No exterior desde janeiro de 2007, onde fica até setembro de 2011 quando conclui o doutorado, Rafael Z. Frantz é mais um egresso da UNIJUÍ que seguiu a vida acadêmica fora do país. Graduado em Informática no ano de 2002, ele atualmente realiza sua pesquisa de doutorado na Universidade de Sevilha, instituição com mais de 500 anos e que conta com cerca de 80 mil alunos. Experiências acadêmicas e culturais estão nessa história do estudante egresso da UNIJUÍ e que você pega carona no Tá Ligado.
Tá Ligado - Qual a avaliação que você faz da experiência de doutorado no exterior?
Rafael – O Doutorado no exterior te agrega muitíssimo mais conhecimento sobre cultura, língua, do que se pode imaginar. É viver profundamente uma cultura diferente. Você está imerso em outra sociedade. O doutorado no exterior é muito interessante não só pelos conteúdos técnicos, mas também tem essa riqueza cultural e linguística de experiência de vida no exterior. Quando você volta de uma experiência de doutorado fora do país, você volta com uma visão mais ampla do mundo, das sociedades e suas diferenças, volta também mais exigente e crítico. Portanto , a experiência cultural no exterior te permite enriquecer muito os estudos técnicos que se vai fazer por lá.
Tá Ligado - Para o que um estudante precisa estar preparado na hora de fazer um intercâmbio, ou um doutorado no exterior?
Rafael – Primeiramente, ter um projeto de estudos bem claro. Além disso você deve estar aberto a conhecer novas culturas e não achar que a sua cultura é a correta, ou superior. Deve-se estar preparado para coisas completamente diferentes do que você espera ou que talvez tenha imaginado em vários aspectos. É preciso estar preparado para aceitar as diferenças. Que o seu ponto de vista não é o único correto, mas sim é apenas mais um ponto de vista. E, principalmente, a questão de línguas. Além disso, saber que as pessoas no exterior não são tão abertas, receptivas, como muitas vezes imaginamos, e que isso é parte da cultura deles.
Tá Ligado - Com as barreiras da língua sempre acontecem situações inusitadas, curiosas, engraçadas. Você passou por alguma situação desse tipo?
Rafael – Precisei comprar um adaptador para o carregador do meu notebook. Eu não estava preparado para estudar num país de língua espanhola e sim de língua inglesa. E aí não conseguia explicar o que eu precisava em espanhol. O vendedor me mostrou a loja inteira até que eu resolvi explicar em inglês e então ele descobriu que o que eu precisava era de um "ladrón", nome dado ao tipo de adaptador que eu procurava.
Jogo rápido
Tá Ligado - Um lugar para se visitar na Europa?
Rafael – Adoro a cidade onde moro na Espanha, assim que gostaria de recomendar-la para o início de uma viagem ao país e Europa. Sevilha é uma cidade muito linda, com um patrimônio histórico incrível, com mais de dois mil anos de história, que foi duas vezes capital do Império Romano e que vale apena ser visitada. Claro tem muitas outras, mas ai deixo para uma próxima recomendação.
Tá Ligado - O que a Espanha tem de melhor?
Rafael – Para mim é o patrimônio histórico e cultural que hoje é muito bem explorado turisticamente.
Tá Ligado - O que a Espanha tem de pior?
Rafael – Não só a Espanha, mas pode-se estender isso para toda a Europa. Os países europeus estão cada vez mais se fechando para o mundo, no sentido de dificultar a entrada de pessoas no continente.
Tá Ligado - Em uma frase, o que você diria aquela pessoa que está partindo para estudar no exterior?
Rafael – Explore ao máximo a cultura nova para enriquecer a sua própria cultura, para entender melhor o mundo em que vivemos e ao mesmo tempo voltar com uma visão diferenciada do seu próprio país.
Ele está de malas preparadas com destino a Portugal. Nos planos, além da busca pelo conhecimento acadêmico, está a passagem por estádios de futebol (para conferir a Champions League), visita a outros países e claro, todas as atrações que o velho continente proporciona. João Vitor Mousquer, aluno do curso de Direito da UNIJUÍ, é um dos 9 acadêmicos da Universidade que embarcam para a cidade do Porto. Eles, juntamente com mais dois acadêmicos da UNIJUÍ, formam o mais recente time que, em setembro, inicia o intercâmbio e mostra que cada vez mais a UNIJUÍ está aberta para o mundo. Em entrevista ao Tá Ligado ele conta um pouco mais dos seu ponto de vista sobre essa história.
Tá Ligado - Desde quando pensa em fazer intercâmbio?
João Vitor - Desde o Ensino Médio. Me interessei pelo intercâmbio promovido pela AFS(se não estou equivocado quanto ao nome) mas não houve avanço. Desde os 16 anos tenho interesse em participar de um intercâmbio.
Tá Ligado - Por que a escolha pelo país de destino?
João Vitor - Como a intenção é aproveitar o máximo possível(se possível) do estudo realizado no exterior e sendo o período curto, a princípio 6 meses, um país onde a língua fosse idêntica, ou o mais parecida possível, favorece para que o objetivo seja alcançado. Quando me interessei em fazer um intercâmbio pela Unijui, em uma conversa informal com o Uli, da Secretaria de Assuntos Internacionais, havia duas alternativas, Portugal e Alemanha.
Tá Ligado - Qual foi o papel da UNIJUÍ para possibilitar o intercâmbio?
João Vitor - O papel da Unijui foi fundamental, visto que sem ela a possibilidade de ser um intercambista seria bem reduzida. Pelo menos nesse curto período de tempo. Concorremos "apenas" com colegas da Unijui, sem precisar passar por uma seleção internacional. Caso não houvesse a disposição e o interesse da Unijuí em nos proporcionar essa experiência, provavelmente teríamos que fazer uma seleção específica e, talvez, mais minuciosa por se tratar de uma seleção internacional. A Unijui abriu a porta para realizar esse intercâmbio. Ela, como bem se pos, é a gestora disso. Sem a Unijui talvez não conseguiríamos, ou seria muito mais difícil.A Unijuí já conhece seus alunos, mas a Universidade do Porto não. Ela está nos recebendo, de maneira tão rápida e com pouca burocracia, através do aval da Unijuí.
Tá Ligado - Qual é o grande sonho na Europa?
João Vitor - Aproveitar o máximo. Tanto a faculdade como o conhecimento para a vida. O grande sonho na Europa é uma adaptação fácil para viabilizar um possível mestrado e/ou doutorado. O sonho é abrir portas para uma opção futura, abrangendo o mercado de trabalho como um enriquecimento de vida.
Tá Ligado - Planos para depois do intercâmbio?
João Vitor - Terminar o curso e tentar aproveitar, o mais rápido possível, o conhecimento ou as influências conseguidas neste período na Europa. Mesmo sem ter ido ainda, uma possível volta ao exterior não pode ser descartada.
Tá Ligado - O que você deixa aqui no Brasil?
João Vitor - Deixo meu trabalho, meus colegas de aula e de trabalho, meus pais, minha noiva e meu cachorro.
Tá Ligado – O que essa experiência significa para sua vida?
João Vitor - Essa experiência significa a realização de um sonho. Muito provavelmente, se tudo ocorrer conforme o planejado, a concretização de um sonho. Como é antigo o desejo de morar fora do país, por um período, esse intercâmbio vem me fazer crescer mais, vem mudar algumas coisas, firmar outras tantas. Vem satisfazer uma vontade. A vontade de ser eu mesmo, sem nenhum conceito ou preconceito existente e oriundo de qualquer outra forma senão derivado das minhas reais atitudes. Significa a chance de aprofundar meus interesses no curso que escolhi. Significa ter orgulho desse feito e significa, se bem aproveitada e colhido bons frutos, ter um aprendizado que nada nem ninguém vai poder tirar de mim.
PS Final Tá Ligado - O João será um dos correspondentes Tá Ligado na Europa.
Após um período de sete meses no exterior, Regina conta como foi a experiência em um país distante, e dá dicas de como se dar bem na Europa
Regina Zanon trancou a faculdade de Psicologia por um semestre, para passar seis meses estudando e trabalhando em Londres e um mês viajando por países da Europa. O “Tá Ligado” conversou com Regina sobre sua viagem que iniciou no dia 13 de março de 2007.
Tá Ligado - Como surgiu a idéia de você passar uma temporada no exterior?
Regina - Meu irmão estava residindo em Londres (Inglaterra) e meu namorado em Bocholt (Alemanha). Acompanhar ambas experiências incitou minha vontade de vivê-las. Também, a intenção de viver coisas diferentes e distantes da minha realidade no Brasil, viver sem muitas garantias e a disponibilidade para isto intensificou minha vontade de passar uma temporada no exterior.
Tá Ligado - Você já tinha domínio da língua inglesa?
Regina - Fiz aulas em escolas de línguas anos antes e aulas particulares nos meses antecedentes a viagem. Eu até me comunicava, mas não dominava a língua inglesa.
Tá Ligado - Qual foram os procedimentos que você tomou para organizar sua viagem?
Regina - A experiência do meu irmão foi referência o tempo todo. Ainda no Brasil, matriculei-me em uma escola de línguas em Londres, na Callan School, aguardei a carta da escola comprovando minha matrícula e juntei com toda a documentação necessária para o pedido do visto de estudante no Reino Unido. Em poucas semanas, recebi retorno positivo da embaixada, sem maiores complicações.
Tá Ligado - Como foi o período de adaptação em um país com pessoas desconhecidas?
Regina - Hoje digo que foi engraçado. Chegando lá tive dificuldade de me comunicar, principalmente pelo acento do inglês. As coisas aconteciam muito rápidas lá, Londres é assim, sempre tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, e a minha rotina também mudava bastante: os afazeres, as pessoas, as palavras, os medos, desafios. Acho que a gente nunca realmente se adapta a país estranho, mas aprendemos a ficar tranqüilo por mais constrangedora que fosse a situação.
Tá Ligado - Você apenas estuda ou trabalhava também? Onde?
Regina - No meu primeiro mês trabalhei no restaurante de duas grandes feiras, no restaurante de dois hotéis, numa corrida de cavalo vendendo cerveja e num escritório. Enquanto isto fui entregando currículo em diversos lugares. No meu segundo mês lá comecei a trabalhar num café, onde fiquei até o dia anterior a minha saída de Londres. Foi uma grande experiência, trabalhar diretamente com o público é muito interessante.
Tá Ligado - Como era sua rotina?
Regina - Variada. Geralmente trabalhava de manhã e a tarde no café, almoçava lá. Depois, quando era liberada na metade da tarde, eu ia à aula. Dificilmente conseguia ir todos os dias da semana à escola, meus horários de trabalho variavam toda semana. E, nos finais de semana, sempre trabalhei.
Tá Ligado - Visitou outros países nesta etapa?
Regina - No meu terceiro mês lá fui visitar meu namorado, em Bocholt, Alemanha, juntamente com meu irmão e um amigo. Considerando a dificuldade de conciliar trabalhos com viagens, eu e meu irmão reservamos um mês, nosso ultimo fora do Brasil, para conhecer outros países. Ficamos 2 a 3 dias em cada lugar, o possível para conhecer os principais pontos turísticos. Visitamos cidades da Itália, França, Holanda, Espanha e Portugal. Ficávamos em albergues ou em casa de amigos.
Tá Ligado - Vale a pena trancar a graduação para tal experiência?
Regina - É uma decisão que precisa ser bem trabalhada. No meu caso, valeu muito. Um momento de parada na universidade foi muito interessante. Só minha experiência de trabalho já valeu a viagem.
Tá Ligado - Como foi o retorno ao Brasil?
Regina - Estranho. Tudo aquilo que eu tanto afirmava lá que sentia saudade daqui, me soou bem estranho. Demorei um tempo maior que o do avião para aterrissar. É inevitável voltar diferente e por isto nos primeiros dias fiquei um pouco perdida frente ao lugar que me esperava aqui. “Minha cabeça” funcionou muito.