Por: Daniella Rigodanzo Koslowski
Parece que foi ontem que desembarquei na Polônia, com um misto de sensações e muita vontade de conhecer o novo, arriscar, tomar decisões, e assim por diante... Agora há exatamente 82 dias para deixar a Polônia, Lublin e a Universidade Maria Curie-Skłodowska (UMCS), posso dizer que me sinto realizada e muito feliz com tudo o que aprendi e ensinei. Entendi que intercâmbio não é apenas você ir às aulas e compartilhar conhecimento, mas também conhecer a si mesmo e deixar de lado os estereótipos que somos acostumados a taxar ao desconhecido. Ter a oportunidade de conhecer pessoas de diferentes países, e poder se comunicar ou tentar, em outras línguas é compreender que quando queremos dividir um pouco da vida que levamos em qualquer lugar do mundo, não há barreiras que te impeçam.
Nesse período de 7 meses, participei de aulas dos cursos de Jornalismo, Relações Internacionais e Ciências Políticas, possibilitando apresentar trabalhos em inglês e ver que nem tudo é difícil ou impossível como pensamos. Aqui somos bem recepcionados e guiados, qualquer um que esteja no âmbito acadêmico está sempre pronto para ajudar no que for preciso, das coisas mais simples às complicadas. Abrir-se para novas experiências foi e está sendo uma descoberta.
As amizades que fizemos, por um curto período de tempo, me fez ver que apesar de estar longe da família e amigos, sempre podemos contar com pessoas que estão na mesma situação. Afinal, somos estudantes aprendendo sobre a vida pessoal e profissional, de uma forma diferente, posso dizer que com mais emoção. Intercâmbio sempre foi um objetivo de vida e agora que eu consegui, acredito que posso muito mais.
De todas as experiências que eu venho tendo, uma delas é conhecer e discutir em aula sobre a Lublin (dita como a cidade da inspiração). Uma matéria de Relações Internacionais, nos permite estar em contato com profissionais e lugares, responsáveis pela imagem visual de Lublin. Uma cidade que vive no passado mas trabalha na modernidade, e tem muito a oferecer, principalmente aos estudantes. No ano de 2016, Lublin concorreu a Capital Europeia da Cultura, não ganhou, mas também não deixa de ser. A poucos dias de completar 700 anos, uma das cidades mais conhecidas da Polônia, Lublin é um encanto e um ótimo lugar para viver e estudar.
O Trabalho de Conclusão de Curso, o famoso TCC, é uma das principais etapas da vida do estudante universitário. Ele, de certa forma, sistematiza o curso de graduação. Após meses de trabalho, defesa em banca, aprovação e publicação do trabalho, bate aquele orgulho da conclusão de uma importante tarefa. E, quando este trabalho ganha destaque fora da Universidade, mais ainda.
Greice Walter Pieper, egressa de Ciência Contábeis recentemente pode sentir esse gostinho, quando contribui, a partir do seu TCC, com reportagem sobre Contabilidade Rural do Jornal do Comércio gaúcho. Ela escreveu o trabalho "Impacto no patrimônio da avaliação a valor justo dos ativos biológicos em uma propriedade rural do município de Catuípe"
Confira um trecho da matéria
De acordo com a jovem, o foco do estudo se concentrou principalmente nos ativos biológicos e o objetivo foi identificar, com a avaliação, a valor justo e seu impacto no patrimônio. A mensuração contábil pelo valor justo (fair value, na terminologia em inglês) tem sido cada vez mais exigida por órgãos reguladores em várias partes do mundo. No Brasil, o Pronunciamento Técnico - Ativos Biológicos e Produtos Agrícolas (CPC 29) emitiu regras que introduzem o valor justo para avaliação dos ativos biológicos, em detrimento do custo histórico, como explica Greice em sua pesquisa.
"Uma das principais razões da escolha foi justamente a carência de trabalhos de cunho científico sobre o tema", argumenta Greice, que destaca também sua proximidade com o tema, já que seu pai, Valdez Pieper, é produtor rural. "Esse convívio me fez perceber que falta de conhecimento no meio rural sobre os benefícios da contabilidade. Em parte, também porque o produtor não quer se aprofundar nos números", avalia a contadora, que há um ano atua no Proconta, escritório de contabilidade localizado em Ijuí.
Confira a reportagem na íntegra
Foto: Reprodução do Jornal do Comércio
Confira o relato dos estudantes da Unijuí Keli Medeiros e Mathias Berwig:
No início é difícil de acreditar. Os amigos perguntam “tá tudo certo para a tua viagem?” e os professores “ué, mas você ainda está no Brasil?”. As despedidas se tornam rotina para os últimos dias antes de sair de casa rumo a um semestre de estudos em outro hemisfério. Até que você está no aeroporto, no avião e, quase um dia depois, chega em um país cinza e branco. Tudo está coberto de neve. Aquelas vezes que brincamos de mímica na escola não foram em vão (agora são imensamente úteis na comunicação, hahaha). Então, com uma combinação de sorte, esforço e perseverança, chegamos no destino final.
Por questões de praticidade, os intercambistas da UNIJUI recebidos na UMCS são acolhidos com os estudantes do ERASMUS, um programa de apoio interuniversitário da união europeia. Isso inclui o acompanhamento de um mentor, que normalmente é estudante e nativo da região. No dia seguinte à chegada na cidade, fizemos um tour para conhecer Lublin.
A agenda da primeira semana foi preenchida com eventos de orientação e apresentação da universidade: conhecemos mais sobre o funcionamento da UMCS, transporte público e demais informações pertinentes à permanência na cidade polonesa. No final de cada dia eram apresentadas diferentes propostas de integração para os intercambistas, como patinação no gelo, encontros em pubs, refeições tradicionais polonesas e visitas a museus. No último dia 7 de abril ocorreu o evento ERASMUS Day, momento em que os intercambistas apresentaram suas universidades aos estudantes poloneses.
Com relação à vida acadêmica, um aspecto que difere os estudos na UNIJUÍ e na UMCS é a forma como os alunos são orientados a respeito do desenvolvimento das aulas durante o semestre. Acostumados com planos de ensino, ementa e materiais disponíveis no portal do aluno, fomos surpreendidos com a necessidade de entrar em contato diretamente com cada professor a fim de discutir os planos de estudo. Talvez essa característica seja específica aos estudantes estrangeiros, uma vez que nem sempre estão em número suficiente para formar uma turma para ensino regular (que aqui é conhecido como “palestra”), sendo necessário que recebam orientação individual. Essa particularidade exige que o aluno exerça suas capacidades autodidatas, seja lendo a bibliografia sugerida ou pesquisando sobre o tema.
A experiência de fazer um intercâmbio tem sido muito enriquecedora, principalmente em seus aspectos culturais, acadêmicos e intelectuais. É uma oportunidade única de aprender um novo idioma, conhecer pessoas com costumes completamente diferentes e, claro, estudar em um ambiente novo.