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Depois de alguns meses fora de seu país a aluna de Psicologia da UNIJUÍ, Caiane Schneider, fala um pouco da sua rotina em outro país, distante da família e dos amigos. Acompanhe!
Desde a minha entrada para a graduação em Psicologia, sempre sonhei em cursar parte de meu estudo em outro país. Com o passar dos anos e o contato com alguns intercambistas, este sonho foi ganhando força. Com muita persistência foi possível encarar todos os passos para chegar até aqui e hoje percebo que toda a insistência valeu a pena.
Escolhi a cidade de Porto, em Portugal, como meu destino. De início, tudo era muito novo e diferente, levou um bom tempo para eu me acostumar com a nova cultura. Agora me sinto adaptada e quando estou fora de Porto, já sinto saudades da minha “nova casa”. O período de adaptação (universidade, língua, casa, comida, costumes, localização) foi lento. Porém, hoje já me parece normal algumas aulas começarem às 9h e outras às 16h, assim como, encontrar uma imensa variedade de peixes no mercado, “apanhar” o metro ou falar “pois”, “percebeste”, “secalhar” ou “ah, sério”.
Minha maior dificuldade foi quanto à adaptação com a Universidade. Sinto que, mesmo passados três meses, ainda estou no caminho. Estudo na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) e aqui a dinâmica das aulas é muito diferente. A língua foi um dos maiores empecilhos, pois eu não compreendia nada que era me falado no "português de Portugal", hoje, já nem reparo.
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Aos poucos, com os trabalhos em grupo, notei as principais diferenças, em especial, na organização e rapidez dos portugueses em iniciar os estudos. Aqui, sinto a necessidade de estudar três vezes mais do que antes, entre os motivos, principalmente a linha teórica adotada pela FPCEUP. E em meio a isto, procuro encontrar tempo para os novos amigos, os Erasmus. As vivências semelhantes aproximam os intercambistas, o que nos faz acolher e sermos acolhidos.
Sair de casa e ir para a Universidade, para a Ribeira, Aliados ou para os Jardins do Palácio de Cristal, são sempre motivações para os meus dias. A saudade do Brasil aumenta a cada semana que passo longe, mas estar aqui me faz sentir realizada. Estar em contato com oportunidades diferentes e com a facilidade de acesso à cultura, diversidade, nações, arte e lugares tão bonitos, é algo único! Voltarei com uma bagagem muito enriquecedora, com muita saudade, histórias e uma enorme vontade de retornar outras vezes para este solo. Espero servir de motivação para muitos que estão na dúvida sobre realizar um intercâmbio!
Obrigada UNIJUÍ, por proporcionar esta troca de experiências, aos amigos pelo apoio e incentivo e, principalmente, obrigada família, os meus passos também são os seus.
E para finalizar, deixo estes versos de José Saramago, grande escritor português:
“A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou na areia da praia e disse: “Não há mais o que ver”, saiba que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre."