Rap cresceu porque ‘abriu a mente’ para novos temas, diz Projota - Unijuí

Rap cresceu porque ‘abriu a mente’ para novos temas, diz Projota


"Ai que saudade de você debaixo do meu cobertor”, um verso que poderia ter saído de um clássico da MPB melosa dos anos 1990 – quem não se lembra de “Palpite”, de Vanessa Rangel? –, hoje faz sucesso na voz de um músico de rap. Projota não tem vergonha de se assumir romântico em “Cobertor”, cuja versão mais famosa canta com Anitta, e em muitas outras faixas que o ajudaram a emplacar o gênero entre as mais ouvidas no país.

O cantor é uma das atrações do Z Festival, que acontece neste sábado (10) em São Paulo com shows da estrela teen Demi Lovato, do trio americano Cheat Codes e de alguns dos principais artistas do pop brasileiro. Mas, se hoje é possível um rapper estar nesse time, é porque o ritmo “abriu a mente” para novos temas, entre eles o amor, na opinião do músico.

“Quando você se permite falar sobre outras coisas, abrange mais gente. Se eu falo sobre o gueto, vão se identificar as pessoas que vivem lá e as que se importam politicamente. Mas se faço uma música de balada ou que exalta a mulher, por exemplo, outras pessoas olham para aquilo”, diz ao G1.

Ainda “na adolescência”, avalia, o rap brasileiro tem potencial para se tornar um adulto com a popularidade avassaladora do sertanejo. Para isso, “mais gente precisa entendê-lo como importante, algo que você precisa acordar cedo e dormir tarde para fazer”. “Não adianta ter meia dúzia de nomes, que se repetem nas festas de hip hop.”

Um pouco de Mano Brown, Djavan e Drake

Para quem não o conhece, Projota costuma definir seu som como “meio Mano Brown, meio Djavan”. Sim, ele é romântico. Mas também que falar de política, violência, racismo e desigualdade, como em “O homem que não tinha nada”, “A rezadeira” e “O portão do céu”. Cresceu ouvindo Leandro e Leonardo, é fã de Charlie Brown Jr., Cazuza e Legião Urbana, mas diz que o rap de contestação “mudou sua vida”.

Nascido em Lauzane Paulista, zona norte da capital, o músico teve infância pobre, trabalhou como entregador e balconista e começou a compor aos 15 anos. Hoje acredita que “seu trampo” também tem muito a ver com o de Drake, primeiro cantor de rap a alcançar o primeiro lugar do ranking de artistas mais ouvidos da “Billboard”.

Por falar de amor e levar o rap às novelas - emplacou seis músicas em trilhas sonoras -, já foi mal visto pelos colegas, mas garante que o preconceito é página virada no hip hop. “Há portas que o Racionais [MC’s] abiu, o Emicida, Criolo e o Projota também. Elas nunca mais se fecham. Acho que, nesse sentido, as coisas estão mais tranquilas para a galera que está surgindo.”

Novo disco

 

O rapper jura não se preocupar com rótulos, e se diz honrado por tocar no mesmo palco que Demi Lovato. “Ela não faz uma música plastificada. É forte”, define. No Z Festival, apresentará uma versão reduzida do repertório de “3Fs”, trabalho ao vivo que lançou em junho deste ano.

Fora do palco, prepara o segundo álbum de estúdio da carreira, previsto para abril de 2017. Será um trabalho “mais equilibrado” que o anterior, “Foco, força e fé” (2014), segundo ele. “Sinto que ele consegue mesclar melhor esses dois polos, o político e o romântico, o pesado e o leve.”

Com um currículo repleto de parcerias – além de Anitta, Marcelo D2, Negra Li e Jota Quest estão na lista –, também espera confiante um dia conseguir realizar seu sonho: cantar com Eminem. “Somos da mesma gravadora. Vai que, de tanto eu falar, ele fica sabendo.”

Fonte: G1


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