoas postem informações que possam ir contra seus interesses e acarretam, inclusive, a perda de amigos, família, emprego, etc.
A importância do direito à privacidade é tão grande que nem mesmo a pessoa, ainda que deseje, consegue renunciar ou abdicar dele. Segundo a Constituição Federal (artigo 5º, X), são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
Pensando nisso, o Rizoma Unijuí resolveu discutir, esta semana, a Privacidade em Tempos de Redes Sociais. E para tal, os estúdios da UNIJUÍ FM receberam, na manhã da quarta-feira, 23, os professores Walter Frantz (DCJS), Maurício de Campos (DCEng) e a psicóloga Liége de Jesus. Na pauta, foram debatidas as transformações nos últimos anos que culminaram em ameaças à privacidade dos cidadãos, seja pela superexposição dos usuários nas redes sociais ou até mesmo algoritmos que retém seus dados pessoais em prol de interesses comerciais.
De acordo com o professor Walter Frantz, do Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais (DCJS) da Universidade, o problema da superexposição relaciona a velocidade das coisas com o próprio instinto humano. "Como dizia Aristóteles, o ser humano é um animal político, então me parece que nós dificilmente conseguimos viver isolados ou em privacidade, nós necessitamos dessas relações", afirmou o docente, citando um dos piores castigos que alguém pode ter: o de serem privados do convívio social. "Isso mostra que na relação um com o outro existe algo de muito importante para a vida das pessoas", completou.
Já de acordo com o professor Maurício de Campos, do Departmento de Ciências Exatas e Engenharia (DCEng), as pessoas têm uma falsa sensação de segurança por utilizarem seus próprios dispositivos, computadores e smartphones pessoais. "Na verdade está tudo numa rede, e a tendência com a Internet das coisas é ficar mais conectado ainda, aumentando a vulnerabilidade e ao mesmo tempo a tendência das pessoas se protegerem", disse durante a entrevista. Para ele, a tecnologia pode ser usada tanto pro bem quanto pro mal, logo, "uma pessoa com um sentimento maldoso pode usar essas informações para o mal", enfatizou Campos, dando exemplos de sequestroes e assaltos motivados pelo que foi compartilhado em redes sociais.
Liége de Jesus, por sua vez, falou sobre a comparação entre o prazer da liberdade e a angústia que os excessos de liberdade podem proporcionar. "Eu vejo que, na vida cotidiana das pessoas, as redes sociais têm um peso muito grande, por exemplo, o que o jovem de hoje traz como material na terapia não é a mesma coisa que o adulto, para eles, a realidade é o que fulano comentou na foto ou a curtida", comentou a psicóloga. De acordo com elas, a linguagem dos jovens é "grudada com o virtual", portanto, não há separação. Desta forma, "a privacidade nas redes sociais quase não existe".
Você pode ouvir a entrevista na íntegra com os professores Walter Frantz (DCJS); Maurício de Campos (DCEng) e a psicóloga Liége de Jesus, logo abaixo:
Confira também, clicando aqui, a live da entrevista no Rizoma desta quarta-feira.