Por que gostamos de sentir medo? Os filmes de terror foram tema do Rizoma na manhã desta quarta-feira! Confira: - Unijuí

Seja nos filmes de terror, na literatura, música ou até mesmo nos videogames, uma das representações mais atraentes sempre contou, também, com uma das reações mais primitivas do ser humano: o medo! O que explica esse fascínio por sentir medo? O que faz deste gênero tão cativante ao público em geral?

"A soma de todos os medos" foi o tema especial do Rizoma nesta semana! E para falar sobre o assunto, os estúdios da 106.9 receberam a cinéfila Gabriela Linck e o psicólogo Diego Portolan para um bate papo na manhã desta quarta-feira. Entre dicas de filmes e jogos, os convidados trataram do quão complexa pode ser a mente humana ao associar o pavor a algo completamente oposto, como o prazer.

Muitos especialistas têm estudado e comentado sobre os mecanismos de recompensa e aprendizagem que se ativam com a sensação de sentir medo. Em um nível orgânico, o susto coloca a pessoa em estado de alerta, desencadeando a liberação de adrenalina - para que o corpo reaja com mais rapidez diante do perigo - bem como a elevação nos níveis de dopamina - hormônio do prazer, útil para combater o estresse resultante de uma situação de ameaça. O apelo dos filmes de terror é grande pois o ser humano busca, por instinto, emoções fortes e primitivas. Tal combinação química em um ambiente controlado explica o porquê de muitas pessoas se tornarem viciadas em sentir medo. Quando a mente tem certeza de que não existe perigo algum, o corpo aproveita para consumir as substâncias que liberou sem a interferência de nenhuma ameaça real ou consequências negativas.

É possível constatar os resultados desta "mistura" em bilheterias de grandes franquias do gênero, a exemplo de 'Invocação do Mal' que, no lançamento de seu terceiro longa, ultrapassou a barreira dos US$882 milhões com os três filmes - somando o primeiro 'Invocação do Mal' e 'Annabelle'. Com isto, a franquia se tornou a terceira maior em arrecadação no gênero, atrás somente de 'Resident Evil' (US$915 milhões com cinco filmes) e ‘Atividade Paranormal‘ (US$889 milhões com seis filmes). A franquia ultrapassou até ‘Jogos Mortais’, que arrecadou US$ 874 milhões com sete filmes. E tudo isto antes de lançarem 'Invocação do Mal 3' e 'A Freira' (2018).

O psicólogo Diego Portolan citou o psicanalista Sigmund Freud ao conceituar o gênero como algo estranho, porém familiar. "Você só reconhece como estranho algo que uma vez foi familiar e, somado à essa ideia, uma soma de eventos involuntários repetidos e fora do controle; então seria um estranho que acontece várias vezes e você não têm controle; acho que isso predomina nos filmes de terror", explicou. Não é a toa que inseguranças, dúvidas, sentimentos de solidão e abandono são os temas mais utilizados em histórias como estas, deixando vir à tona o lado mais obscuro do próprio ser humano. "Por isso que talvez é chamativo para uma parcela de público (...) dentro do filme de terror você consegue fazer um ensaio de como lidaria com algumas questões da realidade", complementou Diego.

O medo do escuro, mais especificamente, é abordado por quase todos os longas do gênero. Segundo a cinéfila Gabriela Linck, tal medo foi sendo enraizado no imaginário popular desde os tempos mais antigos. "No início era o escuro, porque as pessoas moravam em lugares inóspitos onde tinham feras que poderiam atacar durante a noite (...) conforme o tempo foi passando, na Era Medieval, o medo era de andar no escuro, à noite, e ser atacado por ladrões; ou no escuro as pessoas tinham suas casas invadidas", contextualizou. E nos dias de hoje, este medo primitivo segue sendo motivo de pavor tanto para crianças quanto adultos. "Então, na verdade, eu acredito que o medo do escuro é o medo do desconhecido, daquilo que está se escondendo", ressaltou a convidada.

Ouça, logo abaixo, a entrevista com a cinéfila Gabriela Linck e o psicólogo Diego Portolan na íntegra:


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